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- Administração de Empresas -
Abril / 2004

2ª quinzena - Vagas no ensino superior
1ª quinzena -
Problemas na saúde


Vagas no Ensino Superior

            Conforme matéria publicada em 17/02/2004, na Agência Senado, a Comissão de Educação do Senado aprovou parecer favorável ao projeto do senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) que determina que 50% das vagas das universidades públicas sejam destinadas a alunos que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas, seja da rede municipal, estadual ou federal. A lei entrará em vigor no ano letivo seguinte à aprovação.

            Apesar de ser mais abrangente e de buscar amenizar um problema social, atendendo a maior parte da população estudantil carente, estendendo-se a todos os alunos mais necessitados e não apenas aos negros ou outra minoria específica, estará longe de atingir a raiz do problema cultural brasileiro.

            O problema deve ser atacado na sua origem para ser resolvido. E, sua origem está no ensino básico (antigos 1º e 2º graus, hoje, classificados como fundamental e médio), onde o ensino público é de péssima qualidade. Registre-se, entretanto, que algumas unidades educacionais públicas, em virtude da dedicação e abnegação de seu corpo docente, presta a seus alunos ensino de boa qualidade. Infelizmente, são raras exceções.

            Essa é a raiz do problema. O ensino público de base é de péssima qualidade. Por isso, é que os alunos, que por insuficiência de renda familiar são obrigados a freqüentar o ensino público, não conseguem entrar nas instituições públicas de ensino superior.

            Com esse perfil, o que se pode esperar do estudante brasileiro? Que acerte os chutes no vestibular e tenha uma redação melhor?

            Em nosso País, prosperou nos últimos anos a indústria do ensino. O ensino particular virou um grande e rentável empreendimento. Nos últimos 10 anos a indústria do ensino mais que triplicou suas unidades. Além disso, estudo recente do Dieese mostra que alta das mensalidades escolares é exagerada, mas, a mídia se encarrega de atrair os clientes, com um marketing cada vez mais atraente.

            A posição inverteu-se. Ao invés do aluno procurar uma instituição de ensino pela sua qualidade técnica e credibilidade, opta pela que oferece mais produtos secundários, deixando a qualidade de ensino de lado.

            A preocupação com a disseminação de conhecimento, formação da cultura do aluno, deu espaço para a preparação de atiradores que têm o compromisso único e exclusivo de marcar (X) na resposta certa, não precisando entender o porque. A capacitação técnica do profissional passou a ser preocupação das empresas que terão que realizar a qualificação que as instituições de ensino abdicaram.

            Restam apenas algumas poucas instituições de ensino superior que formam efetivamente o profissional. Dentre elas destaque-se o IME e o ITA que há décadas mantém ensino de qualidade e colocam no mercado profissionais capacitados.

            O Estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que os gastos com pagamento de mensalidades escolares quase dobraram nos últimos 7 anos. A alta acumulada foi de 94,52%, contra uma inflação medida pelo Índice do Custo de Vida (ICV) de 72,05%.

            As mensalidades das escolas de Ensino Fundamental aumentaram no período 94,06%, seguidas pelas do Ensino Médio, com alta de 93,82%. As mensalidades dos cursos universitários, que a indústria do ensino chama de investimento, mais que dobraram, alcançando 124,32% e, cursos diversos e pré-escolas, tiveram aumentos aquém da inflação, de 64,52% e 70,48%, pela ordem.

            Entre 1997 e 2003, a inflação acumulada no período foi de 69,48% e as mensalidades escolares foram ajustadas em 76,64%, portanto, superior em 7,16 pontos percentuais, a inflação no período.

            Isso, também, não quer dizer que o ensino básico particular é excelente ou muito bom. De maneira geral, todo o ensino básico (público e particular) está muito fraco e vem enfrentando um enfraquecimento cultural desde o advento da múltipla escolha e da aprovação automática para a série seguinte.

            Fruto disso, do empobrecimento generalizado da população brasileira e do descaso governamental com as diretrizes educacionais, podemos observar que os alunos de hoje não têm hábito de leitura (pouquíssimos lêem, no máximo, três livros, por período letivo), gerando uma população estudantil com dificuldades de expressão. Observe ao seu redor. A maioria dos adolescentes hoje está falando e se expressando de maneira errada, com excesso de gírias e expressões que significam várias coisas dependendo do assunto. Lembra-me bastante a comunicação tribal.

