Área Cultural | Área Técnica |
Ciência
e Tecnologia
- Colunistas
- Cultura e Lazer |
Aviação
Comercial -
Chat
- Downloads
- Economia |
Página Principal |
-
C O M P O R T A M E N T O -
16
/ novembro / 2005
“Não sou a favor nem do judeu, nem do muçulmano,
porque acho que só existe uma raça: a raça humana”.
(Georges Bourdoukan)
BANDEIRAS
DA INTOLERÂNCIA
Por Tom Coelho, colunista-titular do Portal Brasil (*)
Não sei de onde vem este quase que
encantamento do ser humano para com o que não o eleva.
Parece que a gente não busca se melhorar, mas sim diminuir os outros...
Abra o
jornal, folheie uma revista, ligue a tevê. Observe como poucas são as notícias
veiculadas que podemos apreciar. Os informativos, todos eles, têm como matéria-prima
a desgraça. Ora são as guerras, ora os conflitos políticos, ora as
mazelas econômicas. A fome, o frio, o fogo na mata adentro – os quais não
deixam de ser outras formas de guerra.
Tiroteio entre facções que disputam a hegemonia em regiões habitadas, porém
desprovidas de lei. A droga que grassa e viceja, que invade escolas, bares e
lares, atingindo não apenas adultos e adolescentes, mas até mesmo crianças.
Uma arma de fogo que dispara acidentalmente, um garoto que chacina sua própria
família ou um grupo de colegas da escola. Filhos que matam pais, pais que
violentam filhas, filhas que se prostituem. Governos que desdenham da miséria
e que lutam apenas pelo poder como fim absoluto de sua vaidade e ganância.
Mesmo onde se poderia imaginar prazer, encontramos o negativismo. O caderno
de esportes relata a contusão de um atleta, exalta a suspensão de outro
flagrado num exame antidoping, anuncia em polvorosa a demissão sumária
de um técnico. No caderno de cultura, críticas ganham mais espaço do que
elogios.
Não sei de onde vem este apego, este quase que encantamento do ser humano
para com o que é menor, para com o que não o eleva. Talvez seja uma espécie
de indulgência às nossas próprias fraquezas. É como se, para nos
sentirmos melhor, fosse necessário que os outros se mostrassem piores do
que nós. Parece que a gente não busca se melhorar, mas sim diminuir os
outros...
Vivemos tempos de amargura, tempos de desamor, tempos de intolerância.
Compomos as nossas teias, os nossos círculos fechados de relacionamentos e
de amizades. E carregamos bandeiras diferentes. Não são mais apenas
bandeiras representando nações, pois a luta transcende o plano territorial
e a supremacia.
Carregamos bandeiras de religiões sem perceber que independentemente de
qual seja a crença o fundamental é a fé que se pratica. Religiões
afastam as pessoas, enquanto a espiritualidade as aproxima.
Carregamos bandeiras diferentes nos estádios de futebol, e quando poderíamos
apenas e tão somente comemorar a magia do espetáculo, fazemos de
estandartes, armas que ferem; fazemos da provocação animada e prazerosa,
concertos e odes para a ira coletiva.
Carregamos bandeiras pessoais, as bandeiras segregacionistas. Ora são os
negros, ora os índios, ora os homossexuais, cada qual colocando-se numa
posição inferior, chamando a si próprios de minorias, buscando através
do julgamento diferenciado o tratamento equânime. Querem a igualdade, mas a
perseguem a partir da diferença. E muitas vezes acabam colhendo apenas a
indiferença.
A palavra intolerância diz muita coisa. Ela remete à incapacidade de
tolerar, ou seja, de aceitar, de permitir, de escutar, de respeitar, mesmo
que discordando. De tanto ostentar bandeiras, negligenciamos nossa própria
liberdade, colocando-a em segundo plano, esquecendo o prazer de contemplar e
de amar a vida.
Mastros no chão, ao cruzar para o outro lado de um rio, ao atravessar uma
ponte ou mesmo uma linha ou um marco imaginário, encontraremos alguém
igual a nós, com as mesmas dúvidas, as mesmas incertezas e os mesmos
desejos de respostas que povoam nossas mentes e nossos corações sem
bandeiras
Tom
Coelho
Matéria da 2ª quinzena de novembro / 2005
(*) Tom Coelho, com graduação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP e especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA/USP, é empresário, consultor, escritor e palestrante, Diretor da Infinity Consulting, Diretor do Simb/Abrinq e Membro Executivo do NJE/Fiesp. Contatos através do e-mail [email protected]. Visite www.tomcoelho.com.br.
FALE CONOSCO ==> CLIQUE AQUI