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- Inteligência Política -
16 / maio / 2005

A DECISÃO DE CONCORRER
Ao decidir-se pela carreira política tenha certeza de que sua vida irá mudar, e muito. Funções públicas são diferenciadas e exigem temperamentos e habilidades também diferenciados. 

 
            Concorrer numa eleição, mergulhar na carreira política e na vida pública é uma decisão que vai mudar a vida de muitas pessoas, a começar pela sua e de sua família. Não é pois uma decisão que se toma por insistência de outros, por ambição, ou mesmo por surtos de vaidade e otimismo. Ao contrário, é uma decisão que supõe madura reflexão e profunda, sincera e impiedosa auto-análise sobre sua real disposição para aceitar todas as implicações dela decorrentes. Esta advertência vale principalmente para quem se inicia na carreira política, mas é também um exercício de reflexão pessoal válido para quem nela já se encontra e está prestes a enfrentar uma nova eleição. É prudente, antes de formalizar a sua decisão de concorrer, fazer-se a si mesmo algumas perguntas preliminares e respondê-las com sinceridade e realismo.

1. Será que eu quero mesmo aquele cargo/função?
            As funções públicas são diferenciadas. Elas exigem, para seu bom desempenho, temperamentos e habilidades também diferenciados. Talvez seja mais fácil para você se eleger como vereador. Mas será que você deseja ser vereador? Há pessoas com talentos, experiências e habilidades de natureza executiva que jamais conseguem se adaptar ao mundo legislativo. Por outro lado, o inverso também é igualmente verdadeiro. O indivíduo que se elegeu para uma função que colide com seu temperamento e vocação, não a desempenhará bem, seu desinteresse ficará manifesto. A vida política exige muito de quem a serve. O entusiasmo e a satisfação pessoal com o cargo, são indispensáveis para uma carreira de sucesso.

2. Será que eu sei, com clareza, o que eu quero fazer com o cargo?
            A pergunta pode parecer banal, mas não é. Os cargos públicos detêm poder, mas este poder está delimitado por "competências próprias". É dentro da competência específica do cargo que você ocupa que o exercício do poder se realiza. O que você pretende fazer, quando estiver investido nos poderes do cargo, é o seu principal argumento para ser eleito. Sua campanha vai colocar no centro da comunicação e publicidade aqueles projetos com os quais você se compromete. Estes projetos, é óbvio, devem situar-se dentro da esfera de competência do cargo em disputa, sob pena de sua candidatura não ser levada a sério. Além disso, o seu argumento eleitoral é, em última análise, o anúncio do que você pretende fazer se eleito.

            Por isso, se você não puder responder a pergunta - Por que você é candidato? - enunciando em 25 palavras, da forma mais persuasiva possível, porque as pessoas devem votar em você, e não em seus adversários, esqueça, você não tem argumento eleitoral. Tornou-se histórico o episódio ocorrido nos EUA, em 1980, em que Ted Kennedy, perguntado na célebre entrevista com Roger Mudd, da CBS, porque queria ser Presidente, "enrolou-se" de tal forma para responder que ficou evidente para todos sua vontade de ser Presidente e sua absoluta falta de clareza sobre o que faria caso viesse a ser eleito. Não deu outra. Sua pré-candidatura morreu naquela entrevista.

3. Vou dispor do tempo necessário para a função?
            Cargos políticos, principalmente eletivos, são mal remunerados. Muitas pessoas ao entrar na política têm prejuízos financeiros. O cargo público proíbe o exercício de algumas atividades remuneradas e permite o de outras. Estão proibidas aquelas que podem levar o titular do mandato ou função a conflito de interesses, ou à eventual situação em que poderia extrair benefícios privados de sua função pública. Aquelas atividades que não colidem com o interesse público estão pois liberadas. Desta forma, o ministro Gilberto Gil, da Cultura, continua trabalhando como artista, um ministro médico pode clinicar, um secretário de Estado pode ser professor numa Universidade, por exemplo. Em tese funciona assim. Na prática não é tão simples.
            Salvo casos excepcionais, a idéia de que é possível acumular a função pública com atividade profissional privada, sem prejuízo maior para nenhuma, é uma ingenuidade. Poucas atividades são tão absorventes de tempo quanto a política. O político, aquele que faz da política a sua atividade principal, é um profissional da carreira pública. Ele vive sempre numa condição de "déficit de tempo". Está sempre apressado e usualmente se atrasa, está sempre "devendo" uma visita, um tempo livre para analisar as matérias sobre as quais vai decidir, uma viagem, um telefonema, um encontro, uma reunião. Sem falar na preparação para a próxima eleição, e o ano eleitoral, totalmente ocupado em função da eleição. Entrando na política com esta visão ingênua da possibilidade de combinar as duas atividades, muito breve você terá que optar por ser ou um mau político, ou um mau profissional. Em geral o apelo da política vence.

4. Será este o momento certo?
            Para ter sucesso na política é preciso combinar a pessoa certa, para a função certa, no momento certo. Saber o momento certo, perceber o "sorriso da oportunidade", é um sinal de sensibilidade política e de sabedoria. Há momentos em que é preferível "saltar" aquela eleição e esperar outra. Há outros em que é preciso ousar e correr os riscos porque as oportunidades são superiores a eles. Os fatores que podem interferir na definição do momento certo são tão variados que não é possível enunciá-los aqui. Podem ser de ordem pessoal, partidária, podem decorrer dos sentimentos da opinião pública, assim como de outras razões. Cabe a você sentir o seu tempo, avaliá-lo e decidir. O momento certo não é garantia de vitória, mas de boa possibilidade.
        

A PROPRIEDADE INTELECTUAL É DE SEU AUTOR
MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE POLÍTICA PARA POLÍTICOS
FRANCISCO FERRAZ É O EDITOR-CHEFE DO SITE POLÍTICA PARA POLÍICOS


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