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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

NOTAS SOBRE LANÇAMENTOS

            Stephen Frears na direção é garantia de um filme no mínimo interessante. Seu novo trabalho, Chéri (2009), uma comédia dramática – até mesmo trágica, não foge à regra. No início do século XX, durante os derradeiros dias da Belle Époque, Lea de Lonval, cortesã de meia-idade vivida por Michelle Pfeiffer, envolve-se amorosamente com o jovem filho de uma antiga rival. Lea ainda é muito atraente, mas começa a sentir o peso dos anos e sabe que sua beleza chegará ao fim. Uma adaptação de dois romances da francesa Colette, o filme também consegue ser uma espécie de versão feminina de Morte em Veneza. Profundo, concebe o amor dos protagonistas como um perverso sentimento de dependência psíquica. Além disso, recria com sagacidade o espírito da época, constituindo, assim, um palco no qual a música essencialmente banal de Alexandre Desplat adquire, por fim, sentido.

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            Mel Gibson é um péssimo diretor, de extremo mau gosto. Como ator, porém, e embora limitado, tem lá suas qualidades. Depois de muitos anos, Gibson volta a protagonizar um filme e está muito convincente como um policial de meia-idade que tenta vingar o assassinato da filha em O Fim da escuridão (Edge of Darkness, 2010), adaptação de uma bem-sucedida série da BBC nos anos 80. Infelizmente, o filme deixa a desejar. Vilões corporativos, intrigas nas altas rodas da política, traição, paranóia. Nisso tudo, mas sobretudo na confusão dramática e na falta de imaginação, o filme acaba lembrando outra pobre adaptação de uma série televisiva, Intrigas de Estado (State of Play, 2009) e ainda consegue ser inferior no quesito entretenimento. Das piores perdas de tempo.

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            Frederico Fellini era fascinado pelo circo e por vaudevilles. Essa paixão serviu-lhe de inspiração para alguns dos filmes mais profundos de que se tem notícia. Originalmente uma peça da Broadway, Nine (2009), dirigido por Rob Marshall (Chicago, Memórias de uma gueixa), faz mais ou menos o procedimento inverso, ou seja, inspira-se em Fellini (não apenas no maravilhoso , a referência mais óbvia) para criar um vaudeville contemporâneo. Diante disso, é no mínimo curioso observar críticos com pouco ou nenhum conhecimento de cinema europeu e de cinema como Arte condenarem o filme de Marshall porque ele é inferior ao “original”de Fellini. O que eles não entendem é que não dá para levar Nine tão a sério. O filme não é apenas um musical que homenageia o gênio italiano; é, a um só tempo, mais e menos do que isso. Acho inclusive que não deveríamos chamá-lo de filme. Trata-se mais propriamente de um show de música e de moda. (Quem interpreta a Saraghina é Fergie, moça que se exibe vulgarmente em uma das piores bandas da atualidade, os Black Eyed Peas.) Freqüentemente superficial e excessivo, além de ocasionalmente vazio, Nine é entretenimento sofisticado, sensual e muito agradável, abrilhantado pelo impressionante desempenho de Daniel Day-Lewis no papel do cineasta italiano que passa por uma crise criativa e existencial. O ator sabe mergulhar como ninguém em suas personagens e está aqui cercado de beldades do cinema. Entre elas, destaca-se a francesa Marion Cotillard, que interpreta a esposa traída, o mais importante papel feminino da produção. A cada novo trabalho, essa magnífica atriz demonstra seu talento. É, sem dúvida alguma, uma das melhores descobertas dos últimos anos.

                             

Por Túlio Sousa Borges, [email protected].

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