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Em entrevista coletiva à
imprensa, a presidente da Argentina Cristina Kirchner
dedicou elogios à política industrial do Brasil e mencionou
a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegará
neste domingo, 03, à Buenos Aires.
"É inédita a presença de uma
delegação empresarial como a que traz Lula", disse.
Cristina destacou que, em primeiro lugar, essa visita revela
a firme convicção dos dois presidentes da necessidade de
integração dos países e, segundo, que a Argentina é
altamente atraente para investimentos.
Ela lembrou que a recuperação da indústria argentina
teve início no governo de seu marido, Néstor Kirchner, em
2003, e a comparou com a brasileira. "Nós começamos a
recuperar lentamente o processo de industrialização e se
compararmos o desenvolvimento que tínhamos nos anos 40 com o
Brasil, tínhamos uma política aeronáutica muito mais
importante, mas hoje o Brasil tem uma empresa como a Embraer",
comparou. Segundo ela, o progresso da indústria se deve ao
implemento de "políticas de Estado permanentes,
independentemente dos governos".
Cristina comentou as posturas diferentes entre os
dois países na Rodada Doha, ressaltando justamente como
motivo os distintos níveis de desenvolvimento da indústria
do Brasil e da Argentina. Ela nessa questão comercial é
preciso ser pragmático, sem dogmas nem ideologias. A
questão, disse, é o quanto os países desenvolvidos estão
dispostos a ceder e o quanto os emergentes querem ceder.
"A proposta feita não soa um bom negócio para os
países emergentes e, principalmente, no caso da Argentina
com um grau de desenvolvimento industrial menor que o do
Brasil", explicou. "As visões diferentes e
adversidades não significam que não podemos articular um
objetivo comum e de fato estamos fazendo e abordaremos esse
tema (Doha) com Lula e Chávez", ressaltou destacando
também a presença do presidente da Venezuela, Hugo Chávez,
na segunda-feira, 04, quando será
realizada uma reunião trilateral.
"Creio que é muito importante para a integração também a
presença de Chávez, e vocês me escutam sempre falar de que
para a equação energética do Mercosul é fundamental ter a
incorporação da Venezuela", disse.
Sobre o conflito com o setor agropecuário, desde
março, Cristina afirmou que "o governo sempre teve a
agenda aberta aos setores econômicos" e que "voltaria
a fazer tudo de novo", inclusive ditar a resolução 125,
que aumentou as alíquotas de exportações agrícolas e detonou
a crise. Ela desmentiu os boatos
de demissão do secretário de Comércio Interior, Guillermo
Moreno, responsável pela manipulação dos números da
inflação, e defendeu a metodologia de medição. A presidente
negou qualquer nova mudança de nomes em seu governo e evitou
falar sobre o vice-presidente Julio Cobos dizendo apenas que
respeita as instituições.
Cristina também desmentiu que seu governo é comandado
pelo ex-presidente Kirchner. Em 2003, quando seu marido foi
candidato e venceu as eleições, "todos diziam que quem ia
ser a verdadeira presidente seria eu, que eu ia mandar e
decidir, porque Kirchner era um pusilânime e não podia
governar". Kirchner era muito desconhecido, lembrou
afirmando que "agora eu sou a débil, pusilânime e
manejável". "Esses comentários e análises obedecem a
uma visão enviesada e nós trabalhamos com a mesma visão e as
mesmas idéias sobre a sociedade que queremos para a
Argentina há anos".
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