A vergonha brasileira e o exemplo da Coréia, por Professor Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque

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A vergonha brasileira e o exemplo da Coréia
Por Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque (*)
 

Elevar a produtividade total do capital e do trabalho é a saída para a economia brasileira acelerar seu crescimento. O desafio para viabilizar essa necessidade é a qualificação da força de trabalho. Nesse sentido, o grande nó a ser desatado encontra-se na esfera educacional, principalmente no âmbito público.

É cada vez maior o peso da educação para a economia brasileira. O país já incorporou praticamente todo seu bônus demográfico com a redução do desemprego em anos recentes. Crescer de modo sustentado passou a depender da elevação do nível de escolaridade para um maior contingente da força de trabalho.

A educação contribui para o crescimento econômico de várias formas. A principal delas se dá pela capacitação da força de trabalho que, dessa forma, se torna mais apta a absorver, reproduzir e desenvolver tecnologias. Com a mão de obra mais qualificada, aumenta a produtividade marginal do trabalho e o efeito é a expansão da renda das empresas e, em termos agregados, o maior ritmo de crescimento da economia.

Um dos casos mais emblemáticos do efeito da educação sobre a economia refere-se a Coréia do Sul. O país atingiu a universalização da educação básica no final dos anos 60 e do ensino médio ao longo dos anos 80. Esse processo foi acompanhado de maciços investimentos na formação de professores, em material de apoio e na melhoria de estrutura e funcionamento das escolas.

O investimento em educação de qualidade combinado com a disciplina asiática e a valorização do ensino pelas famílias foi a alavanca para a Coréia passar de uma economia com renda similar a de países africanos para uma das nações mais ricas do planeta, exportadora de tecnologia de ponta. Paralelamente, o Brasil negligenciou a educação como fator de transformação social e gerador de riqueza e o resultado é o baixo nível da produtividade de sua força de trabalho, com o país mantendo-se num patamar de renda média e dependente da exportação de produtos de reduzido valor agregado.

Conforme dados do Banco Mundial, em 1960 a renda per capita da Coréia era de US$ 155 e a do Brasil de US$ 208. Em 2012 a renda média de cada coreano foi de US$ 22,6 mil e a do brasileiro de US$ 11,3 mil.

Recentemente foi divulgado o resultado do último PISA (Programme for International Student Assessment), programa que avalia a qualidade da educação em vários países. O levantamento, com 65 países em sua edição de 2012, serve para mostrar como as nações capacitam a juventude visando promover agentes responsáveis pela geração eficiente de riqueza. No tocante à habilidade com leitura a Coréia ficou em 5º lugar e o Brasil na 58ª posição. Em relação à matemática a Coréia foi novamente a 5ª colocada e o Brasil ficou em 58º lugar. Em ciências as posições foram 7ª e 59ª, respectivamente.

A Coréia seguiu uma trajetória rumo à sociedade do conhecimento e colhe os frutos. O Brasil tem muito a fazer. É vergonhoso para o país ainda contar com 13 milhões de analfabetos e 30 milhões de pessoas em situação de analfabetismo funcional. Isso sem falar na evasão escolar que, ao saltar de 7,2% para 16,2% em doze anos, mantém metade dos jovens entre 15 e 17 anos fora do ensino médio.

(*) Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail: [email protected] - Twitter: http://twitter.com/marcoscintra.

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