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R E L I G I Ã O
17
de
setembro de 2006
UMA ROUPAGEM "CRISTÃ-LIZADA"
Por
Pr. Hélder Rodrigues de
Souza (*)
A jovem apaixonada declara: “Você, meu amor, é meu porto seguro”. Frases desse gênero são comumente ouvidas nos filmes, e, mais do que uma declaração de amor, elas relatam uma necessidade básica do ser humano: segurança. O ser humano necessita de “portos seguros” para viver uma vida mais tranqüila.
O materialismo é uma maneira de pensar que coloca as questões espirituais como abstratas, difusas e sem base, já as naturais são concretas, dignas da maior confiança, assim, segundo esta filosofia de vida, muitos têm seu porto seguro nas riquezas.
Isso leva automaticamente a uma inversão de valores, um comportamento totalmente inadequado em relação a Deus, a si próprio e ao semelhante.
A busca por resultados imediatos cega o entendimento daquilo que é eterno, sublime, que não tem preço, que não se pode comprar.
Jesus, ao explicar a parábola do semeador, declara enfaticamente: “o que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mt 13.22 – grifo do autor). As coisas do mundo deslumbram o homem, afasta-o de Deus, transporta-o a veredas ilusórias.
Se por um lado o materialismo prega a importância daquilo que é real, por outro, desconhece a verdadeira realidade: o Reino de Deus, o melhor e mais confiável porto seguro da humanidade.
Infelizmente, o consumismo, fruto do capitalismo, tem “comprado” muitos cristãos que se vendem com a linguagem materialista espiritual: “Eu sou filho de Deus, logo, mereço o melhor desta terra”, ou então, “Deus me chamou para ser cabeça e não cauda”. Esta roupagem “cristã-lizada” tem secularizado muitas igrejas.
Nesta linha de raciocínio, líderes cristãos afirmam e determinam o que Deus irá nós dar, pois somos filhos do Rei, mas esta é uma visão carnal, e não, divina. Será que estas pessoas compreendem que o paradigma de sucesso de Deus está muito além do quanto temos na conta bancária?
“Grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento” (Tm 6.6). O apóstolo Paulo propositalmente usa o termo fonte de lucro para nos ensinar que a grande e verdadeira riqueza é a piedade, ou seja, reverência e amor a Deus, que faz os pensamentos, motivos e ações do cristão seguirem os princípios espirituais ensinados na Palavra. Tudo isto deve ser somado ao contentamento, que nada mais é do que estar satisfeito com o que se tem, o que não está relacionado à quantidade de bens que possuímos, mas sim, à maneira como os enxergamos. Esta satisfação surge com a crença de que tudo vem de Deus, logo, na medida certa. “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” (Sl 23).
Para não pairar dúvidas, veja o que Jesus ensina: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15). Em outras palavras, o verdadeiro porto seguro do homem é Cristo, por isso, devemos buscar em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça e as demais coisas (nossas necessidades) nos serão acrescentadas (Mt 6.33). Esta é a materialização da verdade!
(*) O Pr. Hélder é um
amigo nosso e, excepcionalmente, substitui o Dr. Bruno, colunista-titular
do Portal Brasil, que necessitou efetuar viagem a serviço.
Agradecemos a gentileza do Pr. Hélder e para nós é uma honra receber sua
matéria nessa semana.
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