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C  I  N  E  M  A
C R Í T I C A

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ATUALIZAÇÕES QUINZENAIS


TÚLIO SOUSA BORGES, Colunista de cinema do Portal Brasil - www.portalbrasil.net

COLUNA 01 DE MARÇO

            An Education (2009), dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig, chega a lembrar O Leitor (2008) pela maneira que trata o caso entre um adulto e um adolescente. A estória se passa em 1961, na Inglaterra, e nesse caso o adolescente é uma inteligente garota chamada Jenny. Aos dezesseis anos, ela é bastante curiosa. E louca de vontade de descobrir o mundo e aprender, detecta um conformismo sufocante ao seu redor, especialmente no caso de supostas autoridades, como seus pais – provenientes de classes trabalhadoras – e sua professora.

            Entediada, Jenny se deixa seduzir pelas últimas modas (existencialismo, canções francesas, e.g.) e, eventualmente, pela agradável conversa de um charmoso homem mais velho, David (Peter Sarsgaard). Ele apresenta-lhe concertos de música clássica (desaprovados pelo filisteu pai da menina, apesar dela tocar o violoncelo), além de bares de jazz, leilões de arte e  um casal de amigos. Jenny acha as soirées infinitamente estimulantes, aprendendo muito do sofisticado trio, e acaba se tornando a namorada de David. Gradualmente, no entanto, ela descobre que seus novos amigos não passam de vigaristas que ganham a vida se aproveitando de pobres senhoras – quase como o colorido grupo de A Trapaça (Il bidone, 1955), um dos primeiros filmes de Fellini. Inicialmente desapontada, ela decide permanecer com eles, mas acaba sofrendo uma desilusão amorosa que partirá seu coração e a colocará de volta nos trilhos, por assim dizer.

            A princípio interessante (apesar dos defeitos), o filme cai gradualmente na mediocridade. A vida pode ser uma professora severa, e ela castiga Jenny por sua ambição. Mas ainda que aprenda importantes lições, essa esperta garota parece tirar algumas conclusões erradas de sua malfadada experiência. No fim do filme, é como se os conformistas tivessem razão desde o princípio e a respeito de tudo. É claro que parte da culpa se deve à abordagem pop do roteirista Nick Hornby. A fita é incapaz de fazer justiça às incomuns virtudes de Jenny. Se Onde vivem os monstros (2009) confunde um garotinho perturbado com uma criança normal, An Education trata Jenny como se ela fosse uma adolescente comum, algo que ela definitivamente não é. Além disso, ainda que lide com a natureza essencialmente erótica do aprendizado (ver O Banquete, de Platão), não consegue compreendê-la adequadamente. No fim das contas, é preciso mais do que um autor pop para tratar de educação liberal.

*

Cine Academia, de mal a pior -  e por falar em educação, já faz algum tempo que os responsáveis pelo Cine Academia – na Academia de Tênis, em Brasília – parecem empenhados em espantar o público. Quem não se deparou com os atrasos e as imensas filas na bilheteria – provocadas, é claro, pelo pequeno número de caixas disponíveis? Ou com os erros de projeção, as cópias defeituosas, as fracas opções do café? Sem mencionar os funcionários despreparados, quando não insolentes. E se a imundície das salas não é exclusividade do Cine Academia, foi lá que encontrei – durante minha cobertura do último FIC – uma lâmina de estilete na poltrona. Lamentavelmente, tudo isso combina com o perfil do brasiliense, que ainda não aprendeu a exigir serviços de qualidade.

            Pois bem, já estava passando da hora de corrigir esses problemas. Porém, como se tudo isso não bastasse, o Cine Academia resolveu ficar ainda pior. Faz mais de dez anos que freqüento o local e, apesar de algumas insatisfações, nunca me haviam impedido de comprar a meia-entrada de minha acompanhante sem a apresentação do documento correspondente. Até esse final de semana, isto é. Agora é preciso apresentar na própria bilheteria – e não na entrada da sala - o documento que dá direito à meia-entrada. Logo na bilheteria, onde se reúne o público de todas as salas do complexo, em filas que já não eram pequenas. Num flagrante desrespeito ao cliente, a idéia é tacanha não apenas do ponto de vista aritmético, mas principalmente do ponto de vista comercial. Ora, ao invés de complicar a vida dos espectadores, o estabelecimento deveria facilitá-la. O que deveria ser uma experiência prazerosa acaba se tornando uma dor de cabeça.

Pense bem: uma família de cinco pessoas resolve ir ao cinema. É natural que apenas uma delas compre os ingressos, enquanto os outros têm tempo de ir ao banheiro, comprar pipoca, etc. Só um completo idiota esperaria que todas as cinco ficassem de prontidão na fila da bilheteria só para apresentar os documentos; ou que aquela que fosse comprar os ingressos ficasse segurando as várias carteirinhas. E isso, é claro, se todas as pessoas tivessem chegado juntas ao local. Quantas vezes você não combinou de encontrar sua companhia ali mesmo, na entrada dos cinemas? Imagine que um dos dois só possa chegar em cima da hora. Ah, mas infelizmente o senhor não pode comprar a meia-entrada de seu amigo ou namorada porque não está com a carteirinha dele. Simplesmente ridículo. 

Por essa ultrajante violação do bom-senso, o Cine Academia merece uma sonora vaia.

Por Túlio Sousa Borges, [email protected].

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