Sonho com
o abraço de irmãos,
com o sorriso das crianças
pelo quintal aprontando
travessuras, brincadeiras.
Saudade das festas das casas,
do almoço dos dias
e dos fins de semana
e a feliz algazarra
de retumbante alegria.
Quero um amor infindável
pra findar a ventania
que assoprou para longe
minhas pueris fantasias
de carrosséis e cochichos,
casa sem televisão,
meninos deitados no chão
inventando nomes estranhos
gargalhando sem cessar,
na grama verde jogados
nas quentes noites de verão
nas estrelas afogados
e papai pulando o portão.
De tantos planos fraternos
que fazíamos a dois e a três,
e a dez, às vezes seis
até que um dia se fez
onze, Saracura, e eis
entre grandes e pequenos
o castelo despencou!
Qual foi o monstro que veio
e roubou os nossos sonhos?
Foi o boi da cara preta,
papa-figo, lobisomen?
ou foi malfeito dos homens?
As crianças que nós fomos,
por onde elas se escondem?
Se os bichos não nos pegaram,
neles, nós nos transformamos?
Quero novamente agora
minha casa de telha-vã,
minha infância inocente,
para ser de novo a gente
de coração sem maldade,
começar tudo de novo.
Quero meus irmãos de volta,
minha família, meu povo! |
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