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- Julho de 2003 -

2ª quinzena - Granito no mercado dos EUA

            A Granite Depot é um amplo armazém de distribuição de granito brasileiro, em variedades de padrões e cores, instalado na saída norte de Miami, EUA. O empreendimento, que acaba de fazer um ano de vida, já fatura US$ 1 milhão por mês e tem planos ousados de crescer no maior mercado do mundo, com bases em outros Estados: Texas, Califórnia e Nova York.

            Por trás do negócio estão três brasileiros - um dos sócios da Construtora Tenda , de Belo Horizonte (MG), e dois irmãos da família Mahfuz, tradicional varejista da região de São José do Rio Preto (SP), que migraram para o país há vários anos.

            Henrique Alves Pinto, que é sócio do pai na mineira Tenda e há alguns anos está à frente da empresa - especializada na construção de imóveis de baixo valor, com faturamento anual de R$ 150 milhões -, conta que a oportunidade de montar uma trading especializada no comércio de granitos surgiu em 2002. Reconhece que o primeiro impulso ocorreu na onda exportadora do Brasil no ano passado e enxergou nisso uma alternativa de diversificação dos negócios de sua família.

            A escolha pelos granitos brasileiros veio da constatação da falta de uma exposição mais agressiva do material brasileiro junto aos principais clientes - marmoristas. São estes profissionais que nos EUA escolhem as pedras que vão revestir salas, cozinhas e banheiros das casas americanas ou fazer parte do mobiliário, como mesas e outras peças. "É um material reconhecido internacionalmente, mas faltava chegar mais perto do consumidor, que quer antes ver o que vai comprar", afirma Alves.

            O investimento na Granite Depot é da ordem de US$ 2 milhões - na montagem do depósito na West 95, principal rodovia que sai de Miami rumo ao norte da Flórida, e na instalação de uma unidade industrial na capital capixaba, Vitória, para fazer o beneficiamento do granito recebido em bruto (blocos) de várias pedreiras da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. A pedra é cortada em chapas padronizadas, que recebem um cuidadoso acabamento com lixas especiais.

            "Os americanos gostam de pedras coloridas, bem chamativas", diz o empresário. Por isso, Alves firmou parceria com uma pedreira no sul da Bahia, que extrai um granito avermelhado. Mas a Granite também comercializa o "famoso e caro" Azul Bahia, de outro produtor, e o Amarelo Veneziano, da Granasa. "Algumas pedras, como o Verde Ubatuba, são mais baratas porque são encontradas em várias pedreiras", afirma o empresário.

            Alves explica que o granito não está, como calçados - uma de suas opções de negócio antes de optar pelas pedras - tão sujeito a modismos das estações do ano. Ou seja, numa estação o mais procurado é o vermelho, na outra o azul ou amarelo. "E também não é perecível, como alimentos", acrescenta o jovem empresário de 28 anos, que planeja vôos mais ousados no mercado americano.

            A meta, agora, é conseguir expôr uma amostra de granito na prateleira de uma das centenas de lojas da cadeia varejista de material de construção Home Depot . "Estamos negociando para pôr um tampo de mesa em granito nas enormes lojas da rede", informa. A empresa já está beneficiando um produto especificamente para a Home Depot. Ele acredita que será um passo e tanto na abertura das portas do mercado americano. "É imenso esse mercado. A cada cinco anos eles derrubam obras e reconstroem tudo de novo", comenta Alves.

            A Granite Depot não está livre da concorrência. São cerca de 20 nesse ramo de negócio atuando apenas na Flórida, sendo dois brasileiros. Por isso - e pela exigência de variedades de material -, a empresa passou também a trabalhar com material da Índia e Turquia. Ao mesmo tempo, já analisa locais em outras cidades do país.

            Segundo Alves, a trading é também a oportunidade de conhecer as regras de negócios nos EUA. O próximo passo pode ser a abertura de uma filial da Tenda na Flórida.

- MATÉRIA DE IVO RIBEIRO PUBLICADA NO JORNAL "VALOR ON-LINE" EM 15 DE JULHO DE 2003 -


1ª quinzena - Simulações para o PIB e a inflação


Por Maria Clara R. M. do Prado
Jornalista e colunista de economia da Gazeta Mercantil

          É possível que a recente decisão do Copom, de reduzir a taxa Selic (taxa de juros de curto prazo, praticada pelo Banco Central nas suas relações com o mercado) para 26% ao ano, seja o primeiro passo de uma trajetória declinante dos juros ao longo dos próximos meses.

          O impacto dessa trajetória, se confirmada, na reativação da economia vai depender de dois fatores:

a) do tamanho da redução. Ou seja, da Selic nominal mais baixa, possível de alcançar, e
b) da velocidade da queda.

