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E S T R A N G E I R I C E S
"Uma estória de amor pelo diferente"
CAPÍTULO
XXIV - 01.06.2011
Por Juliana Ximenes (*)
Nessa época conheci a Cintia, uma outra menina brasileira que morava em LAHORE!, demais de querida, que me dizia vem, vem, vem! E fazia coro com a Eve. Ela dizia vem, ele não vem. Ela dizia ser seguro, ele perigoso. Fui cismando. Ou ela sabe-se lá por quais motivos obscuros queria me matar, ou ele, sabe-se lá por quais motivos “obscurissíssimos” não queria me ver. Fui flutuando com o dólar até quando, dez dias antes do embarque, comprei o trecho Dubai – Paquistão. Falei pra ele, um dia ele exultava, no outro me mandava devolver a passagem. Eu relia a carta enviada por ele, um mês atrás pela Eve, em que ele dizia o quanto seria emocionante nos vermos... e chorava, mais, de raiva, tristeza, medo, expectativa etc. Liguei na companhia aérea e me avisaram: você pode pedir reembolso até vinte e quatro horas antes do embarque... dia 24 de outubro de 2008 embarquei pra Dubai, minha ida à Lahore estava agendada para uma semana depois, exatamente...
Sai de São Paulo na madrugada do
dia 23 para o dia 24 de outubro de 2008, com a Carol como companhia. Eu ainda
não estava cem por cento certa de que estava certa, mas fui... Para minha
família, avisei poucos dias antes que haveria a possibilidade de ir até Lahore.
Medo total dos surtos psicóticos da minha mãe e que estes a levassem a
interditar Guarulhos para que eu não saísse do país. Ela ensaiou um drama, mas
no fim se resignou. Fui.
Horas e horas de viagem (são cerca de 15, depois da 10ª
hora você pensa em abrir a porta do avião e se jogar, pelo menos eu que sou
ansiosa e claustrofóbica pensei, tamanho o desespero master e o tédio... Carol
dormia tranquilamente...aff), chegamos em Dubai. Que legal, que legal! A
sensação era ótima. Olhei para o relógio e a primeira coisa que me veio à cabeça
foi: Nossa, agora só duas horas de fuso nos separam. Me despedi da Carolzinha
que de lá seguiria direto pra Islamabad e segui em direção ao desembarque. Minha
amiga me aguardava.
Fomos direto pra casa e eu no
caminho olhava aquele mundo tão estranho e diferente do meu. Mooooooooontes de
asiáticos, moooooontes de homenzinhos árabes com suas túnicas brancas e paninhos
vermelhos e pretos na cabeça (o lencinho fashion que até pouco tempo a gente
pendurava no pescoço por aqui) e mooooooontes de women in black. Na ida do
aeroporto até a casa da minha amiga, já puder ter uma idéia do que era aquele
lugar, tantos, mas tantos prédios, que se todos eles fossem completamente
habitados conclui que logo Dubai seria uma coisa bem próxima de Pequim, entupido
de gente, mas nada... as pessoas investem, investem e investem em imóveis lá...e
ainda não entendi o porquê (agora depois da crise, entendo muito menos o que
diabos se passava na cabeça desse povo trilhardário).
No dia que cheguei fui direto para uma festa com brasileiros e, nos dias que se
seguiram, praia, compras e baladas (e mais baladas). O lugar é divertido, mas
são tantas as restrições que se torna curioso. Ocidentais se enfiam em lugares
específicos pra fazer aquilo que aqui vemos em todos os lugares, mas que lá é o
mais absoluto atentado a ordem e aos bons costumes. Manifestações de afeto em
público, roupas demasiado curtas (A Geisy aqui foi ofendida? Embora não conheça
as leis de lá, tenho até dó do que aconteceria se ela saísse pelas ruas
mostrando a bunda... se turista, obviamente deportada; se local, tadinha...),
bebidas alcoólicas na rua... Isso não pode. Os hotéis são o paraíso dos
turistas, lá pode...quase tudo. Biquíni, bebidas alcoólicas, pode e pode.
Baladinhas à noite, gente jovem, bonita e sensual, putas russas, árabes
pseudo-religiosos, machistas e tarados, tudo isso você via, mas ainda a
restrição sobre pegação pesava. Conheceu um carinha, gostou, quer dar uns
beijinhos? Pule etapas e vá direto ao quarto, porque na pista de dança ou no
bar, nem pensar. A não ser que você queira ser convidado a se retirar pelo
segurança. Então era assim: estranho. Demora um tempo até você absorver tantas
contradições.
Gente mal educada, inglês tosco, gente querida, táxi baratinho, shopping centers e mais shopping centers, camelinhos, calor, comida árabe, mercados... meu dia a dia lá. Encontrei amigas fofas, fui ao show do Brad Pitt indiano Shahrukh Khan (ou algo parecido)... Esse show foi uma comédia a parte. Centenas e mais centenas de indianos e nós duas (eu e minha amiga fofa), branquinhas e sorridentes, no meio deles. Afff. Éramos atração pré-show. Acho que nunca fui antes tão encarada na vida. Sem falar nas abordagens dos “garbosos” jovens indianos (como tão bem define os mesmos a companheira de infortúnio)... que que foi aquilo? Acho que aguentamos uns 30 minutos e nos mandamos, era too much mergulho cultural pra quem tava acabando de chegar por aquelas bandas...
Os dias passaram, impiedosamente. Do Brasil a família pedindo pelo amor de Deus que eu recapitulasse enquanto que minha amiga brasileira em Dubai me narrava as situações mais escabrosas para me convencer a ficar: “amiga, imagina se explode tudo, se você morrer ainda vá lá, mas imagina se ficar mutiladinha”, “sua louca, como que você vai circular por lá, e se te tacarem um ácido na cara”, “se acontecer qualquer coisa com você lá, EU NÃO VOU TE BUSCAR (com voz grave de ameaça)”. E eu que já não tava tão confiante, quase não dormia de estresse... Há poucos dias da periclitante viagem ao Paquistão, vim então a descobrir que saindo dos Emirados, não poderia retornar com meu visto de visitante. Foi um drama! Como assim? Que que eu ia fazer? Não vai, diziam todos! Quase tive um troço! Virou ponto de honra, ou eu ia ou morria.
continua na próxima quinzena...
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