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- I N T E L I G Ê N C I A      P O L Í T I C A -
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VIOLÊNCIA E CONTRA-VIOLÊNCIA
Por Gladston Mamede (*)

            Você já tem um plano de fuga? Para onde você irá, quando enfim tudo estiver fora de controle?

            Nos últimos 20 anos, assistimos o agravamento do crime no Brasil. Dos aparentemente inofensivos bicheiros, que chegaram a freqüentar as páginas coloridas das magazines e se notabilizaram pelo financiamento de escolas de samba, passamos ao cenário atual, no qual verdadeiras holdings da violência exploram tráfico de drogas, seqüestros, assaltos a bancos, roubos de veículos, entre outros nichos de uma promissora “economia criminosa”. Foram-se as navalhas, espalharam-se as armas fogo, incluindo granadas, enquanto já se fala em mísseis. Surgiram “grandes empresários da delinqüência”, adequadamente assessorados de especialistas em armamentos, explosivos, guerrilha urbana, além de advogados e contadores; faltam-lhes – talvez – publicitários e especialistas em marketing. Talvez.

            Pequenos delinqüentes, mesmo fora dessas quadrilhas, são municiados e drogados por tais organizações, criando um fenômeno novo: franqueados do crime, afiliados de bandos maiores e atuando sobre o seu controle e proteção, dentro ou fora das cadeias e presídios, há muito controlados pelo crime. 

            Não foi apenas essa a mudança notada nos últimos 20 anos. Também se viu, no âmbito do Estado, surgirem agentes públicos eloqüentes. Incapazes de reagir ao avanço da criminalidade, surgiram grandes retóricos da segurança pública, de secretários a policiais. Diante dos microfones, olhando com firmeza para as câmaras e para os jornalistas que os entrevistam, são capazes de explicar qualquer problema e garantir que medidas eficazes estão sendo tomadas, que estudos são realizados, que planos estão em andamento, que tudo será melhor.

            Há muito tenho ouvido tais falas otimistas. Mas em lugar de experimentar uma sensação de segurança, criei uma repulsa por tais argumentos que, mudando de boca a cada eleição, apenas afirmam a incompetência dos que estiveram à frente do aparelho de Estado para, efetivamente, enfrentar o problema. Na grande Belo Horizonte, chegamos a assistir até 30 homicídios num único final de semana. Na periferia, há execuções de jovens, até em bares, atingindo a qualquer um. Estamos, sim, num processo de colombização do país, e a União, os Estados e os Municípios não mostraram, até aqui, terem pessoas competentes para impedir esse avanço. Assim, se ninguém gritou ainda, grito eu: "- Salve-se quem puder. Mulheres e crianças primeiro." Minha mãe reza, implora a Deus pela segurança de seus filhos e netos. Alguns amigos mandam blindar os seus carros. Tem gente que já não sai de casa. Eu preciso montar o nosso plano de fuga. É preciso escolher o país, comprar um imóvel, deixar tudo pronto para ir embora. Os que tem cidadania italiana, retornarão à península, como já acontece com os colombianos e argentinos. Os novos "exilados" brasileiros, não mais fugirão de uma ditadura política, mas da incompetência de nossos homens públicos para nos dar segurança, não importa quais sejam seus partidos.

(*) Por Gladston Mamede, advogado, doutor e ex-professor de direito da UFMG, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais
e titular da coluna de direito do Portal Brasil. E-mail: [email protected].

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