            Além disso, uma larga parcela de alunos tem na TV o principal meio de informação, onde as notícias são superficiais, não se interessando pela imprensa escrita, onde conseguiria informações mais detalhadas.

            Poucos têm acesso à Internet até pela própria condição social.

            O que esperar de um País, onde 10% dos lares mais ricos têm 70 vezes a renda dos 10% mais pobres?

            Os resultados das avaliações do ENEM e do Provão comprovam a deficiência do ensino básico, tanto público como o particular. A baixa qualificação do estudante é evidente. A escola particular, em sua maioria, prepara o aluno para acertar as questões de múltipla escolha, quando, o que deveria fazer, era preparar o estudante para ser um profissional bem sucedido. A escola pública não consegue nem isso.

            O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Anísio Teixeira - INEP encarregado de avaliar o desempenho das escolas no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, de 2003, apresentou como resultado os seguintes números: 1,3 milhão de participantes, média geral foi de 49,55 na prova objetiva, com 63 questões de múltipla escolha, e 55,36 na redação, numa escala de zero a 100.

            Na distribuição das notas da parte objetiva da prova, 49,4% dos participantes foram classificados de regular a bom (média de 40 a 70 pontos), 35,7% de insuficiente a regular (zero a 40) e 14,9% de bom a excelente (70 a 100). Na redação, 72,7% ficaram no patamar de regular a bom, 13,7% de bom a excelente e 13,6% de insuficiente a regular.

            Relativamente ao ensino superior, o INEP apresenta o seguinte resultado: das 26 áreas do conhecimento que participaram do provão (Exame Nacional de Cursos) em 2003, apenas duas obtiveram média geral acima de 50. Cinco áreas de conhecimento tiveram pontuação entre 40 e 50 e as demais, abaixo de 40. A menor média foi registrada em letras: 19,7.

            Os resultados do exame, que teve a participação de 5.897 cursos, revelam que: nenhum dos cursos alcançou média acima de 80 pontos e apenas 1,5% ficou na faixa de 60 a 80 pontos. Na faixa de nota entre 40 a 60, posicionaram-se 26,7% dos cursos, 58,2% de 20 a 40 e, em 11,9% a média ficou abaixo de 20. De acordo com a escala relativa, 14,5% obtiveram A, 12,8% B, 41,6% C, 16,7% D e 12,7% E.

            Participaram do provão 2003, 423.946 formandos dos cursos de agronomia, arquitetura e urbanismo, administração, biologia, ciências contábeis, direito, economia, enfermagem, engenharia civil, engenharia elétrica, engenharia mecânica, engenharia química, farmácia, física, fonoaudiologia, geografia, história, jornalismo, letras, matemática, medicina, medicina veterinária, odontologia, pedagogia, psicologia e química.

            Diante dos fatos não podemos nos calar ou fingir que está tudo bem. Temos que exigir uma melhora na qualidade da formação dos estudantes do ensino básico (fundamental e médio) e, principalmente na qualificação dos universitários.

            Você terá de coragem de confiar a sua vida a um profissional formado com estas notas? Confiaria a sua Empresa? Construiria sua casa?

            Este, também, é um dos motivos de encontramos, em nosso dia a dia, profissionais formados, de nível superior que, teoricamente, teriam condições de contribuir com o crescimento do País em suas especialidades, exercendo atividades que não exigem um maior grau de conhecimento, como ascensorista, coleta de resíduos, porteiros, auxiliares de escritório, vigia noturno, segurança, etc. Além disso, observe quando há concurso público para gari, auxiliar de algo. O número de candidatos com nível superior concluído é assustador.

            Algo mais efetivo deve ser feito do que, simplesmente, garantir acesso a universidade pública aos carentes. É preciso exigir qualidade de ensino.


Problemas na saúde

            O Sistema de Saúde no País está um caos.....

            Os hospitais públicos estão enfrentando sérias dificuldades para se manterem em atividade......

            A tecnologia empregada no tratamento de saúde está cada vez mais evoluída, eliminando longos períodos de internação, despesas médicas e riscos de insucesso nas intervenções cirúrgicas.....

            Essas são as principais notícias divulgadas na mídia televisiva sobre o sistema de saúde do País e, que se encontra também nos periódicos (jornais e revistas).

