COLUNA
DE 16 DE ABRIL
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Nessa quinta-feira, dia 15 de
abril, a organização do Festival de
Cannes divulgou os filmes que competirão na
próxima edição, além daqueles que serão
exibidos em sessões especiais. O júri
presidido pelo esquisitão Tim Burton
escolherá os premiados entre os novos filmes
de Mike Leigh, Alejandro González Iñárritu,
Abbas Kiarostami, Nikita Mikhalkov, Bertrand
Tavernier, Takeshi Kitano e outros, como
Mathieu Amalric, mais conhecido por seu
trabalho como ator. Na mostra Un Certain
Regard, destaque para o jovem romeno
Cristi Puiu – conhecido por A Morte do
Sr. Lazarescu (2005) – e para o veterano
Jean-Luc Godard, além, é claro, de Manoel de
Oliveira, do alto de seus 101 anos. Fora de
competição, Woody Allen, Stephen Frears e
Oliver Stone exibirão seus últimos
trabalhos. A magnífica atriz britânica
Kristin Scott Thomas, que cruza o Canal da
Mancha com muita freqüência e propriedade,
emprestará seu charme às cerimônias de
abertura e encerramento. Diante de tão
inspirada escolha, é ainda mais lamentável
que tenham selecionado Robin Hood, de
Ridley Scott, como filme de abertura.
Seria muito melhor projetar uma versão
restaurada de As Aventuras de Robin Hood,
clássico de 1938 estrelado por Errol Flynn.
*
Também
ontem foi o vigésimo aniversário da
morte de uma das estrelas mais misteriosas
da Era Dourada de Hollywood, a grande diva
Greta Garbo. Muita gente não sabe que Garbo
parou de atuar no início da década de 40. A
dama que havia dado vida a Mata Hari, Ana
Karênina e à Dama das Camélias se mudaria
para New York, onde viveria reclusa,
aumentando ainda mais o glamour associado a
seu nome. Alguns grandes diretores e
produtores tentaram em vão fazê-la mudar de
idéia. Esse é mais ou menos o mote de
Fedora, livro escrito por Tom Tryon que
se transformaria no penúltimo filme de Billy
Wilder, roteirista de um dos grandes
sucessos da atriz, a deliciosa comédia
Ninotchka (1939), dirigida pelo gênio
Ernst Lubitsch. A reclusão da atriz
também foi tratada no filme Garbo fala
(1984), de Sidney Lumet.
Nunca saberemos a inteira verdade por trás
do mito Greta Garbo e talvez seja melhor
assim. Permanecendo esse grande enigma, ela
adquiriu uma importância que talvez não
conseguisse de outro modo num mundo cada vez
mais deselegante.
Por Túlio Sousa Borges,
[email protected].