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16 /
SETEMBRO / 2007
O BOLERO DE RAVEL E A
ADMINISTRAÇÃO
Por
Rubens Fava (*)
Maurice Ravel
nasceu em Ciboure no dia
07 de março de 1875. Ele
deve a seu pai sua
iniciação no universo
musical. Entrou no
conservatório de Paris
em 1889.
Dois anos depois
conseguiu o segundo
prêmio de Roma com sua
cantata Myrrha.
Construiu uma carreira
de sucesso, embora,
muitas vezes seu humor
peculiar, cuja
agressividade mascarava
uma profunda ternura,
nem sempre era entendido
pelo grande público.
No início da
Primeira Guerra
engajou-se como
motorista, mas sua saúde
frágil, e mesmo contra
sua vontade, obrigou-o a
desmobilizar-se em 1917.
Em 1919 retomou
um antigo projeto, um
poema coreográfico que
denominou de La Valse.
Em 1920 optou pelo
isolamento instalando-se
num lugarejo chamado
Montfort-I’ Amaury, a
casa onde morou foi,
posteriormente,
transformada em museu.
Neste mesmo ano
suas composições, em
especial a Sonata para
violino e violoncelo,
começava a revelar ao
mundo um compositor
despojado, mais austero
e mais aberto ao encanto
harmônico, segundo ele
próprio.
Ravel compôs o
seu bolero em 1928, com
ele deu a volta ao mundo
atuando como regente em
consertos nos USA,
Londres e em toda a
Europa. Suas
apresentações sempre lhe
premiavam com uma
acolhida triunfal.
Como tudo
começou?
Em 1927 a
dançarina Ida Rubinstein
estava preparando um
novo espetáculo e pediu
a Ravel que orquestrasse
algumas páginas do
compositor Albeniz. Na
verdade ela fizera este
mesmo pedido a um outro
músico e Ravel decidiu,
então, compor uma obra
nova e escolheu o
bolero, atraído, pelo
que tudo indica, pelo
seu ritmo repetitivo e
sua simplicidade
melódica.
O “Bolero” é uma
sutil mistura de
folclore e de grande e
genial inspiração.
Toda a peça
consiste em dezoito
compassos ao longo de
uma folclórica melodia
espanhola em rítmico de
bolero,
ininterruptamente
repetida. É somente a
instrumentação que numa
contínua repetição se
torna cada vez mais
vigorosa, mais
concentrada, aumentando
também o volume
correspondente.
Dentro desta
simples orientação, a
obra leva a cabo um
incrível, persistente e
crescente “suspense” que
próximo ao final
diligencia descarregar
por intermédio de uma
repentina, e de forma
idêntica, rápida mudança
de tonalidade, antes do
real clímax ser atingido
pelo vivo final.
É na verdade, um
teste de habilidade para
o regente que com a
orquestra tem de manter
uma poderosa e uniforme
linha sem interrupção em
toda a extensão da obra.
Ravel foi
bastante ousado.
Tanto é que na
primeira apresentação os
próprios freqüentadores
da Ópera também ficaram
surpreendidos. Eram
dezessete minutos de um
longo e progressivo
crescendo, a ponto de
alguém da platéia
exclamar; “é um louco!”.
Segundo Ravel esta era a
prova de que, pelo menos
esta pessoa, havia
compreendido sua obra.
Era noite de 22
de novembro de 1928 e
este mesmo público, no
entanto, assistira ao
nascimento de uma das
páginas mais célebres da
literatura orquestral do
século XX, uma obra que
a princípio, nem mesmo
Ravel acreditara.
Você deve estar
pensando, o que tem a
ver o Bolero de Ravel
com administração.
Calma, vamos aos
fatos.
Tanto a música
como a administração são
compostos por elementos,
estes elementos são a
parte mínima de cada um.
Na música esses
elementos são as notas
musicais que quando
combinadas em diversos
instrumentos de certa
forma dão origem a uma
melodia. Já na
administração esses
elementos são as
diversas variáveis que
integradas formam um
modelo, uma forma de
gestão.
Na música nos
ficamos parados e os
elementos (melodia)
passam pela gente,
enquanto na
administração temos que
ir em busca destes
elementos, trabalhando
cada um deles, para
formar um modelo de
gestão.
Isto significa,
que na música os
elementos não se alteram
e qualquer músico irá
executar sempre a mesma
melodia, na
administração não, cada
um compõe, integrando
cada um dos elementos da
administração, a sua
própria melodia.
É por isso, que
não existe uma maneira
certa de administrar,
como dizia Joan Woodward,
tudo depende.
Imagine você
sentado em uma sala de
concerto, com a
orquestra distribuída à
sua frente...
