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C O M P O R T
A M E N T O
0 1 / J U N H O /
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A
relevância das datas comemorativas
Por Tom Coelho
(*)
"As
datas, só elas dão verdadeira consistência à vida e à sorte."
(Eça de Queiroz)
Sempre fui pouco afeito a
datas comemorativas. Afinal, a maioria parece criada apenas para atender a fins
utilitaristas. O Dia das Crianças, para a indústria de brinquedos; o Dia dos
Namorados, para diversos segmentos do comércio; o
Black Friday,
para promover liquidações em geral.
Há até mesmo, acredite, o Dia da Ressaca (28 de fevereiro, melhor que dia 29, ou
bebuns de plantão só teriam direito a pausa nos anos bissextos), o Dia do Pi (14
de março, que na notação americana com formato mês/dia seria 3/14, a aproximação
mais conhecida de Pi) e o Dia do Cotonete (25 de junho)!
Contudo, mesmo dentro deste contexto, começo a reavaliar a relevância de algumas
datas. Afinal, temos vivido de forma tão intensa, rápida e automática que pausas
fazem-se necessárias. Diariamente, são muitas mensagens para responder,
telefonemas para fazer, visitas a realizar. Relatórios a serem preenchidos,
reuniões para participar, projetos a concretizar. Nossa caixa de entrada está
recorrentemente cheia, a lista de tarefas sempre repleta, o tempo cada vez mais
exíguo.
Prova disso é que basta você se ausentar de seu trabalho por um ou dois dias,
para uma convenção corporativa, por exemplo, e ao retornar será completamente
sugado pela sua rotina, muitas vezes sem conseguir sequer colocar em prática o
mínimo do que foi aprendido.
O mesmo quadro se repete em sua vida pessoal. A academia para frequentar, a pilha de livros para ler, a casa para cuidar e as contas a pagar. Além dos familiares e amigos clamando por sua atenção.
O sentimento de
culpa invade sua mente e você tem a impressão de estar cada vez mais distante da
pessoa que deseja ser e dos objetivos que pretende alcançar.
Diante deste cenário, algumas datas comemorativas funcionam como uma fenda no
tempo, um chamado em sua agenda pessoal para que sua atenção se volte ao que
realmente importa. O Dia das Mães ou dos Pais, para que você possa exercitar o
afeto, exercer a gratidão, promover o perdão. A Páscoa ou o Natal, para sua
reflexão e solidariedade, independentemente de sua religião. Seu aniversário,
para você lembrar e cuidar de si mesmo.
Seu desafio, e dos que
estão ao seu redor, é praticar o desapego, dissociando estes eventos da
necessidade de vinculá-los a presentes materiais de qualquer ordem. Assim,
aproveite para compartilhar da companhia das pessoas, fazendo tudo aquilo de que
você tem se privado: jogar conversa fora sem olhar para o relógio, ficar debaixo
do cobertor sem hora para levantar, sentar em frente à TV sem ter que assistir a
algo com conteúdo, comer besteiras e saborear o que teoricamente não é saudável.
Aproveite! Afinal, no dia seguinte, você estará de volta à maratona do seu
cotidiano.
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
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