O ex-advogado-geral da União,
José Antonio Dias Toffoli,
assumiu o cargo de ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF). Indicado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, ele tomou posse da cadeira deixada
por Carlos Alberto Menezes
Direito, que morreu em 1º de setembro passado,
vítima de câncer no pâncreas.
Durante a cerimônia, com a presença do
presidente Lula, de governadores, ministros e
parlamentares, Toffoli fez o tradicional juramento
daqueles que chegam à função de ministro da mais
alta Corte do país. “Prometo bem e fielmente
cumprir os deveres do cargo de ministro do Supremo
Tribunal Federal, em conformidade com a Constituição
e as leis da República." Em
entrevista disse: "A vida de
magistrado é uma vida voltada à nação brasileira, ao
serviço público, ao povo brasileiro, tendo em conta
a função da Suprema Corte que é a de guardar a
Constituição. É dessa forma que irei trabalhar, com
muita vontade de trabalho, com parâmetro na
Constituição brasileira e sempre em defesa daqueles
elementos que são essenciais para a pessoa, que é a
vida, a liberdade e o seu patrimônio”.
A indicação de Toffoli foi aprovada no último dia 30
no plenário do Senado por 58 votos a favor e 9
contra. A Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe) e a Associação Paulista de
Magistrados (Apamagis) promoveram,
em parceria com outras 34 entidades, uma festa em
homenagem a Toffoli em Brasília,
com 1.500 convidados entre autoridades,
advogados e parentes de Toffoli, que vieram de
Marília (SP), cidade onde o ministro nasceu, e de
São Paulo, onde ele se graduou em Direito.
Já em seu primeiro mês como ministro do
Supremo, Toffoli deverá enfrentar uma “saia justa”.
Ele terá de optar entre participar ou não da
retomada do julgamento do processo em que a Itália
pede a extradição do ex-ativista Cesare Battisti.
Por ter atuado como advogado-geral da União, muitos defendem que ele não teria isonomia para julgar o caso. No entanto, como não participou diretamente da defesa da União no processo, ele não está regimentalmente impedido de julgar a ação. Caso Toffoli participe e vote pela permanência de Battisti no Brasil, ele poderá alterar o destino do julgamento e do ex-ativista italiano, que, nesse caso, não seria extraditado.
Perfil
Aos 41 anos de idade, Toffoli poderá exercer
a função de ministro do Supremo até 2037, quando
completará 70 anos – idade em que a aposentadoria é
compulsória. Ele nasceu em Marília, em 15 de
novembro de 1967, e se graduou em Direito em 1990
pela Universidade de São Paulo (USP). É especialista
em Direito Eleitoral, foi professor de Direito
Constitucional e Direito da Família, e já atuou como
advogado do Partido dos Trabalhadores
e também do Presidente Lula.
No governo Lula, ele trabalhou na Casa Civil
entre janeiro de 2003 e julho de 2005, durante o
período em que o ex-deputado José Dirceu ocupou o
cargo de ministro. Com a saída de Dirceu do governo
por conta das denúncias de envolvimento com o “mensalão”,
Toffoli assumiu a chefia da Advocacia-Geral da
União.
Sua indicação para o cargo foi contestada
pelas proximidade que tem com Lula – de quem foi
advogado em campanhas eleitorais –, por sua falta de
títulos acadêmicos – ele não tem mestrado e nem
doutorado – e pela pouca idade.
Toffoli ainda responde a uma condenação
devido a um contrato entre a empresa da qual foi
sócio entre março de 2001 e dezembro de 2002, a
Toffoli & Telesca Advogados S/C, e o governo do
Amapá. A decisão está suspensa por determinação
judicial.
Governo Lula
Toffoli é o oitavo ministro escolhido por Lula para ocupar a função no STF, Corte composta por 11 magistrados. Desde 2003, o presidente da República nomeou Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Menezes Direito.
Até o fim do mandato de Lula, em dezembro de 2010, o presidente ainda deverá escolher mais um ministro para substituir Eros Grau, que completa 70 anos em agosto do ano que vem e terá de se aposentar, conforme determina a Constituição.
Somente quatro ministros do STF não foram nomeados por Lula. Celso de Mello, que ingressou em 1989, indicado pelo então presidente José Sarney; Marco Aurélio Mello, indicado em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor; e Gilmar Mendes e Ellen Gracie, nomeados por Fernando Henrique Cardoso.