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Ê N C I A P O L Í T I C A -
16 de
novembro de 2006
CLÁUSULA DE BARREIRA E SUDAM AGITAM A CÂMARA FEDERAL
Por Fernando Toscano (*)
Partidos com pleno
funcionamento ameaçado pela cláusula de barreira
realizaram um ato na Câmara pela "Reforma Política, Democrática e
Pluripartidária". A avaliação dos participantes do
ato, promovido pelo Psol, PV, PRB, PSB e PCdoB, é que a cláusula de barreira é
uma ameaça à consolidação da democracia no País. O
mecanismo limita a atuação de partidos que não atingiram, nas últimas eleições,
5% dos votos válidos para a Câmara e 2% em pelo menos nove estados. A cláusula é
uma exigência da Lei 9096/95 para que os partidos tenham direito ao
funcionamento parlamentar, a recursos do fundo
partidário e ao horário gratuito na televisão.
Veja matéria escrita, por mim, sobre o assunto em 16 de outubro de 2006:
http://www.portalbrasil.net/2006/colunas/politica/outubro_16.htm.
Liberdade partidária
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, afirmou que é desafio da Casa
refletir sobre a liberdade partidária, "parte integrante e permanente da
construção da democracia". Ele comparou a liberdade partidária à liberdade
de imprensa e destacou que quanto mais ampla a liberdade no País, maiores as
condições de expansão de idéias democratizadoras. Aldo
enfatizou que o ato em favor da reforma política não pretende defender
interesses partidários ou corporativos das legendas, mas valores "muito mais
permanentes e profundos para a democracia".
O presidente interino da República, José Alencar, manifestou
solidariedade à luta pela liberdade partidária. Alencar caracterizou a cláusula
de barreira como uma tentativa equivocada de iniciar a reforma política. "Obviamente,
o Brasil necessita dessa reforma, mas não pode começar pelo cerceamento da
liberdade partidária." José Alencar disse ter certeza de que haverá vitória
para os partidos pequenos em relação à cláusula de barreira. Ele afirmou que a
reforma política, no entanto, não pode estar restrita a esse tema.
Partidos de aluguel
O líder do PCdoB, deputado Inácio Arruda (SP), rebateu o argumento de que
a cláusula de barreira acabaria com os partidos de aluguel. "Não são as
pequenas legendas que se alugam. São as grandes, que criam instabilidade e
obstruem votações. Alguém já viu um partido pequeno com força para obstruir as
votações?", questionou. Para Arruda, são os pequenos partidos que "arejam a
democracia e trazem idéias novas".
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, criticou o fato de a cláusula não
levar em conta os votos para o Senado nem para a Presidência da República. Ele
lembra que o Psol ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, com mais de
6,5% dos votos na última eleição, e o PCdoB fez 7,5% para o Senado. "Nada
disso vale. É um critério parcial", avaliou Rabelo.
Julgamento no STF
No próximo dia 7, o Supremo Tribunal Federal vai julgar uma ação direta
de inconstitucionalidade contra a cláusula de barreira. O recurso foi
apresentado pelo PCdoB, junto com PSOL, PRB, PV e PDT.
SUDAM será recriada - O
Plenário aprovou há pouco, por unanimidade (314
votos), o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei Complementar 22/03, do Poder
Executivo, que recria a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam)
em substituição à Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA).
Foram aprovados os itens da proposta que tinham parecer favorável. De
acordo com o Regimento Interno da Câmara, uma segunda votação deverá ser feita
apenas em relação aos pontos rejeitados pela comissão especial.
O vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), ressaltou
que "a extinção da Sudam foi um equívoco histórico, que será corrigido com a
aprovação da proposta".
O projeto de lei orçamentária para 2007 recebeu
8.898 emendas - 1 de receita, 85 de texto e 8.812 de despesas, que somam R$ 79,4
bilhões. Para atender a essas demandas, o Congresso dispõe de apenas R$ 12,6
bilhões de recursos provenientes da reserva de contingência e da reestimativa de
receitas. Nota técnica da Consultoria do Orçamento da
Câmara e do Senado indica que a maior parte das emendas - R$ 60,4 bilhões - é
destinada a investimentos. Em valores monetários, a área de Infra-Estrutura foi
a mais contemplada, com R$ 17,6 bilhões no total. Em
segundo lugar está a Saúde, com R$ 10,4 bilhões. O parecer preliminar do
Orçamento obriga os deputados e senadores a destinar 30% das emendas individuais
à área.
Valores
Veja abaixo o valor e a quantidade das emendas apresentadas:
- bancadas estaduais: 508 emendas, de R$ 40,7 bilhões;
- bancadas regionais: 10 emendas, de R$ 1,5 bilhão;
- comissões da Câmara: 100 emendas, de R$ 21,7 bilhões;
- comissões do Senado: 53 emendas, de R$ 11,8 bilhões;
- deputados: 7.104 emendas, de 3 bilhões;
- senadores: 1.037 emendas, de 474 milhões.
(*) Fernando Toscano, é editor-chefe do Portal Brasil, seu currículo.
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