A dois dias da final da Copa do Mundo Feminina, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, fez um balanço da competição na abertura da Convenção da Fifa, em Sydney. O dirigente destacou os resultados positivos dentro de campo e também fora, com recordes de receita, de público nos estádios e de audiência global dos jogos.
Infantino comemorou que a Copa Feminina de 2023 gerou uma receita de 570 milhões de dólares (R$ 2,8 bilhões), resultado que garantiu o sucesso financeiro do evento.
– Algumas vozes se levantaram (antes da Copa): “Isso vai custar muito, não temos tantas receitas, vamos ter que subsidiar”. Se tivermos que subsidiar (a Copa), vamos fazer isso. Mas, na verdade, essa Copa do Mundo gerou mais de 570 milhões de dólares em receitas. Nós não tivemos prejuízo, e geramos a segunda maior renda da história de qualquer esporte, atrás apenas da Copa do Mundo Masculina. Não há muitas competições, mesmo no futebol masculino, que gere mais de meio bilhão de dólares – afirmou o presidente da Fifa.
No âmbito esportivo, Infantino também aproveitou o discurso para rebater críticas feitas à Fifa por ter aumentado a quantidade de participantes para 32 seleções. Para ele, a competitividade apresentada no Mundial confirmou que a medida foi acertada.
– Seleções de todas as seis confederações venceram pelo menos uma partida nesta Copa. Isso nunca aconteceu. Times de cinco diferentes confederações avançaram ao mata-mata. Três seleções africanas, por exemplo. Eu queria dizer isso antes, mas iriam dizer que eu estava louco. Então eu digo agora. Agora é mais fácil. Jamaica eliminou o Brasil, a África do Sul eliminou Itália e Argentina. Marrocos e Coreia do Sul eliminaram a Alemanha. Quem pensaria que isso seria possível antes da Copa do Mundo? Bem, aconteceu.
Infantino enfatizou também números importantes dessa Copa, como a presença de quase dois milhões de torcedores nos estádios, a audiência global de dois bilhões de pessoas e 650 mil presentes nas Fan Fests da Austrália e da Nova Zelândia, números inéditos para um Mundial Feminino.
Críticas nas redes sociais
No final do discurso de abertura da Convenção da Fifa, Infantino se dirigiu às mulheres para exaltar o que ele chamou de “poder da mudança”.
– Escolham as batalhas certas. Vocês têm o poder de convencer a nós, homens, sobre o que nós temos que fazer e o que não temos que fazer. Apenas façam. Comigo, com a Fifa, vocês vão encontrar as portas abertas.
Nas redes sociais, no entanto, esse trecho do discurso de Infantino recebeu críticas, por parecer ter colocado nas mulheres a responsabilidade pelas decisões dos homens.
A atacante norueguesa Ada Hegerberg, que disputou o Mundial, ironizou a proposta do dirigente.
“Trabalhando em uma pequena apresentação para convencer os homens. Quem está dentro?”, escreveu ela.
A jornalista esportiva australiana Samantha Lewis também comentou o discurso.
“Infantino diz isso como se as mulheres não batessem na porta do futebol há mais de um século. Não é às mulheres que falta iniciativa, nem conhecimento, nem ideias, é porque os homens ainda são donos da casa e não nos deixam entrar!”
O ex-jogador australiano e hoje ativista dos direitos humanos Craig Foster escreveu que “as mulheres já deveriam estar derrubando esta porta”.