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- C O M P O R T A M E N T O -
01
de setembro de 2006

“Há apenas duas maneiras de obter sucesso neste mundo:    
pelas próprias habilidades ou pela incompetência alheia.
    

(Jean de La Bruyère)    

AS 15 REGRAS DA COMPETÊNCIA, Parte I
Por Tom Coelho, colunista-titular do Portal Brasil
 


            José é um profissional dedicado. Trabalhador, como se diz por aí. Levanta-se cedo e segue para o trabalho, subindo e descendo de ônibus diversos. “Boa-praça”, sempre está disponível para um bate-papo e uma cerveja gelada com os amigos. Modesto em seus trajes, simples em seu vocabulário, sua abordagem está calcada em seu carisma, mais do que em seu conhecimento. Faltam-lhe respostas, sobram-lhe dúvidas. Chega tarde em casa, cansado, quase sem tempo para sua família. Ganha o suficiente para mantê-la com dignidade, mas a dificuldade está presente em sua vida. Porém, acredita que “com a ajuda de Deus, as coisas vão melhorar”.

            João é um profissional igualmente dedicado. Bem-sucedido, como se diz por aí. Levanta-se e com tranqüilidade toma seu café da manhã na presença da esposa e filhos. Leva-os à escola, em seu carro recém adquirido, saindo em visita aos seus clientes e fornecedores, previamente agendados. Carrega em seu notebook amplas informações sobre sua empresa, apenas para uma eventual consulta. Seus contatos contemplam a objetividade inerente aos negócios associada à descontração do diálogo sobre os mais variados assuntos, de política e futebol aos acontecimentos da novela na noite anterior. Em casa, janta em companhia da família, auxilia as crianças nos deveres escolares e planeja com a companheira o roteiro da próxima viagem de férias.

            Um olhar sobre dois homens que podem guardar consigo apenas a similaridade de suas profissões. Duas versões da vida delineadas por caminhos opostos traçados por um único aspecto: competência.

            À luz dos estudos do psicólogo de Harvard, David McClelland, em associação com minha experiência e estudos, apresento a seguir um conjunto formado por quinze características inerentes ao comportamento de um profissional de destaque, diferenciado ante a “linha de montagem” comoditizada pelo mercado de trabalho a partir dos anos noventa.

            Veja qual sua posição relativa e aproveite este roteiro para promover seu autodesenvolvimento.


1. Iniciativa e Acabativa

 “Antes de iniciares a tarefa de mudar o mundo,
dá três voltas na tua própria casa.”
(Provérbio chinês)


           
Representa a capacidade de identificar e buscar oportunidades de negócios. Está associada ao comportamento proativo e, por conseguinte, em oposição imediata à hesitação (será mesmo que devo fazer?) e à procrastinação (será que posso fazer amanhã?).

            O profissional dotado de iniciativa antecipa-se aos fatos, realizando atividades antes de ser solicitado ou forçado pelas circunstâncias. Conjuga os verbos “fazer”, “agir” e “executar”. Também sabe retirar-se de um negócio em decadência no momento certo, preservando os ganhos auferidos ou minimizando as perdas.

            Por estar conectado com o mundo e sempre municiado de informações, aproveita situações conjunturais para atender com rapidez novas demandas ou nichos. E, como pioneiro, obtém resultados concretos e mais significativos antes dos demais. Surpreende, empolga, contagia, encanta.

            Porém, a iniciativa hoje não viceja sozinha, mas deve estar acompanhada de seu par, a acabativa, neologismo para simbolizar a habilidade de finalizar tarefas iniciadas. Muitos são aqueles que iniciam atividades e que não as concluem. Projetos arquivados, livros lidos pela metade, conversas interrompidas sem conclusão, sonhos de toda uma vida abandonados como se fossem de uma única noite de verão.

            Iniciar é preciso. Mas algo só termina, quando acaba.


2. Eficiência e Eficácia

“Se respeitar as pessoas como elas são, você poderá
ser mais eficaz ajudando-as a se aperfeiçoarem.”
(John Gardner)


            A eficiência pode ser definida como “fazer certo as coisas”. Está associada ao respeito às normas e padrões estabelecidos, à satisfação e à superação de expectativas. Um profissional com esta característica desenvolve maneiras de realizar uma atividade com menor custo e maior rapidez e qualidade superior. Seu oposto atende pelo nome de retrabalho, motivo pelo qual a eficiência implica fazer certo da primeira vez.

            A eficácia, por sua vez, significa “fazer a coisa certa”. É uma medida vinculada ao resultado. Assim, um vendedor pode visitar uma dezena de clientes num dia, mostrando-se muito eficiente. Porém, se não fechar negócio algum, terá sido ineficaz.

            As organizações costumam estimular a busca da eficiência por um processo mecânico e protocolar: pesquisas efetuadas, tabulações processadas e relatórios preenchidos passam a impressão de que o trabalho foi feito. É comum vermos líderes (ou seriam pseudo-líderes?) que solicitam aos membros de sua equipe informações variadas apenas para ocupar-lhes o tempo, sendo que o fruto daquele trabalho alimentará apenas pastas suspensas e arquivos mortos.

