Turismo Brasil - Parte VII
"Infraestrutura aeroportuária brasileira - Sudeste"
Por Fernando Toscano (*)

A Região Sudeste do Brasil dispõe da maior e melhor infraestrutura aeroportuária do Brasil, mas nem por isso quer dizer que a mesma é satisfatória. Os principais municípios da região, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Guarulhos e Campinas são os grandes destaques, mas existem outros bem servidos, todos na categoria "médios" ou "pequenos". Entre os seis mais importantes aeroportos do país, cinco estão na Região Sudeste (Guarulhos e Congonhas - São Paulo; Galeão e Santos Dumont - Rio de Janeiro; Confins - Belo Horizonte; e Viracopos - Campinas). O outro é o de Brasília (Juscelino Kubitschek, quarto mais importante do país após os de São Paulo). Considerando que o Brasil é hoje o terceiro maior mercado doméstico de aviação do mundo estamos com problemas sérios de infraestrutura.

O grande destaque é o Aeroporto Internacional Governador Franco Montoro (conhecido como "Aeroporto de Guarulhos"), no município de Guarulhos, vizinho à capital do Estado de São Paulo, inaugurado de 20 de janeiro de 1985 com o pouso de um Boeing 747.200, da VARIG, às 10 horas, cumprindo o voo 861, procedente de Nova Iorque (Estados Unidos). O crescimento no movimento de passageiros, cargas e rotas vêm, agora, se tornando realmente um problema logístico. Não há ainda capacidade para os novos "Superjumbos" (A-380 ou B.747.8) e a Lufthansa, empresa aérea alemã, teve que atrasar os seus planos de trazê-los ao Brasil até que um estudo de viabilidade demonstre que as pistas aguentam o pouso de uma aeronave dessa capacidade, lotada, e que os terminais conseguirão desafogar tantos passageiros de uma só vez. Realmente, em recente viagem a São Paulo, eu que já utilizo este aeroporto desde início dos anos 90, me surpreendi com o "aparente" tumulto. Vou citar um exemplo: retornando a Brasília, em voo da Avianca, previsto para as 16:45 horas (horário escolhido em função do menor fluxo de passageiros), me deparei com diversos problemas logísticos. Após o check-in fui até o sala de embarque localizada no Terminal 1, entre as Asas "A" e "B" e fiquei no aguardo com 1h30m de antecedência (portão 1D). Após 40 minutos nos chamaram para pegar um ônibus e fomos para outro prédio, localizado no final do Terminal 2, onde a Avianca e TAM estavam estacionando parte das suas aeronaves. Dia chuvoso, complicado. Exatamente às 16:09h estávamos nessa outra sala de embarque (portões 1E à 1G). Nosso voo seria num Airbus A318 (meu lugar o 20K), mas resolveram alterar para os antigos Fokker 100 (chamados de Mk28 para "enrolar" o passageiro para que não se lembrassem dos inúmeros acidentes com essas aeronaves quando a serviço da TAM). Seria no PR-OAR, mas um problema no ar condicionado da aeronave nos fez trocar para outro Fokker 100, dessa vez o PR-OAU, que decolou 45 minutos atrasado. Detalhe: os passageiros embarcaram sob chuva e entramos molhados na aeronave. Esse relato é apenas para demonstrar o tumulto atual desse aeroporto.

Entretanto nem tudo é problema: há um claro esforço em melhorar os serviços e aumentar o conforto e qualidade de atendimento aos passageiros. O Terminal 3 (que estranhamente vem antes do 1 e 2) é para uso exclusivo da Passaredo, Azul e Trip e vai ser entregue, sua primeira fase, em 2014, antes da Copa do Mundo. O Terminal 4 também está em construção juntamente com diversos prédios de escritório e de apoio técnico ao voo e, pelo jeito, ainda deve levar um ano ou mais para estarem disponíveis. Uma das pistas é a 2ª maior do país (3.700 metros) - a outra tem 3.000 metros - ambas localizadas a 750 metros de altitude. Estão disponíveis duas pistas para pousos e decolagens simultâneos a 9L e a 27R. A aeronave, completamente lotada de passageiros, cargas e malas postais, atualmente, que mais utiliza pista é o Boeing 777.200 (séries ER, LR ou F), com 3.536 metros. Dessa forma a pista pode receber todas elas - exceção aos novos "Superjumbos" ainda em análise não a questão da extensão da pista, mas de peso e de liberação de cargas e passageiros num tempo médio aceitável. A concessionária que venceu a licitação (R$ 16,2 bilhões - em 06 de fevereiro de 2012 foi assinado o contrato de concessão) para administrar o Aeroporto Internacional Franco Montoro (Invespar e Airports Company South Africa - ACSA) promete aumentar em 10 milhões de passageiros/ano a capacidade atual desse que é o maior terminal aeroportuário da América Latina (32,2 milhões de passageiros em 2012) ao investir R$ 3 bilhões até maio de 2014 e mais R$ 3 bilhões até 2032, quando vence o período da sua administração. Desde então, independentemente de outros nomes informais, este terminal passou a ser denominado como "GRU Airport".         

