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Gol - "Linhas Aéreas Inteligentes???"
Uma combinação explosiva: Incompetência e Negligência

Por
Fernando Toscano
(*) 

Tomei emprestado parte do título da primeira coluna do ano, do nosso amigo Ivan Postigo, para tratar dessa questão da administração da Gol, chamada por ela mesma de "Linhas Aéreas Inteligentes". A GOL nasceu bela, cresceu, aproveitou ideias interessantes de empresas competitivas no exterior e chamou a atenção. Hoje a Gol, no meu entendimento pessoal, passou a se escrever assim - em letras minúsculas - e sorte que são apenas três. Vamos aos fatos com a devida calma.

A Administração de Empresas é uma ciência e justamente por isso merece ser estudada, vivenciada e aprendida com erros de outros mercados e outros conglomerados empresariais. Tudo nos serve de aprendizado. Na Administração estudamos diversos subsetores que, no todo, formam algo maior. Dentro desse emaranhado de subsetores e outras áreas do conhecimento que se interligam podemos citar vários: setor de compras, comercial, marketing, vendas, tecnologia da informação, gestão financeira, gestão de rh, psicologia, análise de mercado e planejamento. Um bom Administrador deve dominar bem isso tudo e ainda ser político, visionário, ter princípios, ética e experiência. Com a experiência chegam juntos outros pilares que podem transformar um homem: a paciência, a capacidade de ouvir e ser ouvido, a humildade e a determinação de quem sabe o que faz; não a de quem aposta no que faz, mas aquele que tem certeza do que colherá logo ali na frente.

Paulo Kakinoff, presidente executivo da Gol (FOTO/CRÉDITO: Mariana Barbosa, Folhapress)Não tenho nada contra jovens executivos, mas sejam eles da área que for ainda irão sentir falta de bagagem que só o tempo e a vida nos trazem. A Gol anda fazendo bobagem atrás de bobagem; o seu ex-presidente, Constantino Júnior - tão elogiado aos quatro cantos como um superexecutivo - falhou! E também aposto que o Paulo Kakinoff, 38 anos, novo presidente da companhia (foto ao lado), seguirá o mesmo caminho ao observar o que anda fazendo. Por que isso acontece? São bons executivos, sem dúvida, mas falta "tempo de voo". Isso não se adquire da noite para o dia; e o novo presidente da companhia não é da área de aviação (trabalhou na Volkswagen e saiu para a Gol comandando a operação da Audi no Brasil).

A Gol, que era a melhor companhia para se voar no Brasil nos anos de 2007/2008, hoje é a pior delas - hoje só viajo de Gol quando há absoluta falta de opções (e eu, que cheguei a fazer 100 viagens aéreas/ano até 2011, ainda faço pelo menos 30, 40 a cada ano!!!). Não há como comparar a qualidade do serviço de bordo, dos comissários e também do comprometimento com os seus clientes (horário, facilidades, etc), com a Azul, Avianca, nem Trip. E também perde da TAM - que precisa de uma boa "chacoalhada" pois está indo pelo mesmo péssimo caminho. O Brasil é o 4º mercado doméstico do mundo (após Estados Unidos, China e Japão); a Gol não tem nada de low-fare - os preços são altos e a desculpa de "comprando com antecedência você consegue bons preços" não cola porque isso ocorre com todas as demais. Então o que pode ter acontecido para que uma empresa com pouco mais de 10 anos e 104 aeronaves Boeing 737 possa fechar 2012 com quase R$ 1 bilhão de prejuízo? A resposta está na cara: falta de experiência, falta de timing e falta de ética. Explico:

