O meu olhar dilatado e mel
fixo em teu amado rosto

Dancei, cantei e o meu sorriso abriu-se,
meu espírito esparramou-se
quando vi a alegria na calçada

O rosto era de porcelana
há tempos idos
não reconhece hoje no espelho
os  pontos marcados, feridos,
os contos de fadas apagaram-se,
os sonhos pelas frestas da mesa escoaram,
ficaram perdidos

Meu corpo encoberto
deseja tuas mãos
Sou gotas de orvalho

O amor, amor, o que mais se deseja
serpentinas, confetes pelas cabeças ...
sonhos, vida que passa, amores, amantes, amigos?

Caminhas tu agora encurvado.
Onde está teu porte altivo, tua beleza atrevida?
Amei-te, amastes, não me amastes
A tua amada não mais te ama. Vida.

O mar me seduz
quando verde ou azul me chama, assusta-me, encanta-me.
O resumo de tudo: poderoso túmulo!

Os mistérios do mundo grande
Casas de pedra, rostos distintos, hábitos estrangeiros
e esta alma derramando-se, entregando-se
deseja ser todos os povos, ter todos os lugares, beijar todas as bocas...

Peço licença para ser o que desejo,
Não quero pedir perdão, quero ser pura
sem a moral dos hipócritas
que meu id não me enrubesça amanhã de manhã.
e eu seja o ser humano dos primórdios
sem as vestes impostas e sem a dor do parto,
sem cardos, sem rituais.