Dezenas de companhias aéreas operam - e outras diversas têm interesse - no Aeroporto de Guarulhos que tem, inclusive, um bom site - www.gru.com.br. A ligação entre o aeroporto e a cidade de São Paulo é boa, com pistas duplas e três faixas de cada lado, e existem diversas opções: ônibus comum liga o Aeroporto ao Terminal de Trem e Metrô (Estação Tatuapé) - atualmente R$ 4,50 por pessoa; ônibus de luxo liga ao Aeroporto de Congonhas (passando pela Praça da República) - atualmente R$ 36,50 por pessoa; diversas ligações são efetuadas para cidades vizinhas e do interior com ônibus de luxo; Gol, Tam e Azul transportam seus passageiros para o Aeroporto de Congonhas, no centro; táxis de frota, registrados na Administração do Aeroporto; e hotéis em Guarulhos e São Paulo disponibilizam micro-ônibus e vans para levar e buscar passageiros que neles se hospedam (sem custo). Num futuro, a médio prazo, é intenção do governo do estado de São Paulo levar uma estação do metrô até o Aeroporto de Guarulhos.

Outro aeroporto de destaque é o de Congonhas, localizado praticamente no centro do município de São Paulo. Terceiro do país em volume de passageiros movimentados em 2012 foi inaugurado em 12 de abril de 1936, está localizado a 802 metros de altitude, e é considerado o "Aeroporto Executivo do Brasil" devido a grande quantidade de empresários, executivos e negociantes que optam em voar através desse aeroporto justamente em função da sua localização central. O nome do aeroporto é uma homenagem ao Visconde de Congonhas do Campo, Lucas Antônio Monteiro de Barros (1823-1851), primeiro governante da Província de São Paulo após a Independência do Brasil (1822). Congonhas é o nome de um tipo de erva-mate muito comum em Minas Gerais, na região onde se situa Congonhas do Campo, cidade natal de Monteiro de Barros.

O aeroporto que, em 1970, recebia 350 operações diárias e 37.000 passageiros/mês, fechou com 2012 com movimento de 16,7 milhões de passageiros embarcados e desembarcados diretamente para 29 localidades. O aeroporto dispõe de 12 pontes de embarque, estacionamento com 60.000 metros quadrados e capacidade para 2.554 vagas cobertas e 860 descobertas e 16.000 profissionais atuam no terminal.

Desde 2008 a ANAC decidiu retirar oficialmente desse aeroporto os voos comerciais internacionais e passou a operar apenas voos domésticos. Dois acidentes lamentáveis marcam esse aeroporto nos dias de hoje (na decolagem de um Fokker 100 e no pouso de um Airbus A320, em 17.07.2007, proveniente de Porto Alegre, ambos lotados e da TAM, onde todos os passageiros faleceram fora outros em terra). As rotas com maior movimento de passageiros no Aeroporto de Congonhas têm os seguintes destinos: Rio de Janeiro (Santos Dumont) seguido de Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis. O pátio tem capacidade de receber simultaneamente 29 aeronaves comerciais, duas pistas (principal com 1.940 metros) e terminal com 64,5 mil metros quadrados.

O Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), inaugurado em 20 de janeiro de 1977, localizado no Rio de Janeiro (RJ), assumiu, em 2012, a posição de segundo mais movimentado do país em volume de passageiros (17,4 milhões) e possui a maior pista comercial disponível no Brasil (4.000 metros). Dispõe de 62 posições para estacionamento simultâneo de aeronaves (38 fingers e 24 embarques remotos) e foi inaugurado em 1º de fevereiro de 1962. O Galeão atualmente está em obras de reformas e ampliação no terminal de passageiros 1 e terminal de passageiros 2 com o intuito de adequar o aeroporto para uma capacidade planejada para 2014 de 44 milhões de passageiros por ano.

- A reforma do Terminal de Passageiros 1, data de término: Dezembro de 2013, ganho de capacidade (TPS): 10,7 milhões (pessoas / ano).
- A reforma do Terminal de Passageiros 2, data de término: Dezembro de 2013, ganho de capacidade (TPS): 15,9 milhões (pessoas / ano).

Estão previstas também a recuperação e revitalização dos sistemas de pistas e pátio, bem como do terminal de cargas. Outra obra esperada e que também está em curso é uma linha do BRT TransCarioca até o Galeão com mudanças no sistema viário de chegada e saída do aeroporto.