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I N T E L I G Ê N C I A      P O L Í T I C A
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Fernando Toscano fazendo exposição em audiência pública na Câmara dos Deputados, dia 09 de junho de 2009A POLÍTICA EM CINCO "DURAS" LIÇÕES
Por Fernando Toscano (*)

Lição 1:

            Durante o primeiro governo Lula estive muito próximo da política. Eu havia conhecido o ministro Antônio Palocci, quando prefeito de Ribeirão Preto, em 1993. Na época um dos seus secretários, e superintendente da Telerp, era o Ricardo Gorayeb. Eu trabalhava na Associação Brasileira de Radiodifusão e Telecomunicações - ABRATEL, entidade que agrupava as emissoras da Rede Record e algumas poucas da Rede TV! além de outras menos badaladas. Eu comandava toda equipe terceirizada de lá e o presidente era o Dr. Roberto Wagner Monteiro - Diretor Nacional Corporativo da Rede Record. Na época eu era mais um na equipe, só que com mais funções e responsabilidades. O Dr. Roberto era gentil com poucos - e eu era um deles -, mas quando falei da indicação para a presidência do Serpro ele riu, com cara de pouco caso. Depois, como ele tinha bom trânsito entre parlamentares, descobriu que era tudo verdade, que eu tinha apoio integral do PT, PP e PTB. Passei a ser "o bom amigo", de almoços diários e até recebi convites para festas em sua mansão no Park Way. Eu era o "Toscano, meu amigão" - palavras dele! Ainda me lembro dele falando de mim para a Cristina Boner, sua amiga, dona da TBA, empresa do ramo de tecnologia que faturava, na época, R$ 400 milhões por ano: "O Toscano não é qualquer um que apareceu por acaso e caiu de pára-quedas aqui. O seu pai, Dr. Walder Toscano, foi assistente da diretoria da Eletronorte por décadas tendo, inclusive, acumulado as funções de diretor interino daquela estatal por um período em que houve o acidente com um jatinho da empresa e três de seus diretores faleceram!." Encerradas as negociações para o cargo, eu desisti, parlamentares foram cassados, a nomeação foi suspensa e quem era Fernando Toscano? Nada... a partir daí nunca mais almocei com o Dr. Roberto e nunca mais fui convidado a nada por ele. Foi uma grande decepção e, embora estivesse preparado para isso, fiquei indignado e surpreso. Situação hoje: Roberto Wagner demitido da Rede Record e da ABRATEL, virou um consultor, sem poderes, nem nada..., logo o "poderoso RW", como era chamado pelo André Luís, diretor-executivo da ABRATEL. E o André? Também demitido, acusado de administração fraudulenta, acusado de conseguir respostas em provas de concursos públicos, com uma carteira da OAB, no mínimo suspeita (é... ela é do Acre, mas ele nunca esteve lá...), ainda colocou a Associação na justiça do trabalho e vai conseguir, pelo jeito, aquilo que não lhe pertence. Esses são os homens políticos do grupo. Lição nº 1, piada nº 1, experiência e aprendizado...

Lição 2:

            Nessa mesma época eu tive que abdicar das funções no grupo da Rede Record, porque o Palocci não ia com "a cara" do Bispo Macedo. Perdi o emprego (porque pedi demissão) e fiquei também sem o cargo público. Palocci, pouco se importou, ainda fez trabalho contra; Ricardo Gorayeb, que, médico e homem decente, parecia amigo, sumiu. Ainda me lembro que, de passagem por Ribeirão Preto fiz uma ligação para ele e este fez pouco caso. Não falou com interesse e tinha pressa em desligar. Pensei: Sou humilde, mas humildade é uma coisa e humilhação é outra. Não aceito isso comigo nem com ninguém. Nunca mais liguei. Quem é Palocci hoje? Nada! Perdeu o cargo de ministro, foi acusado de uma série de irregularidades em sua gestão naquele município. De qualquer forma é um homem digno, jamais soube de qualquer ato suspeito dele. É o melhor nome do PT! E Ricardo Gorayeb? Bom, politicamente ele não é nada, mas é médico, uma profissão de respeito, professor da USP, mas na política não representa nada... Lição nº 2 captada, experiência nº 2 absorvida... 

Lição 3:

            Badalado, eu era protegido pelo deputado federal Pedro Corrêa (PP/PE), presidente do PP, e pelo presidente da Câmara dos Deputados (Severino Cavalcanti - PP/PE). Fui, assim, indicado para presidente do Serpro e depois para secretário-adjunto do ministério das Cidades (ministro Márcio Fortes, também indicado pelo PP). Certa vez me apareceu um homem de origem coreana me pedindo dinheiro. Ele tinha residência em Vancouver, Canadá, e era o negociante do Severino Cavalcanti. Queria R$ 2 milhões pelo cargo (segundo ele R$ 1 milhão aqui e o resto no exterior, mais R$ 300 mil por mês para assumir o cargo). Nunca soube se era verdade, se Severino Cavalcanti quem mandara o tal emissário e jamais poderei acusá-lo. Poderia ser um simples aproveitador, lobista.

