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C O M P O R T A M E N T O
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TOM COELHOPAPAIÊ
Por Tom Coelho (*) 

“Há três fases na vida de um homem.
Ele acredita em Papai Noel, ele não acredita em Papai Noel, ele é Papai Noel.”

(Robert Byrne)

            Meus filhos estão crescendo. Pode parecer uma observação estúpida de tão óbvia, mas é um fato que a gente só percebe quando uma data feito o “Dia dos Pais” se avizinha.

            Gabriel vai completar 13 anos esse mês. Portanto, fará jus a ser qualificado como um autêntico “teenager”, ou simplesmente, “teen”. Imagine que poucos meses atrás descobri que ele estava namorando. Sim, descobri, porque ao acessar o Orkut vislumbrei suas novas fotos e a mudança de seu cadastro para “namorando”. Telefonei para dar-lhe os parabéns e ele jurou que iria me contar. Ótimo, embora a notícia já fosse pública para o mundo inteiro!

            Matheus fez 11 anos recentemente. Como a diferença de idade entre eles é pequena, são grandes parceiros, seja para brincar e confidenciar, seja para discutir e guerrear. Por ser o caçula, é naturalmente vinculado ao irmão a quem segue na maioria das iniciativas.

            O negócio deles é o mundo eletrônico. Se deixar, desintegram-se na frente do computador ou videogame. Ou derretem os tímpanos ouvindo coisas que chamam de música no iPod. Compreensível, para uma geração multitarefa e midiática que nasceu com chips implantados pelo corpo.

            Mas há um detalhe que tem sobrevivido aos anos. Embora as pernas estejam crescendo, e a ingenuidade se despedindo, eles ainda me tratam por “papai”. Ah... que melodia agradável é ouvi-los me chamando assim! Parece que o tempo congela, que eles ainda usam chupetas e eu ainda não conheço o que é calvície.

            Quando estão mais agitados, eles dizem “papaiê”. Como que cantarolando, perguntam: “Papaiê posso isso?”, ou ainda, “Papaiê vamos fazer aquilo?” Então, apresso-me a lhes responder, saboreando o momento, porque meu grande receio é pela chegada quase inevitável do dia em que dirão apenas “pai”. Nesta ocasião, saberei que mais uma fase da vida foi transposta e me restará apenas aguardar que outro filho venha para me encantar novamente com “papai”, ou que surjam netos a pronunciar “vovô”. 

            É por isso que invejo os nordestinos de algumas localidades que tratam pai e mãe por “painho” e “mainha” respectivamente. Eles garantem aos genitores a possibilidade ímpar de viajar recorrentemente por um túnel do tempo, bebendo nas glórias do passado, revivendo alegrias, renovando emoções.

            No próximo domingo, três gerações estarão à mesa. A de meus filhos, que já estão deixando de acreditar em Papai Noel; eu, que há muito defenestrei este mito; e meu pai, cujos cabelos brancos já lhe conferem autoridade para bancar o bom velhinho. De meus filhos, espero ouvir o mesmo que direi a meu pai: “Amo você, papai!”.

(*) Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 15 países. É autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva,
e coautor de outros quatro livros. Contatos através do e-mail
[email protected]. Visite: www.tomcoelho.com.br e www.setevidas.com.br.

MATÉRIA AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO SEU AUTOR
OS DIREITOS AUTORAIS DESSE TEXTO ESTÃO RESERVADOS AO SEU AUTOR


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