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P E N S A M  E N T O S    &   C I A.
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AMAR DEMAIS É AMAR DE VERDADE?
"By Lela"

Quando pretendemos encerrar em nossas paredes e ao nosso lado as pessoas que amamos, corremos grandes riscos de sofrimento e dor, tanto a eles como a nós mesmos. Não deixar ir quem amamos na hora certa, caracteriza um certo egoísmo em função de um amor exacerbado que, ao invés de alegria, pode-se transformar-se em grande sofrimento. É como cortar as asas do ser querido, como a uma borboleta que não voou porque alguém, pretendendo ajudá-la, tirou-a do casula antes da hora apropriada.

Acontece com  os nossos filhos, por exemplo,  quando  os cercamos de cuidados excessivos e eles crescem e não percebemos que é hora de, aos poucos, soltar-lhes as amarras, deixá-los ir. Este aprendizado eu tive em um momento de grande dor quando, obrigada pela fatalidade, vi arrancada do meu seio a minha filha. Aí, numa situação como esta, queira ou não, somos obrigados a abrir mão do que mais amamos na vida. O abismo se abre diante de nós e entramos em queda livre rumo a escuridão da dor. Difícil aprender assim. Terrível. Num momento como este somos forçados a entender que nada nos pertence, nem mesmo aqueles a quem escolhemos ter com todo amor possível, que cuidamos pequeninos, que alimentamos, acalentamos, aquecemos, amamos. Então olhamos nossos outros queridos e reaprender a fitá-los sob outro prisma, dar-lhes liberdade, dizer não e sim na hora certa ao mesmo tempo que somos provados pelo fogo da agonia, necessita-se de muita fé, paciência, perseverança para uma nova direção.

Os filhos crescem, tornam-se pessoas com querer próprio e, ainda bem que isto acontece. Então é preciso deixar que nossos amados voem livremente, e quando decidirem sair pelo mundo, quando escolherem os próprios caminhas o deixemos ir com nossa bênção, pois ao ao tentar segurá-los, nosso risco de sofrer e causar sofrimento é muito maior.

Aprendi quando pequena que quando tentamos segurar alguma coisa com muita força em nossas mãos, ela se nos escapa por entre os dedos. Porém, por mais que escutemos coisas parecidas, temos a tendência à possessividade, mesmo que esta possessividade assuma a forma de amor. Mas aí é que o amor verdadeiro deve se manifestar. E não é fácil.

A nossa responsabilidade para com os filhos vai até determinada idade e a nossa responsabilidade para com outras pessoas, em nossas demonstrações de amor vai até onde estas pessoas permitem.

É doloroso quando alguém que uma dia nos amou com o amor  Eros  (aquele com quem se manteve um relacionamento continuado) e a quem também amamos da mesma forma, nos diz que acabou. Mesmo que esta pessoa nos ame ainda de outra forma, a rejeição que isto traz em seu bojo leva muitas pessoas a negarem o que está acontecendo. E quando este ralacionamento vem de um longo tempo então, há uma tendência em não querer admitir que a outra  pessoa se vá. Nestes relacionamentos sempre existe um lado raivoso e desesperado ou até mesmo “a negação” de que algo não existe mais. É nesta hora de prova maior que temos a enorme dificuldade de vivenciarmos nosso lado generoso e compassivo, pois quando não aceitamos, ferimos vedando o direito de alguém ser livre. Penso que da mesma forma que escolhemos estar com alguém, devemos ter a liberdade de sermos fiel ao nosso sentimento de não querer mais ficar. Duro é admitir isto quando acontece conosco, mas não se pode “reter” quem não quer mais ficar e nem o condenar por isto. As razões são as  mais inexplicáveis possíveis ao nosso compreender. Certamente o sofrimento não está só com quem está ficando e não é fácil abrir mão simplesmente daquele que julgamos ser nosso, mesmo porque também existem as cobranças de uma cultura em que, mesmo em tempos de casamentos efêmeros, uma separação é sempre algo reprovável. Porém recusar-se a enxergar que determinada condição é ruim para os dois é condenar a si e ao outro a um modo de vida desventurado.

Existe quem use o argumento de que está protegendo a pessoa e tenta impor a própria vontade e desejo usando uma suposta autoridade, sofrendo e causando sofrimento com uma ação possessiva. Sendo infeliz e não permitindo que seja feliz; acomodado, julga-se dono do destino do outro; egoísta, pensando no interesse próprio; sem auto-estima,  vendo-se como um incapaz de reencontrar alegria, felicidade, bem-estar de outra forma, inflige à outra pessoa responsabilidade de fazê-lo feliz.

Quando, por fim, quem quer ir embora vê-se impedida de sair sem traumas, é obrigada a carregar consigo uma carga que não deveria lhe pertencer. A tarefa de fazer alguém feliz, quando a felicidade está em cada um. Neste momento tomar a decisão de sair do relacionamento de qualquer forma é muito sofrido para ambos.

Sempre que o querer de um, por mais que seja boa a intenção, tenta de qualquer forma dominar, impede o outro de crescer, aprender, viver a vida que só a ele pertence, pois não consigo conceber a idéia de que, por mais que tenha havido promessas de estar sempre juntos, a vida é algo individual que somente o próprio indivíduo pode  vivê-la, não cabendo a ninguém o direito de tentar reter junto a si outra pessoa sejam quais forem os argumentos usados.

Assim também nas amizades, nos casamentos, namoros, filhos. Cada um tem o direito natural de ser livre sempre e é nestes momentos cruciais que podemos e devemos demonstrar nosso amor verdadeiro para com o próximo: cuidar quando for preciso; ser responsável por alguém enquanto este alguém ao seu lado permitir; amar incondicionalmente em qualquer situação; deixar ser livre a todos e, essencialmente ser feliz consigo mesmo. Assim não somente um será feliz, mas fará, deixando ser livre, felizes os demais.

PUBLICAÇÃO AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELA AUTORA
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