Esqueceram a reforma tributária?, por Professor Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque

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Esqueceram a reforma tributária?
Por Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque (*)
 

Os debates sobre a modernização do sistema de impostos no Brasil esfriaram nos últimos anos. Os únicos movimentos relacionados aos tributos que continuam na mídia são o “Impostômetro” e o da rádio Jovem Pan intitulado “Brasil, o país dos impostos”. Essas iniciativas acertam ao mostrarem a elevada carga tributária no Brasil, mas pouco avançam na apresentação de propostas viáveis para o país.

No intuito de mudar esse quadro e debater propostas, a Fundação Getulio Vargas (FGV) iniciou uma série de seminários sobre tributação no Brasil. O primeiro, conduzido pelo tributarista Ary Oswaldo de Mattos Filho, contou com a presença de professores, especialistas e empresários. O próximo ocorrerá em 21 de novembro.

Uma primeira questão que acredito deva merecer uma discussão profunda é a inexplicável quase unanimidade em favor de tributos sobre valor agregado, e contra os tributos cumulativos. Discordo dessa visão. Acredito que impostos sobre valor agregado (IVAs), como o ICMS, possuem características altamente indesejáveis, que menciono a seguir:

 

1.       Pesa mais sobre os preços do que os tributos cumulativos

Comparei a carga tributária nos preços de 110 produtos em um modelo baseado em impostos sobre valor agregado (ICMS, IPI e INSS patronal) com um sistema com um imposto cumulativo de 2,8% sobre a movimentação financeira. No primeiro caso o ônus tributário fica entre 23,2% e 78,6% e no segundo modelo varia de 9,9% a 20,3%. Essa simulação tem sua metodologia apresentada no meu livro Bank Transactions: pathway to the single tax ideal.

2.      É complexo, de alto custo e de difícil assimilação pelos contribuintes

O valor agregado exige sistemas de controle que impõem custos elevados para o governo e para o contribuinte. Parte da receita pública obtida com ele é canalizada para financiar a burocracia fiscal e as empresas arcam com elevadas despesas administrativas para cumprir as exigências da lei.

 

3.      Requer alíquota uniforme e o repúdio a benefícios fiscais

A concessão de benefícios fiscais e a diversidade de alíquotas, fatos comuns no Brasil, são fatores que contribuem para a complexidade de um IVA.

 

4.      Exige alíquota elevada

Por incidir sobre uma base restrita, o IVA requer uma alíquota elevada. Essa situação, combinada com o fato de se tratar de um tributo declaratório, estimula a evasão de arrecadação.

 

5.      É próprio de países unitários

Aplicar esse tributo em uma estrutura federativa gera custos administrativos elevados e muita complexidade, situação que dá margem a fraudes.

Para o país contar com um sistema simples, de baixo custo, imune à evasão e universal, a alternativa seria eliminar os impostos declaratórios e unificá-los sobre as movimentações financeiras. Mesmo cumulativa, é uma forma superior ao valor agregado. Essa é uma questão fundamental que deve nortear a retomada da discussão da reforma tributária se for para melhorar a vida dos cidadãos e das empresas brasileiras.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected] - Twitter: http://twitter.com/marcoscintra.

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