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Ê N C I A P O L Í T I C A -
01 de março de 2006
HISTÓRIA
- Capítulo 5:
AS LOCOMOTIVAS SOCIAIS
Por Luís Nassif
Os anos 60
provavelmente foram o último lampejo do capitalismo familiar, das grandes
corporações ainda dominadas por famílias. Embora na Europa persistam grupos
com controle familiar, gradativamente o modelo norte-americano das grandes
sociedades anônimas passou a dominar o cenário mundial.
Antes da mudança, prosperou o chamado “high society” internacional. Em
geral, é tema mais abordado pelas revistas de moda, ou pelos especialistas em
sociologia da moda, do que pela economia. Mas os grandes negócios
internacionais eram fechados nesse ambiente, no qual as recepções sociais eram
o centro de gravidade da movimentação de negócios e de atividade política.
A partir da segunda metade dos anos 50 até o início dos anos 70, não houve
“locomotiva” – termo utilizado para designar as agitadoras sociais da época
— como Elisinha Moreira Salles, née Gonçalves (outro maneirismo dos
cronistas sociais da época).
Quando Walther Moreira Salles tornou-se embaixador pela segunda vez em
Washington, no governo JK, graças à embaixatriz Elisinha, a embaixada
tornou-se centro de encontro da jovem intelectualidade americana que emergia, a
ponto de se rivalizar com o casal Kennedy. Provavelmente apenas na gestão Paulo
de Tarso Flecha de Lima, com a embaixatriz Lúcia, a embaixada voltou a
recuperar parte do prestígio anterior.
Nos anos 60, Elisinha entraria para o “hall of fame” da moda, se
tornaria uma das anfitriãs mais importantes do planeta. Mas, a exemplo das
estratégias diplomáticas, os banquetes e recepções eram uma extensão da
diplomacia – quando no papel de embaixatriz — ou dos negócios – quando no
papel de esposa de banqueiro. Não se tratavam de futilidades.
Ninguém foi mais marcante na definição desse estilo de vida do que Diana
Vreeland, a editora de Vogue e Harper’s Bazaar, que inauguraria um estilo de
colunismo social inédito nos grandes centros, uma mulher feia, mas de
personalidade, e vidrada na cor vermelha. Em vez de enaltecer starlets ou
dondocas, passou a identificar mulheres de personalidade marcante, atrizes,
empresárias ou esposas, a quem premiava em suas listas disputadíssimas.
Diana nasceu em 29 de julho de 1906, em Paris, filha de um pai inglês,
Frederick Young Dalziel, e da americana Emily Key Hoffman, descendente de um irmão
de George
Washington. Era prima de Pauline
de Rothschild, um dos ícones da moda dos anos 60.
Em
1924 ela se casou com o banqueiro Thomas Reed Vreeland, mais tarde amigo de
Walther Moreira Salles, e homem que o apresentou ao fechadíssimo clube Racket
and Tennis, de Nova Iorque.
Depois de retornar a Londres, o círculo de amigos de Diana ampliou-se para Gertrude
Lawrence, Coco Chanel,
o Rei George
V. E também o compositor Cole
Porter, o artista Christian
Berard and a escritora Evelyn
Waugh.
Em 1937, os Vreeland
voltaram definitivamente para Nova Iorque. Diana tornou-se colunista do Harper's
Bazaar, de onde saiu em 1962, para se tornar
editora-chefe da Vogue, até 1971. Depois que saiu da Vogue tornou-se consultora
do Costume Institute of the Metropolitan
Museum of Art in New York.
Consolidou-se, nesse período, o circuito Elizabeth Harden (Londres-Paris-Nova
York), o mais disputado pelos diplomatas de todo mundo. É nesse mundo que o Rio
de Janeiro acaba assumindo um lugar de destaque desde fins da Segunda Guerra,
mantendo a linha de frente nos anos 60, graças a Elisinha e a outras
“locomotivas” – como Perla Lucena, outra das mulheres antológicas da elegância
brasileira. Perla foi casada com Graham Mattison, financista que acabou
envolvido em escândalos, acusado de ter enrolado a milionária Bárbara Hutton,
que foi casada com Cary Grant. O fato gerou uma série de TV “Poor
Little Rich Girl: The Barbara Hutton Story”, em que o papel de Bárbara foi
protagonizado por Farrah Fawcett e o de Mattison
É Diana quem descobre a personalidade de Elisinha, seu espírito crítico em
relação à superficialidade dos “socialites” e a transforma em
personagem internacional.
Diana faleceu em 22 de agosto de 1989, quando o mundo das grandes corporações
já havia se imposto definitivamente sobre os grandes grupos familiares.
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