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- Inteligência Política -
16 / Março / 2005

I N T E L I G Ê N C I A      P O L Í T I C A
ANTECIPE-SE AOS PROBLEMAS
Por Francisco Ferraz (*)

 

“Problemas sérios, no início, são difíceis de identificar, mas são fáceis de resolver; com o tempo, eles tornam-se fáceis de reconhecer, mas difíceis de resolver” - Maquiavel

 

            Na política, lei da antecipação é a marca da sabedoria e da prudência. Saber antecipar - dentre a multidão de problemas, conseqüências não previsíveis da ação política, pontos vulneráveis, erros cometidos, e tantas outras falhas mais que inevitavelmente se cometem na política, quais se tornarão problemas realmente sérios e graves, verdadeiras ameaças ao seu poder - é uma ciência e uma arte.

            Desta capacidade depende, em grande medida, o sucesso do político. Porque, como diz Maquiavel, "no início são fáceis de resolver, mas difíceis de identificar, e mais tarde, com o tempo, são facilmente identificáveis, mas a sua solução torna-se muito difícil, quando não impossível".

            A lei da antecipação diz respeito, fundamentalmente, aos governantes. Os historiadores têm demonstrado que os erros das elites, se não são a causa original, são as causas precipitantes das revoluções. Assim sucedeu com as duas grandes revoluções dos tempos modernos: a Revolução Francesa e a Revolução Russa. Em ambos os casos, os monarcas reinantes, Louis XVI e Nicolau II, revelaram-se incapazes de entender a dinâmica revolucionária que estava em curso, não se anteciparam ao processo e não fizeram, no tempo devido, aquelas concessões que talvez tivessem evitado o desfecho revolucionário.

            A título de exemplo, Nicolau II, Czar de todas as Rússias, em 12 de março de 1917, com a revolução já em curso, decidiu dissolver a Duma (Parlamento Russo), na qual a maioria dos deputados ainda apoiava a monarquia. Rodzianko, líder do governo, mandou a ele o seguinte telegrama: "Por ordem de Vossa Majestade, as sessões da Duma Imperial foram suspensas até abril. O último bastião da ordem foi assim removido. O governo é impotente para reprimir as desordens. As tropas não são confiáveis. Os batalhões de reservas dos regimentos de guardas estão a beira da rebelião, seus oficiais estão sendo assassinados (...) Revogue a sua recente ordem, e reconvoque as câmaras legislativas. Anuncie num manifesto estas iniciativas (...) Em nome da Rússia, eu rogo a Vossa Majestade para levar a cabo estas recomendações. A hora que vai decidir o vosso destino e o destino da Rússia chegou. Amanhã será muito tarde." - (David Shub - Lênin). 

            Nicolau II, entretanto, não seguiu as recomendações de Rodzianko, preferindo acatar os conselhos de sua mulher, a odiada Czarina, como já havia feito antes, seguindo piamente os conselhos do monge charlatão Rasputin. No dia seguinte, 13 de março, "No seu trem imperial, no quartel general, próximo a Moghiliev, Nicolau ainda não havia percebido o que realmente estava acontecendo. Ele decidiu que iria agir com firmeza. Decidiu nomear um ditador para terminar com a rebelião. O General Ivanov foi o escolhido." (David Shub - Lênin).

            Já era tarde demais para esta medida. Ivanov não consegue chegar a Petrogrado revolucionária. Frente a este fato, o Czar é levado finalmente a entender a situação, e, depois de horas de argumentação com parlamentares, ele aceita "a formação de um governo responsável perante a Duma, liderado por Rodzianko".

"Rodzianko ficou furioso quando recebeu as instruções do Czar. Acaso não havia, ele, feito aquelas sugestões há várias semanas atrás? O povo agora exigia a abdicação do Czar." (David Shub - Lênin). 

            Em suma, o que há algumas semanas atrás seria aceito pelo povo, e desativaria muito do espírito revolucionário das massas, por não ter sido antecipado, tornara-se superado pelos acontecimentos. O resultado foi que, alguns dias mais tarde, Nicolau abdicou ao trono, e a monarquia czarista foi abolida.


A PROPRIEDADE INTELECTUAL É DE SEU AUTOR
- PUBLICAÇÃO DA MATÉRIA AUTORIZADA FORMALMENTE PELO AUTOR -

MATÉRIA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO SITE POLÍTICA PARA POLÍTICOS
FRANCISCO FERRAZ É O EDITOR-CHEFE DO SITE POLÍTICA PARA POLÍICOS


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