            De um lado, constata-se a evolução tecnológica da medicina e, de outro, a involução administrativa e financeira das instituições hospitalares.

            O que será que está acontecendo no Sistema de Saúde?

            Sempre que se fala do sistema de saúde brasileiro, ouvem-se lamentos e reclamações. Por parte dos profissionais de saúde que reivindicam melhor remuneração, por parte dirigentes das instituições hospitalares de que o Sistema Único de Saúde paga mal e com atraso, que os custos subiram, que não há investimentos na área em manutenção e atualização de equipamentos, etc., e, por parte da população que não consegue ter uma assistência médica digna e que não há leitos disponíveis para tratamentos e internação, que não há médicos para atender as consultas previamente marcadas, que não há remédios, etc.

            É o que se ouve de norte a sul, de leste a oeste.

            Para começar, temos que entender o que o Ministério da Saúde classifica como Sistema único de Saúde. O Administrador do sistema chama de Sistema Único de Saúde o conjunto de instituições hospitalares existentes no País, vinculadas ao Sistema Único de Saúde.

            Esse sistema é composto por uma grande quantidade e diversidade de instituições hospitalares, com características distintas e particulares a cada instituição especialmente no que diz respeito ao número de leitos disponíveis, existência e complexidade de serviços, perfil assistencial e capacidade de produção de serviços.

            Através da Portaria nº 2.224, de 5 de dezembro de 2002, o Administrador do Sistema, Ministério da Saúde, considerando, além de outras coisas, a análise do conjunto de características das instituições, busca semelhanças para estabelecer uma classificação e definir o grau de complexidade de sua gestão, o nível de responsabilidade sanitária e direcionamento assistencial.

            Desta forma, o Ministério da Saúde estabelece o sistema de Classificação Hospitalar do Sistema Único de Saúde, ordenando-os, de acordo com suas características, em um dos seguintes Portes, de acordo com a Tabela de Pontuação abaixo:

a - Hospital de Porte I - de 01 a 05 pontos;

b - Hospital de Porte II - de 06 a 12 pontos;

c - Hospital de Porte III - de 13 a 19 pontos;

d - Hospital de Porte IV - de 20 a 27 pontos. 

PONTOS POR ITEM

ITENS DE AVALIAÇÃO

PONTOS TOTAIS

A

N. º DE LEITOS

B

LEITOS DE UTI

C

TIPO DE UTI

D

ALTA COMPLEXIDADE

E

URGÊNCIA/

EMERGÊNCIA

F

GESTAÇÃO DE ALTO RISCO

G

SALAS

CIRÚRGICAS

 

1 Ponto

20 a 49

01 a 04

-----

1

Pronto Atendimento

-------

Até 02

Mínimo 1

 

2 Pontos

50 a 149

05 a 09

Tipo II

2

Serviço de Urgência/Emergência

Nível I

Entre 03 e 04

3 Pontos

150 a 299

10 a 29

------

3

Referência Nível I ou II

Nível II

Entre 05 e 06

Máximo 27

 

 

4 Pontos

300 ou mais

30 ou mais

Tipo

III

4 ou mais

Referência Nível III

------

Acima de 08

            Faça os cálculos.

            Verifique em que porte situa-se o hospital de sua cidade ou o hospital mais próximo.

            A grande maioria das instituições de saúde, existentes no País, estão situadas nos portes 1 e 2.

            Na portaria nº 2.225, de 5 de dezembro de 2002, o Ministério da Saúde, estabelece exigências mínimas para a estruturação técnica / administrativa das direções dos hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde.

            Como a grande maioria das instituições hospitalares estão situadas nos portes 1 e 2, onde a exigência de qualificação de um Administrador resume-se a um profissional de nível superior (não há especificação da área de graduação), com curso de aperfeiçoamento em Administração Hospitalar, com no mínimo 180 horas/aula, podemos começar a entender porque o sistema de saúde brasileiro encontra-se nessa situação caótica.


            Já, para as instituições classificadas como Portes 3 e 4 exige-se um p
rofissional de nível superior (também não há especificação da área de graduação), com 02 (dois) anos de experiência comprovada na função gerencial em unidade hospitalar, com curso de especialização em Administração Hospitalar, com no mínimo 360 horas/aula.


