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- I N T E L I G Ê N C I A      P O L Í T I C A -
16 / JANEIRO / 2008

POSSE DE LOBÃO INAUGURA LUTA PT x PMDB POR CARGOS
Por Josias de Souza (*)

            Longe de pacificar, a nomeação de Edison Lobão para o ministério das Minas e Energia acendeu uma disputa entre os dois maiores sócios majoritários do consórcio governista: PMDB e PT. As legendas medem forças pelo controle das companhias elétricas, jóias da coroa estatal. Juntas, movimentam um orçamento estimado para 2008 em mais de R$ 5 bilhões. Tocam algumas das mais vistosas obras do PAC.

 

            Lideranças do PT espantaram-se com uma expressão usada pelo ministro José Múcio, coordenador político de Lula, ao delimitar o raio de ação de Lobão. Disse que o novo ministro terá “carta branca” para recompor o organograma da pasta. “Não aceitaremos pacificamente a desmontagem do ministério”, disse um mandachuva do petismo. “Não temos preocupações hegemônicas, mas consideramos essencial que os postos de direção das principais empresas do setor sejam ocupados pelo partido do ministro”, redargüiu um grão-peemedebista.

 

            O PT controla no ministério agora confiado a Lobão cerca de três dezenas de cargos. Escorado na ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), espera salvar a maioria. Embora vencida na escolha de Lobão, um nome para o qual sempre torceu o nariz, Dilma tem a pretensão de funcionar como espécie de filtro de Lula na dança de cadeiras que se avizinha.

 

            Ciente da fragilidade técnica de Lobão e do poder de fogo de Dilma, o PMDB foge da briga. Dispõe-se a negociar as nomeações. Aceita compartilhar o ministério com o PT. Concorda em manter a salvo do troca-troca os melhores quadros técnicos. Mas chega ao ministério com um lote de nomes dos quais não abre mão.

 

            De cara, Lobão vai trocar o secretário-geral da pasta. Decidiu despachar Nelson Hubner. Ligado a Dilma, ele vinha respondendo interinamente pelo ministério desde que a cabeça de Silas Rondeau fora ceifada pela lâmina da Operação Navalha. Como demonstração de boa vontade, pretende-se acomodar no posto o engenheiro catarinense Márcio Zimmermann que já é funcionário do ministério. Embora seja próximo de José Sarney, não é rejeitado por Dilma. Bem ao contrário.

 

            Em contrapartida, as outras trocas já programadas pelo PMDB não agradam nem à chefona da Casa Civil nem ao PT. O comando da Eletrobrás Lobão deseja entregar a Astrogildo Quental, outro personagem que é unha e carne com Sarney. Sai Valter Cardeal, homem de Dilma. A Eletrosul, Lobão quer confiar ao peemedebista Paulo Afonso, ex-governador de Santa Catarina. Sai Ronaldo Custódio, de novo um homem da confiança de Dilma. Para a Eletronorte, o novo ministro deseja nomear Lívio Rodrigues de Assis, um apadrinhado do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

 

            No ano passado, o PMDB já havia cravado o ex-prefeito carioca Luiz Paulo Conde na presidência de Furnas. Foi uma das condições impostas pela bancada peemedebista para votar a favor da CPMF na Câmara. Por conta da mesma votação, o partido arrancou de Lula o compromisso de nomear Jorge Luiz Zelada, dodói do PMDB de Minas Gerais, para a diretoria Internacional da Petrobras. Promessa que Lula vinha empurrando com a barriga e que Lobão chega à Esplanada decidido a honrar.

 

            De resto, há uma velha demanda do PR, outro partido do consórcio lulista, aguardando na fila da fisiologia que se formou na porta do ministério das Minas e Energia. O PR quer emplacar Lúcio Alcântara, ex-tucano e ex-governador do Ceará, no comando da Chesf. Um pleito que, em reserva, Lobão mostra-se disposto a atender.

 

            Dificilmente as barricadas que o PT vai armar conseguirão deter a marcha do PMDB rumo ao organograma das Minas e Energia. Apesar das resistências de Dilma, Lula convenceu-se de que ou atende o PMDB ou não terá mais sossego no Congresso. Restará ao PT zelar para que os prováveis novos comandantes de estatais não desalojem os petistas abrigados nas diretorias e em postos inferiores.

 

            Essa briga promete. Será uma luta curiosa. Os partidos entrarão com os punhos. O contribuinte, com a cara. Ou, por outra, com o bolso. Entre jabs e esquivas, vão ao plano secundário os problemas do setor elétrico. Problemas cabeludos.

 

(*) Josias de Souza, 45, é colunista do jornal "Folha de São Paulo".

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