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C O M P O R T
A M E N T O
0 1 / J U L H O /
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Não
fique doente
Por Tom Coelho
(*)
"Quase todos os homens morrem de seus remédios,
não de suas doenças."
(Molière)
Pode ser por decorrência de uma mudança climática,
excesso de trabalho, estresse emocional, descuido ou por outros fatores,
invariavelmente você será acometido, em algum momento, por uma enfermidade
qualquer. Assim, com a saúde abalada, a prostração pode lhe visitar. Os dias
tornam-se longos e improdutivos, e você se sente angustiado, à espera de
recobrar sua integridade.
Num primeiro momento, é natural que se recorra à automedicação. Um antitérmico
para debelar a febre, um analgésico para aliviar a dor. Porém, se os sintomas
persistirem, você precisa recorrer ao atendimento médico. E aí, os problemas se
amplificam...
A maioria dos prontos-socorros parecem linhas de produção no atendimento aos
pacientes, além de uma evidente fonte para novas enfermidades. Retire sua senha,
e aguarde o atendimento. Preencha sua ficha, e aguarde a triagem. Agora,
paciência para ser recebido pelo médico, cerca de uma hora depois.
Em um PS, os plantonistas são quase sempre residentes, com CRM emitido há dois
ou três anos. A anamnese é superficial. Exames básicos que deveriam ser
solicitados são negligenciados porque isso representaria ônus para o hospital e
o convênio médico, além de maior tempo para atendimento. O negócio é despachar
logo o paciente para dar espaço ao próximo na fila. Assim, o diagnóstico é
falho, inconclusivo.
Dez minutos depois, receituário nas mãos, você vai a uma farmácia. Lá,
identifica que o médico prescreveu, por exemplo, duas drágeas por dia ao longo
de uma semana, totalizando 14 comprimidos. Porém, o medicamento é vendido em
embalagem com dez unidades, o que lhe obriga a adquirir duas caixas, sabendo que
sobrará medicamento – o qual será utilizado, no futuro, para alimentar o hábito
da automedicação. Pergunto-me: onde está o erro por trás disso? Na prescrição do
especialista, equivocada, ou na opção do laboratório que propositadamente
comercializa o produto em quantidade incompatível com a posologia recomendada,
tendo a anuência da Anvisa? Não deveria haver uma sintonia entre os mesmos?
Por fim, ainda há a questão financeira envolvida em todo este processo. Do
estacionamento a preço de “balada” cobrado na porta do pronto-socorro, passando
pelo custo aviltante dos medicamentos, em especial se você optar pela aquisição
de um “referência” em lugar de “genérico”, a saúde não é definitivamente
um bem público ao alcance da população.
Após dez dias brigando contra uma tosse crônica, tendo passado por três médicos
sem obter um diagnóstico aceitável e deixando um valor considerável no balcão
das farmácias, questiono-me sobre a qualidade dos profissionais formados nos
dias atuais e sobre como o cidadão sem acesso a um convênio médico privado e
dependente do serviço público enfrenta uma enfermidade. A conclusão é una:
simplesmente, não há o direito de se ficar doente...
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
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