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C O M P O R T A M E N T O -
16
/ janeiro / 2006
“Você
é quem você conhece, não o que você faz.”
(Azalba)
O
PESO DO QI NA RECOLOCAÇÃO PROFISSIONAL
Por Tom Coelho, colunista-titular do Portal Brasil (*)
Currículos
aleatoriamente enviados pelo correio ou preenchidos pela internet podem se
configurar em pura perda de tempo.
Tornam-se lixo, físico ou eletrônico, antes mesmo que alguém leia o
nome do remetente.
Foi quando aprendi a preencher adequadamente um currículo, além de ser
orientado sobre como me portar em entrevistas. Também passei horas
analisando companhias diversas, escolhendo aquelas nas quais gostaria de
trabalhar para, ato contínuo, enviar-lhes meu precioso portfólio, agora
maquiado e vitaminado, na expectativa de ser convocado.
Ledo engano. Já naqueles tempos, início dos anos noventa, os processos
de recrutamento estavam mudando. Currículos aleatoriamente enviados pelo
correio ou preenchidos pela internet podem se configurar em pura
perda de tempo. Tornam-se lixo, físico ou eletrônico, antes mesmo que
alguém leia o nome do remetente.
Pesquisa recente realizada pelo Grupo Catho junto a 17.801 profissionais
indicou que 56% dos cargos operacionais e 43% dos cargos de gerência
foram preenchidos com base no QI do candidato. Mas não estamos falando do
famigerado “quociente de inteligência” e sim do “quem indicou”. Networking,
relacionamento, estas são as palavras de ordem. E há até quem opte por
mudar de emprego graças à confiança depositada em quem lhe fez a indicação.
Estes fatos levam-nos a algumas reflexões.
Sempre recebo mensagens de leitores comentando sobre sua insatisfação
com a empresa
Estes profissionais vislumbram como única solução pedir demissão e
buscar novos horizontes, como se o ambiente fosse a origem de todos os
males, acreditando que em outra corporação os mesmos dissabores não
acontecerão. Pior, há aqueles que optam pelo desligamento sumário da
companhia, passando por uma semana de regozijo até caírem em si, e na
realidade, de que nos assuntos relacionados ao dinheiro, como diria Victor
Hugo, é preciso ser prático.
Diante dos fatos, alguns cuidados devem ser tomados para que uma proposta
pretensamente interessante não se apresente como uma armadilha:
1.
Cheque a oportunidade de trabalho. Verifique se a mesma é concreta e,
mais ainda, permanente. Pode tratar-se de uma posição temporária e que
não lhe garantirá estabilidade.
2.
Pesquise a empresa. A internet é fonte inesgotável de informações.
Acesse o site da empresa e, depois, os buscadores, para obter mais informações
sobre o perfil da companhia e sua posição relativa no mercado. Dê
especial atenção aos valores declarados pela organização a fim de
observar se estão alinhados com seus valores pessoais.
3.
Dissocie relações afetivas e profissionais. Se a indicação dada foi
positiva, ótimo. E fim da história! Não convém associar o nome da
pessoa que recomendou você ou lhe sugeriu a vaga durante o processo
seletivo ou mesmo após o término deste. Seja grato, mas seja
independente.
4.
Prefira o pouco certo ao muito duvidoso. A menos que você disponha de uma
boa herança ou alguém que lhe sustente, abdicar de uma remuneração
trar-lhe-á mais preocupação, angústia e ansiedade. Peça demissão
somente após ter firmado sua recolocação.
5.
Caia fora na hora certa. Isso não é um jogo de pôquer, mas é um jogo.
Se a proposta de trabalho não corresponder às promessas feitas ou não
atender aos seus anseios, prepare sua saída o quanto antes evitando
prolongar sua insatisfação.
Recorde-se sempre da importância do networking.
Na Era da Integração, num mundo sem fronteiras e regido pela
conectividade, não são dados ou informações, máquinas e tecnologia,
que fazem a diferença. São pessoas. E mais do que isso, relacionamentos.
Você possivelmente namora, casou-se ou vai se unir a alguém que conheceu
em seus círculos de amizade. Possivelmente começou a fumar por influência
de um colega. Torce pelo mesmo time que um de seus pais. Freqüenta
academias ou clubes por indicação de alguém. Comparece à igreja a
convite de um de seus pares. Analogamente, trabalha numa empresa ou mudará
de emprego por recomendação de um conhecido.
Por isso, cultive o hábito de conversar com estranhos, pessoas que lhe avizinham num saguão de aeroporto ou numa simples fila no cinema ou no banco. Freqüente outros ambientes, seja um restaurante, um bar ou um museu, e converse com quem lhe rodeia. E lembre-se sempre de portar cartões de visita. Destas relações fortuitas, pode surgir um novo curso em sua vida.
Tom
Coelho
Matéria da 2ª quinzena de janeiro / 2006
(*) Tom Coelho, com graduação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP e especialização em Marketing pela MMS/SP e em Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA/USP, é empresário, consultor, escritor e palestrante, Diretor da Infinity Consulting, Diretor do Simb/Abrinq e Membro Executivo do NJE/Fiesp. Contatos através do e-mail [email protected]. Visite www.tomcoelho.com.br.
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