            Nessa época tinha ótimo relacionamento com Pedro Corrêa, tomava café com ele em sua residência, tinha seus telefones privativos e secretos, falava com ele inclusive em sua fazenda no interior de Pernambuco. Não sei se havia acordo entre ambos, mas só sei que depois disso estive na residência de Pedro Corrêa, na asa sul (ele mudara da 302 norte para a 313 sul). Ele me pediu que aguardasse na garagem que não queria ninguém me vendo. Entranhei, mas segui a sua orientação. Segundo ele sairíamos, em breve, no seu veículo particular (um Santana verde camuflado). Estava no dele apartamento um indicado do partido para o DNIT e jornalistas. Fiquei 1 hora e meia na garagem. Me senti constrangido e humilhado, não pude subir ao apartamento e não entendia o motivo. Mais tarde eu entenderia. E dei graças a Deus por não me envolver naquele jogo sujo, mas, de qualquer forma, jamais aceitaria pagar algo, jamais estaria envolvido nesse jogo sujo do poder. Resultado: Pedro Corrêa e Severino Cavalcanti foram acusados de envolvimento com o "mensalão" e outras irregularidades, renunciaram e perderam os cargos. Roberto Jefferson (PTB/RJ), aliado estreito de Pedro Corrêa, que me apoiava a pedido de deste, mesmo sem me conhecer (havia um acordo entre PP e PTB), idem. O coreano também sumiu. Lição nº 3, piada de mal gosto nº 2, experiência nº 3...

Lição 4:

            Eu havia conversado algumas vezes com Severino Cavalcanti (líder do PP e até então apenas um deputado como outro qualquer). Estava diariamente com Pedro Corrêa, seu colega de parlamento e partido (presidente do PP). Certa vez fui até o ministério do Desenvolvimento encontrar Pedro Corrêa, que fazia uma visita de cortesia ao então secretário-executivo, que estava substituindo o ministro Furlan, em viagem (o filho do secretário havia falecido num acidente). Quando, no térreo, junto ao seu carro cheguei. Então vêm os dois figurões deixando o edifício pela saída privativa do ministro. Pedro Corrêa me cumprimenta e quando fui cumprimentar Severino Cavalcanti este chega, estica a mão, cumprimentando-me. Pedro diz então: "Esse é o nosso protegido para o Serpro". Severino diz: "Satisfação". Fiquei estarrecido, ele fez que não me conhecia...

            A falsidade era tanta que um se mostrava aliado do outro, mas cada um que lutasse pelo seu protegido. Pedro me disse certa época: "Não comente nada do que falamos com Severino". Certa vez ele se interessou em saber de um irmão meu que reside e trabalha em um banco, em Toronto, no Canadá. Desconversei, ele não gostou e ficou por isso mesmo. Lição nº 4, piada nº 3, experiência nº 4...

Lição 5:

            Tinha bom trânsito no Congresso. Na época conversei muito com Francisco Dornelles (PP/RJ), algumas vezes com Waldir Pires (PT/BA) e Nélson Pellegrino (líder do PT/BA), além de outros figurões do PT. Quando a Dilma Lana Rousseff era ministra de Minas e Energia entreguei, através do PP, ao ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, um dossiê a respeito de algumas falcatruas do então indicado para a presidência do Serpro e este nada fez apesar das suas promessas - o denunciado acabou nomeado e posteriormente demitido e denunciado pelo Ministério Público - uma notinha a respeito eu consegui incluir na Revista Época. O governo me pediu paciência, que não fizesse mais isso pois era compromisso de campanha com a Marta Suplicy - que foi quem o havia indicado ao cargo. Detalhe: ele fora vice-presidente do Citibank no Brasil e da Caixa Econômica Federal, envolvido na GTec, contas fantasmas, Banestado, etc - esse era o homem de confiança deles!. Aí, como nada acontecia, resolvi escrever um artigo sobre a Dilma (isso ainda está aqui no Portal Brasil já que nenhuma matéria é retirada). Contei verdades, elogiei naquilo que cabia, mas fiz várias referências à sua obscura atuação na guerrilha nos anos 60 e 70.

            Certo dia Pedro Corrêa (presidente do PP) me liga desesperado e fui até ele. Ele me disse assim: "O Lula quase me fez engolir aquela sua matéria falando da Dilma. Preciso que você se retrate urgentemente". Pois bem, fiz uma matéria justificando que apoiava o governo Lula - e ainda apoio - e que aquilo não foi escrito por mim já que muitos escreviam matérias no Portal Brasil e se utilizavam do meu nome, bastante conhecido. O tal papel foi entregue na Casa Civil e recebi o seguinte recado do José Dirceu, agora já de posse do documento em mãos: "No governo do PT você jamais assumirá nada". Hoje José Dirceu também não ocupa mais cargo no governo, denunciado também... Lição nº 5, "se falar não se retrate nem confie neles", experiência nº 5...

Resultados:

            Desisti definitivamente de entrar nessa política suja, de homens sujos, sem escrúpulos,  movidos a vaidades, interesses, poder e dinheiro. Aquela estória do bom brasileiro que sonha em fazer um trabalho honesto e digno para o país simplesmente não existe. O que existem são pessoas infelizes fazendo discursos mentirosos para que o povo, humilde em sua maioria, acredite. É a força do mal - isso está na Bíblia...

            Sou feliz trabalhando na iniciativa privada, sou respeitado e admirado, tenho orgulho do meu site - Portal Brasil - no qual sou independente e não dependo de verba pública, fui indicado a presidente de uma associação que está lutando pelos direitos de milhares de aposentados, pedevistas e demitidos, que denunciou falcatruas e fraudes (como a do Decreto nº 81.240/78), vou a organismos internacionais e quero por tudo isso em pratos limpos. Sou sofrido na vida porque fui inocente, quis ser justo e acabei julgado por muitos sem caráter, sem personalidade e sem dignidade de vestir as calças que usam. Como digo: "estive no céu e no inferno e descobri que o céu é bem melhor". Pergunto: "Deu para perceber onde fica o inferno e quem são seus membros? Fuja de lá correndo e ganhe a sua paz..."

            Ainda tem muitas estórias e histórias boas para contar... um dia, quem sabe, eu volto com elas...

(*) Fernando Toscano é o editor-chefe do Portal Brasil ==> Seu currículo

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