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- I N T E L I G Ê N C I A      P O L Í T I C A -
16 / MARÇO / 2007

LULA COMANDA O JOGO POLÍTICO E A OPOSIÇÃO BUSCA SAÍDAS
Por Carlos Fehlberg (*)

            Maioria parlamentar que afasta riscos de CPIs, além de garantir aprovação de planos e projetos no Congresso; PIB reformulado mostrando uma economia maior que a então calculada, gerando destaque interno e externo; Rede de TV pública em andamento e que deve divulgar as ações do governo; reconhecimento de liderança pelo presidente Bush que anuncia compartilhamento em projetos energéticos. Em pouco mais de três meses, o governo Lula usou todos os ensinamentos do primeiro mandato para ingressar num novo tempo. E que começou, a rigor, no segundo turno da eleição passada, quando a estratégia da campanha foi alterada com o presidente saindo de qualquer tipo de defensiva para desorientação da oposição que, até agora, não encontrou outro caminho.

            Tudo isso também abre perspectivas para as reformas e já começa a fortalecer politicamente o governo para o futuro. Para operá-las, se o desejar, o governo já dispõe de amplos poderes. Tributária, Previdenciária, Política etc. Esta última pode até surpreender. O ministro Tarso Genro está no Ministério da Justiça e lá dispõe de condições para tanto. Suas idéias são conhecidas.

            Em três meses, ainda sob o efeito público e político da reeleição, o presidente Lula não perdeu tempo. O atraso na definição do ministério, longe de representar dificuldade, constituiu-se num poderoso instrumento para o fortalecimento e ampliação da base parlamentar. Mostrou um lado novo de Lula, mais afeito ao jogo político, atraindo partidos de esquerda e do centro, além de ampliar um diálogo com muitos setores. A força de sua base política já deu resultados: a CPI do Apagão Aéreo não emplacou.

O outro lado

            E a oposição? PSDB e PFL não estão tão sintonizados como antes. A eleição do presidente da Câmara, que contemplou o PT, teve votos tucanos decisivos, que chegaram a ser alvo de crítica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O PFL vai mudar de nome, passando a chamar-se "Democratas". As seqüelas da condução da campanha presidencial permanecem e o grande teste para avaliar o futuro da aliança será a eleição municipal de 2008. Esta passa a revestir-se, diante do atual cenário, de uma característica decisiva.

            A aliança PT/PMDB deve estar presente com chance real de êxito na maioria dos municípios, um projeto que tem atraso de quatro anos, pois sua montagem foi articulada pelo próprio presidente em 2004, sem êxito. Agora, com o poder do PT e a estrutura do PMDB, a tendência será respaldar o governo federal. Uma vitória ampla nas capitais e grandes municípios terá repercussão na sucessão presidencial de 2010. Tanto quanto as boas notícias do momento, o governo espera garantir seu projeto político com o aval das urnas no ano que vem e chegar à sucessão presidencial muito fortalecido.

            Este é o quadro atual, favorável ao Planalto. E que ainda pode crescer se o governo não cometer erros, como na gestão passada. Eles foram muitos e deram espaço para o desgaste gerado por inúmeras CPIs. O desafio da oposição está multiplicado. Sua única vantagem é o tempo e a humildade para reconhecer os erros cometidos. O jogo político que sempre foi muito dinâmico, no entanto, merece ser acompanhado muito de perto.

A aposta no PAC

            Na sua estratégia, o governo pensou em quase tudo. E começou dando especial atenção a um plano econômico, o PAC. Através dele tentará chegar a estados e municípios, mas ao contrário do que aconteceu em 2003, adota um instrumento de trabalho que abrange muitos setores e regiões. Não se deixa guiar mais pela intuição, propostas de ministros ou reivindicações setoriais. É uma outra correção de rumos em relação ao primeiro mandato. Numa demonstração de que não pensa em privilégios políticos, aceitou debatê-lo com governadores. Ouviu críticas e reivindicações, prometendo avaliá-las. Haverá o segundo tempo, com certeza, mas o que o Planalto trata de fazer é reduzir a crítica e oposição política ao Plano. E usá-lo como forma de dialogar e atrair governadores, mostrando à opinião pública que não faz distinções.

            Este é outro instrumento que se soma ao cenário já apontado e que demonstra que a reeleição, se traz problemas, também mostra novos caminhos. A própria composição do ministério revela a preocupação em abrigar tendências e tornar a sua formação mais ampla, menos sectária. É outro elemento que o presidente reeleito insere no seu esquema, a valorização dos partidos políticos, a ponto de tornar regulares as reuniões com os presidentes de agremiações coligadas. Um tipo de prática que ele pouco fez no primeiro mandato. É bem verdade que estamos no primeiro trimestre do novo período e há muito tempo pela frente. A mudança do presidente Lula, porém, é muito clara. As lições vividas no primeiro mandato estão sendo postas em prática. E com muito jogo político, o que até surpreende partindo de quem relutava em exercê-lo.

Caminhos

            Além de aproveitar as lições do primeiro mandato, Lula está sendo beneficiado por muitos outros fatores. E faz avanços também no campo externo. Identificado como governante capaz de manter o equilíbrio político na América do Sul, onde figuras surpreendentes como Hugo Chávez, Evo Morales e até Néstor Kirchner preocupam os Estados Unidos, desenvolve não propriamente um jogo duplo, mas mantém abertos os canais. A recente visita de Bush e o novo encontro no próximo dia 31 em Camp David são conseqüências da posição que adotou. E que também deve trazer dividendos.

            Este fortalecimento de Lula no campo interno e externo confunde ainda mais a oposição brasileira. A ideologia saiu do debate. A questão econômica vai ter um empurrão a mais com a metodologia do IBGE e a social é mantida sob controle pelo governo, através de seus programas, especialmente o Bolsa-Família. Agora, o Ministério da Educação foi também autorizado a desenvolver um grande programa, em parte pela pregação feita pelo senador Cristovam Buarque durante a campanha. E que, dando certo, credenciará ainda mais o governo.

            Que caminhos restam à oposição? Seus dirigentes começam a avaliar o novo quadro, mas não dispõem das vantagens do primeiro mandato - a maioria e a denúncia. A criatividade será posta à prova e convenções já estão previstas. Só apostar no erro do adversário pode ser pouco.

(*) Carlos Fehlberg é colunista do site "Política Para Políticos" no qual essa matéria foi inserida originalmente.

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