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- E C O N O M I A -
Opinião


2ª quinzena -
Energia: uma questão prioritária (Por Fernando Toscano)
1ª quinzena -
BM&F prepara a clearing de ativos (Por Maria Clara R. M. do Prado)


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- Agosto de 2003 -

2ª quinzena - Energia: uma questão prioritária

Por Fernando Toscano
Editor-chefe do Portal Brasil®

            O Brasil possui diversas fontes de energia, mas não gera o suficiente para atender adequadamente a demanda interna. Em 1999, por exemplo, houve uma indicação da produção de 202,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP), enquanto o consumo final foi de 231 milhões - uma defasagem de 28,3 milhões/TEP, que foi suprido por meio de importações.

            A produção nacional está concentrada nas formas de energia primária renováveis - como energia hidráulica, lenha e derivados de cana-de-açúcar - que correspondem a aproximadamente 66% do total produzido. As fontes não-renováveis, que incluem petróleo, gás natural, carvão e urânio (U308), são responsáveis pela outra fatia (34%).

            Nos últimos anos verifica-se uma tendência de diminuição da produção de fontes renováveis, principalmente de lenha, que caiu de 15% para 8,4% (entre 1990 e 1999), enquanto aumentou o de fontes não-renováveis, sobretudo o petróleo e derivados (De 30,2% para 33,8% no mesmo período).

            Em relação ao consumo final, no mesmo período, cresceu a participação da energia elétrica, que passou de 37,3% para 39,5% e dos derivados de petróleo (32,9% para 35,1%). Isso é bom, o país tem grande potencial hídrico. 

            Esses dados são preocupantes. Em 2002 o Brasil sofreu com diversos "apagões" causados pelo excesso de demanda em época de seca, onde os níveis das reservas de água das usinas hidrelétricas estavam muito baixos, por erro de planejamento e de previsão das próprias companhias geradoras, por falta de um planejamento racional do setor e por falta de investimentos. O país cresceu, modernizou-se e o setor continuou com crescimento da produção abaixo do que seria ideal.

            O êxodo rural que se verificou no período colaborou também com o crescimento do consumo. Afinal o homem do campo se dirigiu às grandes cidades, o aumento de energia pública e privada cresceu, indústrias pesadas e modernas para atender não só a demanda interna, mas também destinada ao mercado externo, gerando divisas para o país, se instalaram e cresceram. O governo não se preocupou com o setor da forma que deveria e o risco de se atingir um ponto-limite está próximo, novos apagões poderão vir e o caos econômico que isto irá gerar será danoso à economia do país, afetando diretamente o caixa do governo, geradoras de energia e os meios de produção do país.

            A recessão econômica está aí. O governo procura formas de aquecer a economia sem gerar expectativa de inflação. O aumento no consumo, gera aumento no consumo de energia também. Ora, e se o país for obrigado a novos racionamentos de energia? Isto certamente irá causar forte impacto no desempenho da nossa economia. O governo deverá estar atento à questão da energia. Investimentos devem ser feitos urgentemente, com planejamento anterior aos fatos, afinal a prevenção sai mais barato do que a correção. 

            O próprio governo admite que é possível dobrar, em alguns anos e sem grandes danos ambientais, o número de usinas hidrelétricas instaladas no país - aliás o Brasil possui a maior bacia hidrográfica do mundo -. Vocês observaram o que aconteceu no final da primeira quinzena de agosto na costa leste dos Estados Unidos e Canadá? Portanto políticos, mãos à obra, pressão no governo. Sem energia não há crescimento e sem crescimento não há desenvolvimento.


1ª quinzena - BM&F prepara a clearing de ativos

Por Maria Clara R. M. do Prado
Jornalista e colunista do diário "Gazeta Mercantil"

            O assunto não é de fácil digestão, pela complexidade técnica, mas é de fundamental importância para que se consolide no País um mercado secundário de títulos públicos.

            É uma antiga aspiração do mercado e do governo. Afinal, quanto mais os papéis federais trocarem de mãos, mais claro é identificar o grau de liquidez e sua rentabilidade. Para o Tesouro Nacional, pode significar abatimento no prêmio oferecido na colocação dos títulos.

            Há tempo as bolsas brasileiras brigam pela primazia de abrigar uma clearing de ativos, espécie de central onde são compensadas ordens de compra e venda, lastreadas em garantias previamente aportadas pelos participantes.

