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- Inteligência Política -
16 / julho / 2005

NUNCA OFENDA A PESSOA ERRADA
Por Francisco Ferraz (*)


Se você não tem certeza da justiça de sua ação, de que é aquela pessoa que merece ser atacada, então não "compre esta briga".

 

            Muitos erros políticos de grandes e graves conseqüências poderiam ser evitados com um pouco mais de paciência, atenção e serenidade. Dentre esses estão os erros desnecessários. É óbvio que todo o erro deve ser evitado, e que não há erro necessário. Entretanto, erros se cometem, é humano e inevitável, mais ainda numa campanha.


            Há, pois, erros que decorrem de decisões estratégicas, nas quais as desvantagens do erro são menores do que as vantagens possíveis do acerto. São situações em que o político se arrisca, ousa, e, eventualmente, paga o preço, ou recolhe os lucros da sua ousadia. Estes são erros "inevitáveis". Decorrem de uma decisão consciente de assumir um risco com vistas a um benefício maior.

            Há outros erros, entretanto, que resultam da precipitação, do descuido, da inexperiência e da própria incompetência. Estes erros podem e devem ser evitados. Eles não contêm aquele potencial de ganho que o erro, numa ação estratégica, possui. Dentre estes últimos, ofender a pessoa errada é um dos mais comuns e de conseqüências mais danosas.

            Na atmosfera inquieta e nervosa da campanha, circulam muitas informações não confirmadas, transitam muitos boatos e chegam-se a conclusões finais sobre pessoas com muita precipitação. Além disso, poucos políticos adquirem e internalizam a grande lição de que "você não deve odiar seu inimigo, porque o ódio turba e confunde a mente".

            O passionalismo, tão presente nas campanhas, é um dos mais freqüentes responsáveis por "erros evitáveis". Sobretudo quando o foco é o inimigo ou o adversário, ele costuma levar o candidato a adotar atitudes ou fazer declarações cujo objetivo é ferir, ofender seu desafeto, muito mais do que promover a sua própria candidatura.

Pavio curto

            O "candidato pavio curto" é o caso típico. Ele, inteligentemente provocado pelo adversário, pode tornar-se numa "metralhadora descontrolada", atirando para vários lados ao mesmo tempo e ferindo tanto seus adversários como pessoas que nada têm a ver com a briga.

            Atacar a pessoa errada, ofender quem nada fez para merecer o agravo é um erro muito grave e de desdobramentos muito maiores do que pode, a primeira vista, parecer. A pessoa atacada injustamente torna-se "ipso facto" uma vítima, fazendo com que muitos outros com ela se identifiquem na condenação da injustiça que acaba de sofrer. Além disso, quando se ofende/ataca a pessoa errada, cria-se um inimigo.

            O atacado recebe a ofensa como um ato gratuito, sem explicações que o justifiquem e identifica no seu agressor uma pessoa que nutre por ele uma hostilidade pessoal. Ciente desta situação, ele vai fazer o possível para "devolver" o agravo ao seu agressor, procurar prejudicá-lo onde e quando puder, numa atitude em que contra-atacar é o seu ato de defesa.

            Se o indivíduo alvo do ataque mal endereçado pertencia às hostes do adversário, agora é inimigo; se ele não tinha uma posição definida no conflito eleitoral, passou a ter; se ele estava inativo politicamente, agora fica politicamente ativo. Do lado de quem teve a iniciativa de atacar, os danos são também significativos. O eleitor encara muito negativamente o candidato que comete uma injustiça contra outra pessoa. Mais ainda quando esta injustiça é gratuita. Ele passa a ser percebido como uma pessoa agressiva e descontrolada.
            Quando a clareza do erro fica manifesta, dentro da campanha, o candidato enfrenta a dura decisão de:
  • Não falar mais no assunto, na esperança de que seja esquecido;
  • Reconhecer o erro e pedir publicamente desculpas;
  • Continuar atacando, para "justificar" o primeiro ataque, abastecido com novos elementos, pelo conflito que se instalou.
            Em qualquer destas três hipóteses o candidato nada ganha em seu proveito, em termos eleitorais. Nas três, ao contrário, ele perde. Das três, a melhor, quando for possível, é reconhecer o erro e pedir desculpas à pessoa agravada.
            O eleitor prefere o candidato que é capaz de se confessar humano, que erra, se arrepende e não tem medo de pedir desculpas, do que o candidato arrogante que persiste no erro para não reconhecer seus erros.

O fundamental para evitar este erro é:

1.
Não confie nas emoções, nos sentimentos e nas paixões como motivo e guia para atacar alguém. Trabalhe com informações, assegure-se da confiabilidade delas, estude seus adversários, espione-os, saiba o que fazem e dizem, de forma a, quando necessário, atacar a pessoa certa;

2.
Nunca julgue pelas aparências. Vá além das aparências em busca da realidade. Não transforme versões não confirmadas em verdades absolutas. Nada substitui o bom senso, o equilíbrio, a objetividade, na fase anterior ao ataque, quando ele está sendo discutido. Se não se sentir absolutamente convencido da justiça de sua ação, da certeza de que é aquela pessoa que merece ser atacada, assim como da vantagem estratégica do ataque, então não "compre esta briga".


A PROPRIEDADE INTELECTUAL É DE SEU AUTOR
MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE POLÍTICA PARA POLÍTICOS
FRANCISCO FERRAZ É O EDITOR-CHEFE DO SITE POLÍTICA PARA POLÍICOS


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