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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"

EPÍLOGO (Capítulo XXIX) - 16.08.2011
Por Juliana Ximenes
(*)

         Bom, a história continua... e ainda não teve uma conclusão definitiva, mas sem mais delongas, vou em itens, resumir os fatos seguintes ao encontro até o presente momento, finalizando a narração:

         Os momentos que passei em Lahore foram alguns dos melhores da minha vida. Inicialmente havia planejado quatro dias que se tornaram nove, e que por mim poderiam ser ampliados indefinidamente;

         Pouco conheci da cidade - passei todos os dias praticamente 'internada' no quarto do hotel (sem malícia, hein!), salvo quando a querida Cintia me resgatava para fazermos compras;

         Passei muito mal durante cerca de três dias,- ainda que tenha tido todos os cuidados possíveis com a minha alimentação (me perdoem os adoradores da culinária paqui-indiana, mas eu ODEIO comida esquisita e apimentada);

         Abracei, beijei, apertei, abracei e beijei de novo e de novo meu Hathi querido;

         Falei todas as coisas que penso e sinto, ouvi dele também, discutimos diferenças, celebramos afinidades, chegamos a alguns acordo, adiamos algumas interrogações;

         Encontrei amigos queridos, com direito a polêmicas - (certo dia me vi fechada no quarto de hotel com três homens!) - Lahore em choque!

         Comprei todas as 'bangles' de vidro do mundo;

         Ri muito das coisas absurdas que presenciei e vivi;

         Chorei muito... na hora de ir embora, quase que não volto... fiquei mega arrasada de não poder abraçar, apertar, beijar no aeroporto e me despedir aos prantos dando 'tchauzinho' à distância.

         Faz dois anos que retornei, e a sensação é a de que já faz mais de meio século. A saudades é angustiante, a incerteza ainda é um fato. Mas, o vínculo permanece, planos são feitos e refeitos todos os dias. Nós ainda não desistimos. São lutas diárias com pessoas, com sentimentos, com situações. São nós que vão sendo desatados, conflitos que vão sendo superados. Mas, só nos tornamos mais unidos e as diferenças só se tornam cada vez mais irrelevantes. Se vamos ficar juntos fisicamente eu não sei. Mas, espiritualmente ninguém separa mais a gente. É pra sempre. Eu sempre vou amar aquela pessoa do outro lado do mundo, e sempre vou ser amada por ele. Não importa cultura, não importa religião, não importam convenções, nem crenças. Relações entre homens e mulheres, sexo antes ou depois do casamento, dominação masculina, independência feminina, Cristianismo, Islamismo, família, biquinis, decotes, duppatas, educação de filhos, submissão aos pais, divisão de despesas domésticas, ocidente e oriente... toda essa discussão se perde, diante do fato de que a gente se quer bem. Eu quero que ele seja feliz. Ele quer que eu seja feliz. E nós queremos ser felizes juntos, se Deus permitir.

         Talvez a gente se veja em alguns meses, é o plano do momento. Faltam alguns ajustes, mas vamos tentar. Talvez a gente fique junto esse ano, talvez não. Talvez a gente desista, ou talvez a gente persista mais um pouco. Enquanto isso pessoas amigas vem e vão, e nas trocas de cartas, presentes, pedaços de nós mesmos, a gente vai alimentando a esperança.

         Ele é lindo, por dentro, por fora, dos lados e de cabeça pra baixo. Eu acho, né. Alto, forte, fofo, deliciosamente verde, com o maior nariz do mundo, as olheiras que eu amo e que tornam seu olhar ainda mais profundo e dócil – olhos que abraçam, os dedos longos, os dentes fortes e alinhados, os cabelos pretos e bem lisos onde nele já alguns fios brancos se misturam (vou ensinar ele a pintar!) e o sorriso tímido que me faz ter vontade de pular em cima dele e arrancar os lábios com mordidas (o meu amor é canibal! hahahaha). Amo cada parte do seu corpo. Cada pêlo, fio de cabelo. Cada marca, cada ruga. Os braços grandes que parecem travesseiros, as coxas grossas que me fazem estática quando frente à frente com elas. E amo cada uma das três dobrinhas de sua barriga quando senta.

         Amo o jeito calmo e gentil, a voz baixa, o sotaque engraçado. Amo a generosidade, a inteligência, a perspicácia. O humor sardônico e sutil. Amo a forma como ele se fecha quando está triste ou irritado e como se abre só pra mim quando eu pergunto “por que você está esquisito?” e então percebo feliz o quão profundamente nos compreendemos, já que dificilmente um estranho ou um amigo qualquer reconheceria os sinais do aborrecimento. Amo a indolência (apesar de ela me irritar às vezes), a gulodice. Amo a forma como ele cuida da família. Amo sua conduta frente aos amigos, aos vizinhos. Amo seu respeito pelas coisas sagradas e, enfim, por Deus. Amo seu cuidado, seu carinho. Amo suas hesitações, suas mudanças repentinas de ponto de vista. Amo suas convicções, mesmo quando diferem das minhas, porque o tornam coerente, e incoerente, dentro daquilo que é coerente em um ser humano. E, sobretudo, amo a forma como ele me ama...

         Bom, eu paro por aqui... e me junto a vocês, no aguardo de cenas do próximo capítulo.

À bientôt

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