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Ouça
primeiro, fale depois
Por Denise Amaral (*)
Quando a ideia é aprimorar o trabalho desenvolvido por uma equipe, observar, apenas, não basta. Você pode olhar, analisar e até desenhar uma estratégia de trabalho, mas sua perspectiva vai ser uma só. Sua visão é limitada pela sua posição com relação àquela equipe.
Lembre-se que cada ser é único, e a forma como cada um enxerga o mundo ao seu redor e seu trabalho em especial é determinada por um conjunto de impressões, valores e experiências, e suas decisões são influenciadas por personalidade, temperamento e condições de vida e carreira. Você pode ver o que aconteceu no passado, avaliar o que está acontecendo no momento, mas dificilmente será capaz de prever com exatidão o futuro, pois não sabe de que forma as pessoas atuarão ou como reagirão a fatos que ainda estão por acontecer.
Mas pode ter uma boa ideia – o que vai aproximar muito a estratégia que vai adotar para o resultado que espera alcançar.
E como isso é possível?
Antes de qualquer outra coisa, prepare-se para escutar. É muito mais fácil – automático, quase sempre – expressar nossas opiniões, principalmente as negativas, e externar todas as ideias que fomos construindo em nossa mente com base naquilo que presenciamos ao longo do tempo. Você olha para sua equipe, vê problemas surgindo a cada dia, dificuldades que atrasam ou até impossibilitam a realização de projetos, incoerências e obstáculos desnecessários que geram frustrações e transtornos entre profissionais, ou mesmo desgastes graves na relação empresa/cliente. E então você decide tomar providências – drásticas, dispendiosas, impopulares talvez – e obtém resultados muito, muito aquém do esperado. Não apenas não consegue resolver problemas básicos, como acaba por gerar conflitos que antes não existiam, e que acabam por provocar uma situação ainda mais complicada que a anterior.
Isso porque o ataque veio por um lado só, quando as dificuldades cresciam em vários ângulos diferentes.
Uma estratégia eficaz depende de informação acurada e completa, e uma investida para ser vitoriosa depende da colaboração de todos os envolvidos. É necessário ouvir o que as pessoas têm a dizer, conhecer o problema sob as suas várias perspectivas, e levar em conta os desejos de todos para buscar uma solução que se aproxime ao máximo do bem comum. Se você decide ajudar a um em detrimento do outro, terá um inimigo trabalhando para que sua decisão não dê certo. Mas se sua iniciativa tem por objetivo melhorar a qualidade do trabalho de ambos, terá duas pessoas batalhando a seu favor.
Escutar pode ser difícil, a princípio, mas é um talento que se adquire com a prática. Quando você se dispõe a ouvir o que as pessoas têm a dizer, é como se adquirisse olhos mágicos que tudo vêem, ajudando-o a conhecer mais, permitindo que alcance as pequenas reentrâncias da observação alheia, e fornecendo detalhes valiosos para que suas decisões sejam mais justas e mais eficientes.
Muitos problemas reais não chegam aos ouvidos de quem têm o poder de solucioná-los apenas por falta de espaço ou oportunidade. Todos querem falar se lhes é dada a chance, pois todos almejam a oportunidade de oferecer seu talento e capacidade em troca do devido reconhecimento e justa valorização.
Se você está mesmo disposto a “limpar a casa”, e fazer com que sua empresa produza a todo vapor, ouça o que cada profissional tem a dizer – pode ser que descubra esqueletos no armário, sujeira embaixo do tapete... Mas com certeza vai poder contar com um mutirão de limpeza, disposto a criar as melhores condições possíveis de trabalho, e a mantê-las assim, para o benefício de todos.
Ouvidos abertos para os problemas são portas abertas para as soluções.
(*) Denise Rodrigues do Amaral
é escritora, advogada e pós-graduada em Teoria da Comunicação, especialista
em comunicação e produtividade e membro da CCF – Certified Coaches
Federation.
É autora do livro "Crianças podem voar", publicado pela Editora
Internacional e possui mais de 450 editoriais publicados na área de
relacionamento no trabalho.
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