            Os cariocas queriam, anos atrás, que aquele tipo de clearing ficasse na BVRJ. Não deu em nada. Mais recentemente, no rastro da introdução do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) - implantado em abril do ano passado pelo Banco Central para dar mais segurança ao mercado financeiro -, uma disputa acirrada dividiu a Central, localizada também no Rio de Janeiro, que pretendia funcionar como a principal clearing de ativos de renda fixa, incluindo em especial os papéis públicos, e a Bovespa, que também tinha a mesma pretensão, chegando a criar a CBLC para isso.

            Conclusão: a Central está em processo de liquidação e a Bovespa concordou em renunciar à clearing de ativos e repassá-la para ser explorada no âmbito da Bolsa de Mercadorias & de Futuros, a BM&F.

            Não se sabe quando entrará em operação. Imagina-se que seja em novembro, dependendo de alguns acertos operacionais, além da definição de regras da parte do governo federal.

            "Vamos usar o sisbex, um sistema eletrônico que vai agilizar as negociações com os títulos públicos, vamos ter a clearing propriamente dita onde se fará a compensação das operações pelo valor líquido (net) com aporte antecipado de garantias e o processo de liquidação que se fará dentro do Banco Central, com a transferência de títulos e reais entre as contas dos participantes e da clearing", explicou o diretor da Clearing de Ativos na BM&F, Luís Gustavo da Matta Machado, responsável pela montagem do sistema, ex-chefe do departamento de operações bancárias no Banco Central. Foi um dos principais articuladores do SPB.

            O Selic, onde são registrados os títulos públicos, continuará funcionando como o custodiante desses papéis.

            Quanto aos participantes, sabe-se que ao sisbex (sistema que já existe para negociações com ativos mas que anda meio de lado) terão acesso corretoras, distribuidoras e bancos credenciados. Junto à clearing o acesso será em princípio aberto a todas as instituições que já são credenciadas na BM&F. Isso abrange distribuidoras e corretoras, além de alguns bancos.

            Também será viabilizado o acesso direto à clearing por alguns fundos de investimento selecionados, ainda que estes só possam negociar no sisbex através de uma instituição financeira autorizada.

            Como se recorda, a CVM baixou recentemente uma instrução permitindo que os fundos de investimento façam "empréstimos" dos títulos públicos que carregam em carteira por determinado período. A clearing vai, no caso, assegurar ao fundo que o papel "emprestado" voltará para sua carteira, na hipótese de a contraparte não honrar o compromisso de devolver o ativo.

            Esse é um ponto importante. Com a clearing, e o conseqente aporte de garantias, a possibilidade de alguma das partes (na ponta compradora ou vendedora) ficar a descoberto é muito difícil.

            Uma modalidade de operação que certamente passará pela clearing é a da chamada operação compromissada, pela qual os grandes bancos necessitados tomam dinheiro por um dia para não fechar o caixa a zero ou negativo. Fazem isso com dinheiro emprestado por outro banco, que, sua vez, exige títulos públicos em garantia. Chama-se compromissada porque é feita com o compromisso de recompra do papel no dia seguinte, no momento em que o dinheiro retorna ao banco que emprestou.

            Hoje, isso passa pelo Selic e é registrado pelo valor bruto de um lado e de outro. Esse mercado de dinheiro gira cerca de R$ 100 bilhões por dia, em média. Com a clearing, todas as operações de um determinado banco naquele dia serão contabilizadas do lado credor e do lado devedor. As garantias exigidas terão de cobrir o líquido entre uma e outra posição.

            Matta Machado vai criar a operação "compromissada genérica", onde as garantias serão integralizadas na forma de uma cesta de títulos públicos mais representativos.

            Mas a clearing de ativos também vai garantir as operações de compra ou venda final de título público no mercado secundário. É um espaço que hoje movimenta cerca de R$ 20 bilhões por dia e pode ser facilmente ampliado com a maior participação das empresas produtivas, através dos brokers.

            O novo sistema trará, sem dúvida, maior transparência ao mercado de títulos públicos.

            Temas como esse tendem a movimentar os bastidores do 1° Congresso Internacional de Derivativos que a BM&F vai realizar em Campos de Jordão, entre os dias 20 e 23 deste mês.

            É o primeiro grande evento do gênero na América Latina. Contará com a participação de nomes como Myron Scholes, Prêmio Nobel de Economia em 1997, e de Stanley Fischer, presidente do Citigroup International e ex vice-diretor do FMI.

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