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P E N S A M  E N T O S    &   C I A.
1 6  /  J A N E I R O  /  2 0 1 1

P A S S A N D O     P E L A     V I D A
"By Lela"

O que tenho que fazer enquanto vivo?
Acordar pela manhã, lá pelas dez horas,
Sentir o sobressalto do meu coração,
Olhar meu rosto no espelho, e
a nova ruga na mão.

Evitar as rusgas
que acaso surjam;
não sujar com mágoas meu coração ,
voar com minhas transparentes asas
depois descer à terra para viver
pesadelos reais, letais, fatais, desleais;
fugir dos ais quando eles insistirem
em entrar em meus sonhos de amor e paz.

Escolher minhas sandálias
e caminhar por esta vida que se impõe
cheia de dores, amores, temores,
desabamentos, desalento e a imprudência dos homens.
Resvalar meus pés sobre minha insensatez:

por

matar as cobras e construir nos alagados;
não entender de proporção e me envolver
com homens vaidosos e enfadados,
incomodar com meus risos infantis, extravagantes,
correr demais ao volante,
levitar!

E no almoço contar as calorias
mas regalar-me com pão e manteiga todos os dias
sem conseguir ser a sílfide dos comerciais.
Não me importar com o que pensam,
mas cumprir meus deveres e respeitar a hierarquia
por sentir prazer na vocação e na rebeldia.
Devanear, planejar mil viagens,
singrar os céus e  as almas
explorar os mares e as formas dos mundos e da anatomia.
Ser casta e libertina, avançada nos anos e menina
Mortal! 

Na frescor da tarde que finda, transitar no lusco-fusco
que me ofusca a consciência e mergulhar
na noite que oculta a razão da existência.
Quando então a sós, desnudar-me das vestes cotidianas
encontrar-me enfim no vazio que me faz lúcida e bendita.
Sou apenas eu no espaço do meu leito,
o portal que se abre para levar-me ao paraíso
das fantasias e dos meu ideais.
Nada se interpõe em meu caminho e não corro riscos de tropeçar
em crenças, conjecturas, frustração, pseudo-sábios, discursos ocos...
efetivamente sou leve e transparente,
essência a flutuar dispensando dos prazeres
que durará até o alvorecer.

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