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16 /
OUTUBRO / 2007
PATERNALISMO CORPORATIVO
Por
Tom Coelho (*)
"Onde
quer que
você
veja um
negócio
de
sucesso,
pode
acreditar
que ali
houve,
um dia,
uma
decisão
corajosa."
(Peter
Drucker)
O fenômeno é observado geralmente em pequenas empresas. Um funcionário recém-admitido, ao término de sua primeira semana de trabalho, vai ao encontro do diretor. Adentra a sala meio cabisbaixo, trazendo nas mãos contas de luz e água atrasadas, e a notícia: o corte no fornecimento não passa do dia seguinte.
Desempregado que esteve nos últimos meses, sente-se hoje feliz com a oportunidade de trabalhar. Mas como as despesas familiares não dão trégua e dinheiro emprestado é mercadoria escassa, não vê alternativa diferente de solicitar ao patrão um adiantamento salarial.
O empresário recebe as tais contas, acessa a internet, faz o pagamento e imprime os comprovantes. Aquela agonia acabou. Um motivo a menos para angústia.
Mas o que denota uma ação admirável e até socialmente responsável, pode simbolizar um preocupante padrão de conduta na gestão dos negócios: o paternalismo corporativo.
O empresário ou executivo que faz da exceção uma regra, atendendo a todas as demandas de sua equipe, coloca em risco a perenidade e o sucesso do próprio negócio. Neste processo, cargos e funções atribuídos deixam de ser respeitados, metas carecem de ser cumpridas, resultados ficam comprometidos. Decorre um natural relaxamento e acomodação, redução de responsabilidades, perda de produtividade, ausência de empenho.
A postura assemelha-se a de um pai superprotetor, que acolhe os filhos, enlaçando-os e reconfortando-os diante das dificuldades, tomando-lhes a frente em todas as decisões. Acreditam estar, desta forma, contribuindo com sua formação, sem perceber que os está privando do aprendizado necessário, da experiência que precisa ser vivida, da dor que pede enfrentamento para fortalecer e elevar.
Este paternalismo pode representar metas de vendas não atingidas por sucessivos meses, sob a alegação de que o mercado está em momento adverso ou porque a conjuntura econômica é desfavorável, quando o problema pode estar na equipe que deveria ser substituída. Pode significar problemas de qualidade no processo produtivo justificadas pela procedência das matérias-primas ou por mau uso dos clientes, quando os padrões e procedimentos deveriam apenas ser seguidos. Pode expressar colaboradores desmotivados justificando insatisfação com a remuneração ou a política de benefícios, quando há carência de profissionais com orgulho de pertencer.
Aos
gestores
que se
identificam
dentro
deste
perfil
vale
meditar
sobre o
porquê
de tal
comportamento.
Pode ser
fruto de
insegurança,
sinalizando
o
imperativo
da
aceitação
e do
reconhecimento,
ou
reflexo
de
arrogância,
característica
dos
orgulhosos
que se
acreditam
donos da
palavra.
Para os
primeiros,
falta-lhes
a
iniciativa;
aos
segundos,
a
humildade.
Para
todos,
recomenda-se
tomar
decisões
com
coragem,
sem
confundir
apoio
com
subserviência,
pois as
conseqüências
podem
ser a
paralisia,
o atraso
e a
falência
da
atividade
empresarial.
(*) Tom Coelho,
publicitário e palestrante, foi colunista titular do Portal Brasil por
alguns anos - Seu site:
www.tomcoelho.com.br
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