E cantei um hino
ao  amor, à paz, ao divino,
à solidariedade, à alegria, às estrelas,
que ao dia, dormem dolentes, faceiras.
Cantei ao verde e amarelo
da natureza, do sol singelo
à faceirice da lua cheia,
que desliza farta pelo céu,
a despertar desejos e paixão,
sonhos de um mês, de uma estação
que remete aos mistérios de um véu
a esconder um rosto já vivido
amores tantos, amores decorridos
frágeis, finos como folhas de papel.
Cantei às noites de fresco vento
quando enamorado ao relento
corria para me aconchegar.
Calafrio a percorrer a espinha
quer apagar promessas mesquinhas
de quem jurou nunca mais se dar.
Decidi, então, ao amor e à vida
cantar, e à aurora concebida
por amantes dos céus não revelados.
Enterrar os tumultos do passado,
cantar o ardor renovado.
Andar novamente extasiado.