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A D E E C O N O M I A
16 / outubro / 2005
CAINDO NA REAL
Por Marcos Cintra
O presidente Lula costuma se vangloriar ao dizer que seu governo foi responsável por o país não ter ido à lona por conta da crise política deflagrada em 2002. De fato, a política econômica adotada em seu governo evitou a débâcle da economia ao se manter fiel aos ditames da cartilha do FMI.
No primeiro ano de Lula, a economia registrou seu pior
desempenho desde 1998. Houve relativa melhora em 2004, com o PIB crescendo 4,9%,
e em 2005 a previsão é que cresça um pouco acima de 3%. Em razão desses números,
o presidente foi acometido de incontido triunfalismo. Em seu discurso, há a
impressão de que somos a versão latina dos tigres asiáticos.
Nesse cenário de efusiva jactância, estrategicamente criado
como forma de amenizar a crise política, torna-se oportuno comparar o que vem
ocorrendo no Brasil em relação a outros emergentes.
O combate à inflação tem sido uma das principais
diretrizes das nações em desenvolvimento. A adoção do sistema de metas de
inflação em vários países foi um mecanismo que obteve sucesso ao combinar
queda na inflação com elevação do PIB.
Na tabela acima, vê-se que no grupo de emergentes que formam o denominado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) ficamos cada vez mais para trás. A Rússia, que em relação a 2000 reduziu à metade a inflação, cresce em média 6,2% ao ano. A Índia e a China, países em que a inflação se mantém baixíssima, registram PIB em expansão média de 6,6% e 9,1%, respectivamente. Enquanto isso, o Brasil segue com inflação no mesmo nível de cinco anos atrás e a economia crescendo menos de 3%.
Quando comparado com emergentes do continente americano, o
quadro também não é cômodo para o Brasil.
A Argentina, que foi à lona em 2002, recuperou-se de modo
impressionante e cresce em média mais de 8% ao ano desde 2003. O Chile mantém
inflação baixa, e sua economia cresceu mais de 6% no ano passado e deve
repetir o número em 2005.
A Estônia, a Letônia e a Lituânia são economias com inflação
anual na casa dos 3% e PIB crescendo 7,5% ao ano. Vale ressaltar que todo o
Leste Europeu experimenta forte expansão econômica por conta das reformas que
estão em curso naqueles países, com destaque para as que vêm sendo
empreendidas na área tributária.
A euforia do governo Lula não tem fundamentos sólidos.
Nossa economia registra desempenho medíocre, que só não é pior porque países
como EUA e China, que representam juntos mais de um terço do PIB mundial
cresceram em 2004 4,4% e 9% respectivamente. Nesse embalo, o Brasil aproveita a
maré boa da economia internacional e registra seu pífio crescimento por conta
da expansão das vendas externas. Mas até quando a situação vai durar?
Lamentavelmente, o comodismo e o conservadorismo prevalecem
em nosso país. As reformas fundamentais e inadiáveis não foram implementadas,
nem por este governo nem pelos que lhe antecederam. Enquanto isso, os
investimentos se mantiveram abaixo de 20% do PIB, quando precisamos algo acima
de 25%. Já a carga tributária disparou, para se aproximar de 40% do PIB.
O Brasil precisa mirar nos países que foram capazes de
empreender mudanças de impacto em suas economias e que hoje colhem crescimento
vigoroso. A reforma tributária, por exemplo, foi um fiasco no governo Lula e
hoje é um dos principais entraves aos investimentos, segundo o Banco Mundial.
Além disso, o Fórum Econômico Mundial detectou que temos o sistema tributário
mais ineficiente do mundo. E a reforma político-eleitoral, chamada corretamente
de mãe de todas as reformas, não saiu do papel, nem com a oportunidade criada
pela crise política que atravessamos.
Definitivamente, a economia brasileira não vai bem.
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AUTORIZADAS EXPRESSAMENTE PELO DR. MARCOS CINTRA
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