Pela primeira vez passo o carnaval fora do Brasil e confesso que até sinto falta.

           Não que eu tenha me “acabado” nos carnavais nestes últimos anos, mesmo porque até ando quieta, numa fase meio reflexiva. Logo eu que sempre fui foliona desde criança. Por força das circunstâncias não estou nem no Recife para ver o carnaval mais autêntico do mundo (opinião de quem viveu pelas ruas atrás dos blocos) e nem no Rio de Janeiro para acompanhar o cordão do Bola Preta, e nem mesmo na Sapucaí pelo Salgueiro. Eu gosto de experimentar emoções diferentes. Amo o Brasil e suas manifestações populares. A cultura do povo me encanta.

           O que acontece na verdade é que estou assistindo outro tipo de espetáculo: o da natureza! acabo de passar o dia diante de uma das belezas naturais mais impactantes, estonteantes que já pude ver. Eu costumo dizer que o Brasil é campeão em belezas naturais, uma geografia belíssima como, por exemplo, o Rio de Janeiro que ostenta uma mistura de montanhas, mar e floresta. Se estamos no Cristo Redentor ou no Pão de Açúcar a paisagem que se abre diante de nós é avassaladora! uma beleza inenarrável! e o que dizer de Fernando de Noronha, da Floresta Amazônica e seus rios caudalosos, as Cataratas do Iguaçu, e tantas outras mais que poderia enumerar?

           Cheguei a pensar que eu deveria ter esperado o carnaval passar para depois viajar, mas há tempo para tudo, creio nisto. Pois bem, hoje saí da cidade onde estava logo cedo, para conhecer uma atração turística muito visitada e que na verdade nunca tinha ouvido falar até poucos dias. Depois de percorrer paisagens belíssimas por mais de duas horas chego ao local, estaciono o carro que eu tinha alugado, após caminhar pouco mais de cem metros, atravesso a rodovia e logo vejo o mar imenso, aberto, azul, dominando soberano, imponente todo o horizonte; contornando o mar as falésias de mais ou menos setenta metros de altura; entre os dois um grupo de colunas calcárias que surgem majestosamente e que são designadas de Os Doze Apóstolos. A visão é tão poderosa que não me restou saída senão chorar de emoção. O que fazer diante de tanta beleza e poder? Apenas sentir-me pequenina, pequenininha mesmo. Há os que acreditam em Deus, há os que não acreditam. Sou daquelas que respeita a forma de pensar de cada um, mas não há como negar o poder do Ser Superior diante de tão inexplicável esplendor. E este Ser eu chamo pelo nome de Deus. Até agora, aquela visão está diante de mim e eu não queria mais sair de lá. Não conseguia parar de me extasiar com o que eu tinha o privilégio de ver. Tão poderosa a impressão que outro espetáculo era observar a expressão do rosto das pessoas que iam chegando ao local pela primeira vez, maravilhadas.

O que são “Os Doze Apóstolos”?

           Um grupo de colunas calcárias dentro do mar ao largo da costa do Parque Nacional Port Campbell, no estado de Victoria, Austrália. Margeando temos a Great Ocean Ride (Grande Estrada do Oceano). O início da formação dos Doze Apóstolos deu-se há milhões de anos (entre 10 e 25), não se sabe ao certo. Nesta época, a região era coberta pelo mar e ao longo deste período todo o material rico em cálcio, como criaturas marinhas, conchas e outros sedimentos deram início às formações calcárias.  O oceano e os ventos violentos, típico da região erodiram a tal ponto estas formações que separaram as colunas da margem. A erosão, é claro, continua e o título de “Doze Apóstolos”, foi dado em meados do século passado quando eram justamente doze as colunas. Hoje, apenas oito resistem. Entretanto, esta mesma erosão certamente formará outras colunas e esperamos que toda a beleza da região permaneça, pois o desgaste na base das colunas calcárias é de aproximadamente dois centímetros por ano, de todo modo nada altera a sensação do poder que nos é passado pela maravilha que a natureza nos brinda.

           Se eu amo meu País, suas belezas naturais, a manifestação popular, algo vem e nos diz que poderemos nos surpreender mais e sempre, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, mesmo porque isto é vida, é a vida em sua dinâmica, em sua transformação constante a nos presentear quando nos dispomos a superar nossas limitações e abrir nossas mentes para o universo.

           Ao Criador toda a honra!