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M O T I V A Ç Ã O   &   E M P R E E N D E D O R I S M O
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Dra. DENISE AMARALE O PROBLEMA, ONDE ESTÁ?
Por Denise Amaral (*)
           

No início, era o caos. Parece que, de repente, após tanta evolução e tanto desenvolvimento, fechamos o círculo e voltamos ao caos. As pessoas estão constantemente pressionadas pelo que têm que fazer, os problemas que precisam resolver, os objetivos que devem alcançar... Espera-se muito de todos o tempo todo, e o que é mais difícil, o que é bom para um deve se adaptar perfeitamente ao que é bom para os outros para não haver conflito de interesses e, pasmem, mais problemas. Claro que o resultado não pode ser outro além do caos.

Vidas e interesses se entrelaçam o tempo todo, tecendo a história e criando muitos nós ao longo do caminho, alguns bem difíceis de desmanchar. E por mais que as pessoas tentem manter certo equilíbrio a favor de seus familiares, amigos ou de seu trabalho, fatores externos interferem no sistema e conseguem comprometer a mais sólida das estruturas.

Sociedades complexas enfrentam problemas complexos, mas modelos simples têm as suas dificuldades também. Quando nos comparamos aos outros, parece que estamos sempre em desvantagem, com problemas maiores, mais sérios, e de conseqüências mais graves. O peso do mundo está todo apoiado em nossas costas, fazendo com que nos esforcemos ao ponto da exaustão, sem ter, no entanto, qualquer resultado satisfatório.

A velha saída de procurar enxergar o lado bom das coisas não funciona muito para quem já está curvado sob o peso de seus problemas, e só consegue enxergar o chão, com toda a sua sujeira e toda a sua limitação – sem contar a dor insuportável no pescoço! Não é à toa que tantas e tantas pessoas se entregam totalmente ao stress, e deixam que seu corpo tome a frente das situações difíceis (difíceis?!?!), somatizando as preocupações e transformando-as em úlceras, enxaquecas e depressão. Mas isso não soluciona problemas, apenas cria novos focos de apreensão.

Simplificar a vida – será que isso é mesmo possível?

Todas as minhas pesquisas sobre sociedade, psicologia, educação e comportamento, durante anos de estudo, muita leitura e extensa observação apontam em uma direção – podemos não ter controle sobre os acontecimentos, mas podemos controlar a forma como reagimos a eles.

Mas como controlamos as nossas reações???

Nossas respostas aos estímulos são automáticas, imediatas. Como tudo nesta geração. A idéia de “esperar um pouco” está sendo rapidamente relegada a um passado ultrapassado, apesar de não muito distante. Pais e educadores tentam transmitir à mente das crianças o conceito “espera” – elas fazem algo positivo e têm que esperar um pouco pelos benefícios daí resultantes – como forma de combater um pouco o impacto com que a necessidade de respostas imediatas está afetando a personalidade e o comportamento de todos. Algumas coisas simplesmente levam tempo para acontecer, e devemos estar psicologicamente preparados para esperar, sob pena de não conseguirmos nos adaptar aos ritmos e às regras da natureza.  A tecnologia, apesar de todos os seus benefícios, se utilizada sem critérios ou limites pode acabar nos transformando  em alienígenas vivendo em nossa própria terra, lutando, com dificuldade, para que o mundo funcione da forma que queremos, no ritmo exato que determinamos – receita certa para o desastre total.

Quando damos a uma criança de 3 anos um brinquedo de montar  adequado a uma criança de 7, tudo o que conseguimos é frustrá-la.  Estamos exigindo algo que ela ainda não é capaz de nos dar. Não porque não queira, ou porque não seja capaz – apenas porque ainda não está preparada.  Apresente-lhe o mesmo brinquedo em 4 anos, e ela conseguirá montá-lo com facilidade. Este mesmo brinquedo, utilizado no momento certo, será motivo de satisfação e alegria, aumentando a auto-estima e a confiança que a criança terá em sua capacidade de solucionar problemas.

Somos, todos nós, como crianças em diferentes fases do nosso desenvolvimento – profissional, emocional ou psicológico. Estamos sempre enfrentando novos desafios e aprendendo coisas novas. E por vezes não estamos preparados para toda a carga de responsabilidade e pressão que é despejada sobre nós. E quando nos sentimos soterrados pelos problemas temos que respirar fundo, e tentar resolver um deles de cada vez. Se nos deixamos levar pela impressão de que nada pode esperar e que tudo exige uma solução imediata, é muito possível que nos entreguemos ao descontrole e ao desespero total – e aí nenhum dos problemas terá solução em tempo algum.

Somos parte da natureza, e ela tem seu ritmo. Uma lagarta não se transforma em borboleta em um par de horas apenas porque “precisamos” que seja assim. E as pessoas precisam comer, precisam descansar, precisam de um tempo para seu lazer, precisam de oportunidades para se conectar com seus familiares e com seus amigos – não somos máquinas que, simplesmente, não podem parar, e devem produzir no ritmo máximo de sua capacidade.

Muitas vezes, somos nós a exigir de nós mesmos um resultado que queremos, mas não podemos dar. Uma performance que idealizamos, mas para a qual não estamos preparados.

Devemos respeitar nossos próprios limites para que possamos expandi-los. Esticar o elástico aos poucos para que não arrebente. Com otimismo, alegria, bom humor e muita confiança em Deus. Porque lutar sozinho é sempre muito mais difícil.

É melhor administrar os problemas e tentar resolvê-los aos poucos do que criar um problema maior, de solução mais demorada e muito mais difícil. As pessoas inteligentes e altamente capazes devem adicionar prudência à sua lista de qualidades, para que esta lista cresça sempre e permaneça operacional por muitos anos de grandes obras e realizações – e não se transforme antes do tempo em um punhado de letras frias cravadas para sempre em um pedaço de pedra.

(*) Denise Rodrigues do Amaral é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista em comunicação e produtividade.
É autora do livro "Crianças podem voar", publicado pela Editora Internacional e possui mais de 400 editoriais publicados na área de relacionamento no trabalho.

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