            Considerando que as instituições hospitalares, classificadas como 3 e 4, são entidades complexas, com alto grau interação com a sociedade (leia artigo publicado na 1ª quinzena de fevereiro/2004 – Sistemas Organizacionais), entendemos que a sua gestão deveria ser realizada por um Administrador altamente qualificado e experiente.

            Considerando, ainda, que um dos poucos cursos de formação de Administradores Hospitalares disponíveis no País tem uma carga horária de 2.880 horas, distribuídas em 4 anos, e que uma especialização para Gestão de Instituições de Saúde (Especialização Lato Sensu) possui carga horária de 360 horas/aula, poderemos concluir que apenas as instituições de saúde de portes 3 e 4 seriam, efetivamente, conduzidas por pessoas com alguma noção de Administração.

            Como sempre tenho afirmado, um Administrador profissional e qualificado têm competência para administrar qualquer tipo de empresa, seja ela uma mega indústria, uma pequena confecção, um comércio de bairro, uma prestadora de serviços, hospitais, casa de saúde ou clínicas.

            No caso especifico de hospitais e casas de saúde, o Administrador deve escolher em seu quadro de assessoria direta especialistas na área de saúde, se possível, em cada especialidade médica atendida pela entidade.

            Esse assessoramento é de fundamental importância para o sucesso da Organização e a escolha dos assessores é vital. (vide artigos “O Espetáculo do Crescimento ou Crescimento do Espetáculo”, da 2ª quinzena de outubro/2003, “O Recadastramento” – 2ª quinzena de novembro/2003, e “Fontes de Informação” – 1ª quinzena de março/2004).

            A hierarquização, vertical, horizontal ou mista, deverá ser definida.

            Que responda pela Área Médica, médicos profissionais e qualificados e pela Área Administrativa, Administradores profissionais e qualificados. Desta forma, poderá se reverter, a médio e longo prazos, a situação caótica em que se encontra o sistema de saúde brasileiro.

            Para ilustrar esse artigo, e reafirmar a importância de um Administrador Profissional para gerir as empresas, especialmente as instituições de saúde, trago um caso atual observado em um dos melhores hospitais de Curitiba (PR) – Capital Ecológica, com elevado padrão de qualidade de vida, segundo estatísticas oficiais, referência nacional e mundial em diversas especialidades médicas.

            Recentemente, um familiar com problemas de saúde teve de fazer uma cirurgia e ficou internado por quatro dias. Como me prontifiquei em acompanhá-lo, passei, também, quatro dias internado em um hospital. Ressalto que o hospital, em questão, é tido como um dos melhores da Cidade.

            Pois bem, nestes 4 dias, pude coletar informações que considerei importantes e podem de certa forma explicar o fracasso administrativo da grande maioria dos hospitais e casas de saúde no Brasil.

            Concordo que 4 dias é pouco tempo para se formar efetivamente uma base de dados confiável, mas, suficiente para se observar a falta de controle administrativo e a inexistência de procedimentos padronizados para as áreas de suporte da instituição.

            Certamente você já ouviu a expressão “a água escorre pelos dedos”. E, é isso que acontece nos hospitais e casas de saúde. Como as informações foram coletadas em uma entidade tida como modelo e referência nacional, podemos generalizar as conclusões.

            Estou me referindo às entidades ou empresas hospitalares, não aos profissionais médicos e, muito menos aos planos de saúde. Esses são muito bem remunerados e, não enfrentam dificuldades financeiras, somente as instituições de saúde têm esse problema.

            Interessante, não acham?

            Por que será que isso acontece? Quanto mais o patrimônio pessoal dos médicos aumenta, mais a entidade hospitalar sofre. Isso pode ser uma anomalia a ser analisada com maior profundidade. Na maioria das empresas o executivo recebe mais quando a empresa fatura mais (salário variável), porém, nas entidades hospitalares isso não ocorre.

            Na coleta de dados informais pude comprovar o que foi observado:

            Muito nos preocupa o posicionamento do Ministério da Saúde sobre a importância de se ter um profissional capacitado à frente das instituições hospitalares.

            Além disso, o Ministério da Saúde quando estabelece e aceita a qualificação, insuficiente e precária, de profissionais médicos para exercer cargos administrativos, colabora para a retirada de mercado de um médico que poderia estar salvando vidas.

            Nosso sistema de saúde está desabando por deficiência administrativa. Até quando?


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