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C O M P O R T
A M E N T O
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O
preço do brincar
Por Tom Coelho
(*)
"A melhor maneira de formar crianças boas é
fazê-las felizes."
(Oscar Wilde)
Um catálogo de produtos encartado em um jornal ou
uma visita a uma loja de brinquedos podem levar pais a uma espantosa
constatação: brincar nunca foi tão caro.
É impressionante o preço médio dos produtos e como os mesmos somente se mostram
acessíveis à maioria da população graças ao artifício do pagamento parcelado.
Brinquedos fabricados em produção seriada, permitindo-lhe uma drástica redução
dos custos, porém com valores literalmente exorbitantes e até injustificáveis.
pior é que as crianças são bombardeadas diariamente, em especial através da televisão, por meio dos diversos canais infantis disponíveis, com campanhas publicitárias envolventes que despertam nos pequenos dois sentimentos quase incontroláveis: o desejo, consciente e ligado ao objeto, e o impulso, inconsciente e associado a uma representação mental.
Como resultado disso, os adultos sentem-se cerceados, de modo que o máximo
que conseguem é impor limites, ensinando seus filhos a fazerem escolhas, a
partir do argumento de que não se pode ter tudo o que se deseja. Mas há
outras lições e reflexões possíveis...
Tive o privilégio de viver minha infância com a liberdade de frequentar as
ruas. Assim, jogava futebol com os colegas, empinava pipa, brincava de
esconde-esconde, bolinha de gude, queimada ou pega-pega com as demais
crianças do bairro, mesmo após o pôr-do-sol. Eram tempos nos quais a
violência urbana não espreitava a cada esquina, onde os veículos respeitavam
limites de velocidade nas ruas residenciais, e quando vizinhos de fato
dialogavam.
Hoje vivemos encastelados em edifícios ou condomínios, porém isolados, pouco
compartilhando com aqueles que moram no entorno. Nossas agendas densas e o
tempo cada vez mais curto, fazem-nos terceirizar o lazer. Assim, os jovens
vivem aficionados a equipamentos eletrônicos, hipnotizados por seus
videogames, tablets e smartphones, enquanto os mais novos são entregues a
uma miríade de brinquedos temáticos que proporcionam prazer de curto prazo.
O brincar, tão essencial à formação
psicossocial e motora, tornou-se sinônimo de consumismo.
Mais do que rememorar brincadeiras do passado, precisamos resgatar a simplicidade imanente à natureza infantil. Crianças divertem-se com desenhos feitos com papel e lápis, com pequenas obras de arte feitas a partir de materiais recicláveis, com histórias contadas ao pé do ouvido. Em última instância, tudo o que querem é companhia, carinho, afeto e atenção. Tudo isso não nos custa nada, sendo o que efetivamente pode entreter, ensinar e edificar valores para toda a vida.
(*)
Tom
Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17
países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e
comportamento” (Flor de Liz, 2011),
“Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”
(Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail
[email protected].
Visite:
www.tomcoelho.com.br.
MATÉRIA AUTORIZADA
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