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A M E N T O
0 1 / J U N H O /
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Copa
sem paixão
Por Tom Coelho
(*)
"Nada existe de grandioso sem paixão."
(Hegel)
Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho, Júnior,
Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Serginho Chulapa, Éder. Se você tem
cerca de 40 anos ou mais, certamente deve ter reconhecido estes nomes. Era a
escalação da memorável seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982,
na Espanha. Comandada pelo inesquecível técnico Telê Santana, aquela equipe
ficou consagrada como exemplo do futebol-arte. Contudo, foi fatalmente eliminada
pelos italianos no dia 5 de julho, após sofrer três gols de Paolo Rossi, num
episódio que ficou conhecido como “tragédia do Sarriá”.
Por que aquele grupo, mesmo não tendo legado
para a posteridade a taça de campeão do mundo, é tão inesquecível? Porque ele
representava a verdadeira paixão pelo futebol, simbolizada pelo carisma dos
jogadores, por sua entrega em campo, pela alegria no jogar, pelo
entusiasmo na comemoração de cada gol. Era uma equipe que literalmente parava
todo o país para ser vista em campo, numa época em que começávamos a trilhar os
caminhos para a redemocratização. Igual ufanismo somente seria visto uma década
depois, com Ayrton Senna.
A Copa de 2014, do ponto de vista racional, já está perdida. A este respeito,
muito já foi dito. Começando pela falta de planejamento, que vergonhosamente fez
com que alguns estádios ainda sejam canteiros de obras a uma semana do evento;
passando pelas obras de infraestrutura não realizadas, as quais soavam como
maior justificativa para sediar o torneio; até o desperdício de dinheiro
público, ao se construir, por exemplo, uma arena para 40 mil pessoas em Manaus,
onde os dois principais times locais mal conseguem reunir 1.500 torcedores na
final do torneio estadual.
Assim, a salvação desta edição do mundial depende do envolvimento emocional do
público. Sentimento este demonstrado na Copa das Confederações, quando os
torcedores, embalados pelas “jornadas de junho”, entoaram o Hino Nacional a
plenos pulmões, como que decretando o desejo de uma nação mais próspera, justa e
digna.
Mas o resgate da empolgação do torcedor e de sua alegria pelo futebol em si,
depende fundamentalmente de uma afeição pelos atletas, aqueles que vestidos de
verde-amarelo nos representam, mas que infelizmente não conseguem chegar perto
da identificação que tínhamos com aquela seleção de 1982. As gerações mais
jovens talvez não compreendam, porque lhes falta uma referência.
Quem são os jogadores de hoje? Você conhece a história e a procedência de cada
um deles? Dos 23 convocados, 19 jogam no exterior e apenas quatro no Brasil. Em
1982, dentre os 22 convocados, apenas dois eram de fora... Por mais que a mídia
aborde o assunto à exaustão, você é capaz de declamar a escalão do time? Estarão
estes atletas imbuídos de um sentimento cívico ou prevalece a preocupação com
interesses pessoais, num elenco cuja renda mensal supera os 26 milhões de reais,
e que ainda assim preocupa-se em mostrar a logomarca de seu patrocinador pessoal
em campo para auferir mais alguns dólares?
Não se torce contra seu próprio time, muito menos contra seu próprio país. Mas
apenas isso não é suficiente para fazer acelerar o pulso...
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
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