            Já a eficácia, quando tomada isoladamente e como único fim, gera o que poderíamos cunhar como “Síndrome de Romário”, ou seja, pessoas com foco exclusivo no objetivo e sem qualquer atenção para com os processos. De fato, conseguem auferir resultado com impacto positivo nas estatísticas, mas muitas vezes o fazem combalindo o ambiente interno.

            Procure, portanto, unir eficiência e eficácia. Conceda valor e conteúdo ao seu trabalho, adote os procedimentos necessários, defina indicadores adequados para mensuração e tenha foco no resultado. Mas lembre-se sempre de que há pessoas compartilhando de suas atividades e decisões em sua organização.


3. Comprometimento

 “Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro,
também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.”
(Gandhi)


            Esta é uma atitude que poderíamos definir como sendo de cunho moral. Afinal, literalmente remete ao cumprimento de um tratado, de um pacto firmado.

            Significa honrar a palavra empenhada. Para tanto, pode demandar sacrifícios pessoais ou esforços extraordinários para concluir determinada tarefa, colocando o aspecto financeiro, por exemplo, em segundo plano, tendo o atendimento e a satisfação como objetivos primordiais.

            O comprometimento está vinculado ao clima organizacional, com a cultura e os valores da empresa. As pessoas estão dispostas a lutar por aquilo em que acreditam, seja no plano profissional ou pessoal. E lutam pela verdade.

            No mundo das vendas, por exemplo, o comprometimento determina a linha tênue que separa o vendedor “tirador de pedidos”, que à custa de promessas e malogros procura tão somente cumprir metas pessoais, e o “vendedor-consultor”, que no uso da ética e da ponderação constrói um relacionamento duradouro junto a seus clientes.

            Há uma relação íntima entre esta competência e a capacidade de se estabelecer e cumprir metas. E esta relação está presente na própria palavra... Portanto, comprometa-se!


4. Ousadia e Correr Riscos Calculados

“Ousadia contém gênio, poder e magia”
(Göethe)


           
Intimamente ligada à iniciativa, esta competência está associada à coragem com responsabilidade. Trata-se da habilidade de avaliar alternativas, calculando deliberadamente os riscos inerentes a cada uma delas, fazendo escolhas e abdicando das opções concluídas como menos favoráveis.

            Traz consigo, ainda, o poder de agir diante de adversidades objetivando reduzir riscos e controlar os resultados. Desafio é a palavra de ordem e o combustível dos ousados, aqueles responsáveis pelo desenvolvimento das atividades posto que jamais estão satisfeitos com o status quo.

            Mas esteja atento para não confundir ousadia e risco com irresponsabilidade e imprudência!


5. Persistência e Ambição

“Ambição é o caminho para o sucesso.
Persistência é o veículo no qual se chega lá.”
(Bill Eardley)


            Ambição é uma coisa boa. Ela nos desperta desejos, promove o comprometimento, estimula a perseverança. Torna-nos mais fortes e nos faz buscar a superação. Pela ambição conquistamos mais posses e mais poder. Sentimo-nos mais ricos, mais bonitos e até mais livres. O que a estraga é a ganância.

            Como tudo na vida que desgarra da ponderação do equilíbrio, a ambição desmedida evolui feito um pokémon para a ganância. Neste estágio, o desejo vira cupidez; o comprometimento, obsessão; a perseverança, teimosia. As posses denotam opulência e, o poder, prepotência. A liberdade se esvai e renasce como fênix, enjaulada.

            Muitas são as provações que se colocam diante de nós para que desistamos de algo ou mesmo de alguém. Os obstáculos surgem de todos os lados, sob todas as formas e com as mais variadas amplitudes. Quando percebemos, abaixamos a cabeça e, resignados, sequer olhamos para trás.

            Persistir é manter o foco, a firmeza de propósitos, como a água do rio que contorna todos os acidentes, mantendo sua progressão até desaguar no oceano que a espera. Persistir é perseverar, o que nos lembra o esperançar, este último associado ao substantivo esperança, e não ao verbo esperar. É agir, enfrentando as dificuldades, mudando estratégias ou criando novas, assumindo responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário ao cumprimento de metas e objetivos.

            O exemplo mais clássico foi-nos dado por Thomas Edison e suas duas mil experiências até chegar à eficácia de sua lâmpada. Tivesse ele renunciado ao seu sonho e estaríamos, talvez, todos na penumbra...

            Temos ainda Beethoven, que mesmo surdo compôs boa parte de sua obra, incluindo três sinfonias, em seus últimos anos de vida.

            Praticar a persistência é conclamar uma apólice de seguro contra o fracasso. É superar o descrédito, as adversidades e o desânimo pelo objetivo de realizar, de fazer acontecer.

            Como disse Hal Borland, “Por conhecer as árvores, compreendo o sentido da paciência. Por conhecer a grama, dou valor à persistência”.  

(continua na próxima quinzena...)

Tom Coelho
Matéria da 1ª quinzena de setembro de 2006

MATÉRIA AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
OS DIREITOS AUTORAIS DESSE TEXTO ESTÃO RESERVADOS AO SEU AUTOR


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