Esse conjunto
razoavelmente grande de
instrumentos não é, em
absoluto, um agrupamento
ao acaso dos elementos
disponíveis, como em uma
empresa, a orquestra
também tem seu
lay-out.
Na verdade
trata-se de uma unidade
altamente organizada e
equilibrada, composta de
quatro naipes ou
famílias de
instrumentos.
Normalmente na
frente está o regente,
depois vêm os
instrumentos de cordas,
logo atrás os
instrumentos de madeira,
em seguida os metais e
por último os
instrumentos de
percussão que se
localizam lá no fundo da
orquestra.
Os instrumentos
de cada naipe
compartilham certas
características comuns à
família, como na empresa
onde cada departamento é
dividido de acordo com
as tarefas comuns e
similares.
A localização dos
naipes da orquestra na
plataforma de concerto
obedece a uma razão
prática. Por causa das
características comuns a
cada família, os
instrumentos de cada
naipe são dispostos lado
a lado ou um atrás dos
outros formando grupos.
A plataforma é
construída em planos
sucessivamente elevados
e os naipes são
dispostos de forma a
proporcionar um
equilíbrio e uma
combinação dos variados
sons e timbres
intrumentais.
Em uma linha de
montagem ou em qualquer
departamento de uma
empresa os lay-out não
são definidos de forma
aleatória, ao contrário,
são feitos estudos para
posicioná-los a fim de
oferecer melhores
condições no ambiente de
trabalho e
consequentemente
proporcionar uma maior
produtividade da equipe.
Ganhdi costumava
dizer que líder não é
quem vai à frente, mas
quem vai atrás apontando
os caminhos.
A visão de
liderança tem mudado
muito nas empresas, que
hoje trabalham com
equipes menores e mais
especializadas, trocando
as ordens por uma maior
delegação de tarefas e
inter-relações humanas.
A orquestra
também trabalha assim.
Se você prestar
atenção no Bolero de
Ravel irá perceber que
ele começa exatamente
com os tambores que
estão localizados na
cozinha da orquestra e
durante todo o
desenvolvimento da
melodia eles vão ditando
o ritmo e a cadência
para todos os
instrumentos que vão
somando à música.
Outra analogia
que podemos fazer com o
Bolero é que ele tem uma
seqüência e uma melodia
que se repete ao longo
de todo o seu
desenvolvimento e à
medida que vai se
desenvolvendo, vai
agregando instrumentos,
começando pelos
instrumentos de
madeiras, flauta
clarinetas e fagotes,
logo em seguida
juntam-se os
instrumentos de metais,
trompa, trompetes, oboés
e saxofones e terminam
em uma apoteose com
todos os instrumentos
repetindo a melodia ao
mesmo tempo, eu diria
que este é o produto
final do Bolero de
Ravel.
Em uma empresa
não é diferente.
Cada
departamento, cada
seção, cada grupo, cada
indivíduo vai agregando
valores a um produto
e/ou serviço até chegar
a um produto final que é
oferecido ao mercado.
Para isso é
necessário buscar
constantemente harmonia,
integração e sinergia
entre as diversas áreas.
Assim como na
empresa, na orquestra
também não é diferente,
se as equipes não
estiverem integradas o
som não é o mesmo, o
feedback deve ser
simultâneo e o
treinamento constante
para que o produto final
seja bom.
Perceba que,
apesar de o Bolero ter
uma harmonia que se
repete o tempo todo,
cada instrumento que vai
se inserindo o faz de
forma harmônica
agregando valor e
tornando a melodia mais
forte e mais
consistente.
Como
administrador você terá
como desafio construir o
seu bolero.
É por isso que a
Administração é uma
ciência fascinante, não
existem fórmulas
pré-definidas, não
existem respostas
fabricadas você tem que
construir dia a dia em
parceria com sua
orquestra, que são cada
um de seus
colaboradores, uma obra
prima que não é finita,
isto significa que, como
no Bolero de Ravel, você
tem que ir acrescentando
a cada dia mais e mais
elementos.
Que tal comemorar
o dia do Administrador
ouvindo o Bolero de
Ravel acompanhado de uma
saborosa taça de
champagne?
(*) Rubens Fava é formado em Ciências Econômicas e Administração com ênfase em marketing, especialização em Productivity Improvement pelo JPC – Japan Productivity Center for Sócio-Economic Development – Tókyo - Japan, mestre em Administração pelo ESADE de Barcelona ES e doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - USFC. Essa matéria está originalmente no site "Administradores" - www.administradores.com.br
PROIBIDA A REPRODUÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA POR ESCRITO
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