Falta de experiência: Quando o mercado apertou, grandes companhias vieram para o país com toda a sua expertise e aeronaves bem superiores para disputar rotas internacionais utilizadas pela Gol e o que a companhia fez? Nada. Continuou voando com Boeing 737.800 nessas rotas, serviço de bordo ruim (e cada vez pior), horários nem sempre cumpridos, preços normais nas passagens. Ora: para a Buenos Aires ou Santiago, por exemplo, quem não prefere voar na Qatar, ou na LAN, ou outra companhia europeia, com aeronaves widebodies do tipo do Boeing 767, Boeing 777 (e daqui a pouco o novo 787 Dreamliner) ou Airbus A-330/A-340? Para os Estados Unidos a companhia utiliza esses Boeing 737 - o voo fica chato, cansativo e o ar interno viciado - nem telas de leds existem nas aeronaves (vide Azul / Avianca e veja quanta diferença e isso em voos nacionais!!!). E por que não utilizar a marca VARIG no mercado internacional? Lá ninguém sabe o que é Gol - nem está na lista Skytrax das 100 melhores do mundo... isso só pode ser excesso de autoconfiança e bastante soberba. Com certeza é a tal da "falta de experiência" falando alto.

Falta de timing: A Gol começou a adquirir aeronaves de forma descontrolada e passou a utilizar parte delas em rotas onde as aeronaves são subutilizadas; além disso resolveu, aos poucos, ir deixando de lado os 737 série 700 dando prioridade aos da série 800, maiores, ótimas aeronaves, mas a companhia tem rotas em que seria necessário o inverso - aeronaves menores; não tomou posição nas rotas para a América Latina quando as companhias internacionais estavam anunciando a sua chegada e agora está suspendendo diversos voos - tudo exclusivamente por falta de planejamento: ficou olhando as demais chegarem, tomarem o seu espaço e não tomou providência (falta de timing). Por fim observou Azul e Avianca crescerem com uma "receita de bolo" exatamente contrária à sua: melhoria nos serviços, na qualidade das aeronaves, no treinamento de pessoal. Até refrigerante a Gol vende - é a tal "economia porca". A diretoria executiva da empresa precisa urgentemente de aulas de marketing. Só a Diretoria Financeira trabalhando dá nisso: economista não entende de marketing. A empresa pecou e perdeu muito mais do que ganhou.

Falta de ética: A Gol falhou na negociação da Webjet. Está claro que, desde o princípio, ela tinha dois interesses na aquisição da Webjet: "aquisição de seus hubs" e "cortar pela raiz a concorrência dos baixos preços" que a Webjet fazia com os seus voos mais baratos (e a Gol ainda tem "a cara de pau" de se defender que é uma empresa de baixo custo). O pior foi o "acordão" que fez com o CADE, órgão vinculado ao Ministério da Justiça. O CADE deu o seu aval, a Gol acabou com a Webjet, 850 funcionários "na rua" e uma jogada de marketing ao contrário - perdeu muito mais do que ganhou. Outra falta de ética: comprou a "parte boa" da VARIG, prejudicando ex-funcionários e, pelo jeito, outro acordo estranho com aval do governo brasileiro. A venda deveria ter sido na base do "pacote todo" ou nada. Grandes empresas, respeitadas e admiradas, fazem exatamente o contrário.

É muita falta de sintonia e de planejamento. Eu fico aqui refletindo e admirado com tantos erros primários. E agora, como diz uma matéria recente da Folha de São Paulo, o novo presidente anda encantando comissárias ao invés de encantar o mercado: "Ele não é lindo?", "Posso tirar uma foto?". O novo presidente da Gol, Paulo Kakinoff, 38, anda fazendo sucesso junto a comissárias e demais funcionárias da empresa. Comparando com o tímido Constantino de Oliveira Júnior, dono da Gol que ocupou a presidência-executiva desde a fundação, em 2001, ele é um pop star." Tudo menino crescido!!!

Espero que o pior não venha a ocorrer porque serão alguns milhares de demitidos... torço pelo Brasil, torço por nossas empresas, mas, antes de tudo, torço pela profissionalização dos nossos executivos e das nossas companhias. Só assim o Brasil poderá experimentar um crescimento seguro e com lastro em bases sólidas que garantam empregos permanentes e estabilidade para a nossa população.

(*) Fernando Toscano é o Editor-Chefe do Portal Brasil. Seu perfil.

PUBLICAÇÃO AUTORIZADA EXPRESSAMENTE PELO AUTOR
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