          Uma constatação, porém, é inexorável: qualquer que seja o nível e o ritmo da queda, o efeito do afrouxamento monetário sobre a inflação e a atividade econômica este ano será praticamente zero.

          É que o comportamento da variação dos preços e do produto está respondendo hoje à política monetária (e cambial) do segundo semestre de 2002.

          Nem tudo está perdido se olharmos para 2004, embora não se possam esperar estupendas taxas de crescimento do PIB no ano que vem.

          Se for para valer a meta da inflação reafirmada no último CMN, de 5,5% para 2004, pode-se prever, grosso modo, que a contraparte do produto apresente uma expansão entre 3,1% e 3,3% no ano que vem.

          Isso é o que estariam indicando as simulações feitas pelo economista da PUC do Rio, Dionísio Dias Carneiro, na última edição da Carta Galanto.

          A bem da verdade, é preciso esclarecer que os exercícios de Dionísio foram realizados antes de o Copom ter reduzido a Selic de 26,5% - taxa que usou como ponto de partida nas simulações - para 26%. O impacto dessa diferença sobre os resultados é pequeno e não chega, portanto, a comprometer as conclusões.

          Estamos desconsiderando o cenário de referência em que supõe a manutenção da Selic em 26,5% durante todo os período da simulação, que abrange os anos de 2003 e de 2004, e o primeiro trimestre de 2005.

          Também não valeria a pena gastar espaço aqui com o cenário mais ousado, que supõe redução mensal de dois pontos de porcentagem da Selic por mês, sem limite para queda.

          Dois cenários intermediários, traçados por Dionísio, merecem maior atenção.

          Um deles - chamamos de trajetória A - prevê redução de um ponto da Selic por mês, em média, até chegar a 17,5%.

          O outro - que fica referenciado aqui como trajetória B - projeta o mesmo limite de 17,5%, mas supõe um ritmo mais intenso para se chegar lá: a Selic seria, nesse caso, reduzida, em média, em dois pontos por mês.

          No passo da trajetória B, o juro do BC chegaria ao limite de 17,5% antes do final deste ano. Na trajetória A, o limite seria atingido em março ou abril do ano que vem.

          O efeito entre uma e outra alternativa acusa pouca diferença tanto para o nível de atividade quanto para o comportamento da inflação em 2004.

          Na trajetória A, o País cresceria 3,1% com uma inflação (IPCA) de 5,3%.

          Na trajetória B (que supõe queda mais rápida da Selic), o crescimento seria de 3,3% para uma inflação de 5,6%.

          Mas o reflexo disso - desde que estabilizada a Selic nominal em 17,5% - seria mais expressivo em 2005. Na trajetória A, o País cresceria à taxa de 0,8% no primeiro trimestre de 2005, apontando para expansão de 3,3% do PIB no ano.

          Na trajetória B, a expansão da atividade econômica nos primeiros três meses de 2005 seria de 1%, indicando tendência de chegar a 4% de crescimento do PIB no ano.

          São, como se pode imaginar, indicações que deixariam irritados alguns importantes segmentos da sociedade que se têm debatido por mais emprego, mais investimento e mais consumo, tendo em mente uma taxa de 5% ao ano para o crescimento da economia.

          As simulações de Dionísio, ainda que apontem para níveis razoáveis de PIB para 2005 também mostram que a contra-parte da inflação ali é de recrudescimento. Os exercícios indicam inflação no primeiro trimestre daquele ano de 1,5% (pela trajetória A) e de 1,6% (pela trajetória B).

          Isso daria, no acumulado do ano, inflação de 6% a 6,5%, respectivamente. Distante da meta de 4,5% para 2005 que o CMN fixou na reunião desta última semana.

          Considerando que as projeções de Dionísio fazem sentido - e não haveria motivo para pensar diferentemente -, pode-se concluir que o PIB aumentará em 2005 abaixo de 3%, desmentindo portanto o que foi apregoado pelo governo no sentido de que as metas de inflação estariam abrindo espaço para o crescimento.

          Ou, visto de outra maneira, se quiser que o País cresça em 2005 à taxa de 3,5% a 4%, o governo teria de alterar o núcleo da meta de inflação para aquele ano.

          A menos, é óbvio, que se continue a brincar de meta de inflação e o foco do BC deixe de ser o núcleo (como, aliás, já ocorreu algumas vezes) e passe a ser o teto da banda da meta, que é de 7% para 2005. Chega-se a isso, como se sabe, quando se acrescenta ao núcleo a margem de 2,5 pontos de porcentagem para mais, conforme definido no CMN.

          Seria um novo risco à credibilidade do regime de metas, já tão enxovalhado por aqui.

          Mas esse é o país do curto prazo. O ano de 2005, afinal, é visto por todos, incluindo o governo e o mercado, como algo muito vago e fluido no horizonte. Não exige convicção.


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