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Corrupção
e a reforma política
Por Marcos Cintra Cavalcanti de
Albuquerque (*)
O país do mensalão piorou sua posição no ranking mundial de corrupção. De acordo com a Transparência Internacional, entidade responsável pelo levantamento, o Brasil saiu da 69ª posição em 2012 para o 72º lugar em 2013. Estamos empatados com África do Sul, Bósnia, Sérvia, São Tomé e Príncipe.
Segundo o diretor da Transparência Internacional, Alejandro Salas, há um descolamento entre a percepção da corrupção sobre o Brasil e sua importância geopolítica. Para ele o país se tornou uma das economias emergentes mais importantes do mundo, mas não consegue combater a corrupção.
O Brasil segue dando vexame no cenário mundial nos levantamentos envolvendo a corrupção, praga que compromete seu desenvolvimento socioeconômico. A maracutaia impregnada na sociedade brasileira é um dos fatores que limitam os investimentos na economia.
As repetidas avaliações ruins do Brasil não surpreendem mais. Vira e mexe surge um fato novo mostrando como os impostos vão para o ralo por conta da corrupção na administração pública. Superfaturamento de obras e serviços, tráfico de influência, fraudes em licitações e outras maracutaias viraram uma rotina no país. O contribuinte brasileiro se sente impotente frente à roubalheira e fica indignado com a impunidade que beneficia políticos e servidores inescrupulosos que sorrateiramente tiram recursos de hospitais, escolas, rodovias, segurança, etc.
É revoltante para o trabalhador brasileiro ver que políticos e servidores públicos se apropriam sordidamente de parte de seu esforço. A roubalheira no país prolifera espantosamente e a reforma política poderia ser um ponto de partida para coibir a corrupção.
A reforma política deve ser capaz de contribuir para moralizar a administração pública brasileira. Ela precisa “desprofissionalizar” a política e contribuir para desmontar as organizações criminosas incrustadas no governo. O processo deveria começar proibindo que parlamentares ocupem cargos executivos; precisaria reduzir drasticamente o número de servidores em cargos em comissão, o que formaria um corpo técnico estável no governo; e determinar que, caso fique comprovado que parlamentar indicou servidor para qualquer cargo executivo, ele perderia sumariamente seu mandato.
É imprescindível moralizar a máquina pública brasileira em todos os níveis. É preciso remodelar os parâmetros comportamentais da classe política do país. Um cargo eletivo deveria ser uma contribuição que todo cidadão oferece temporariamente à coletividade, jamais deveria ser transformado em atividade profissional. Um político que que se afasta de sua profissão e que passe a depender da política para sua manutenção torna-se capaz de tudo e de qualquer coisa para sobreviver.
(*) Marcos Cintra
Cavalcanti de Albuquerque
é
doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e
vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet:
www.marcoscintra.org / E-mail:
[email protected]
- Twitter:
http://twitter.com/marcoscintra.
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