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P E N S A M  E N T O S    &   C I A.
0 1  /  J A N E I R O  /  2 0 1 0

ANO NOVO, 2010
"By Lela"

Navego por estes dias que chegam ao porto final para dar-se início a mais uma partida. Chegadas e saídas, finais e inícios que se repetem como uma novena que indefinidamente reza suas contas. Pois o que é um ano que termina e outro que se inicia, se não a sucessão de dias?

Depois de algum tempo vivenciando o mesmo acontecimento, nos damos conta que os anos são uma repetição infinda. O infinito potencial de temas já existentes.

Quando mais jovens não temos esta percepção. Louvamos o que se parece com o novo, e é natural esta afinidade com a agitação, a inquietação, o que inspira novidade, as descobertas e a alteração repentina do prosseguimento habitual das coisas. E o término de um ano, as festas natalinas, o início de mais um ano com o burburinho que lhes é peculiar é ambiente propício para este entusiasmo próprio da época. É claro que isto não é somente privilégio dos mais moços. De um modo geral todos nos deixamos levar pelo clima de euforia e pelo frisson que a data nos causa. Mas acredito que com o passar dos anos e o amadurecimento, é natural nos voltarmos um pouco para nós mesmos para uma reflexão sobre a validade de tudo isto e sua transitoriedade.

Nada de errado com os festejos e o estado de espírito das pessoas a manifestar suas alegrias, seus sentimentos, suas crenças, suas euforias. Isto é bom! Alivia as tensões, reaquece as esperanças em um novo momento. Só que passadas a festas, a vida volta ao seu ritmo normal e às vezes até deixa uma certa sensação de vazio. Até parece apenas o ensaio de uma peça que não se concretiza.

Quantos fins de ano e início de outros já vivemos, comemoramos, festejamos, sorrimos, choramos, presenteamos, gastamos: a mesma cena se repetindo, o mesmo ritual, tudo simplesmente igual, nada muda. Dá-se a impressão de que é necessário que as pessoas se fantasiem para serem felizes nestas datas; não importa quanto dinheiro se tenha, mas que presentes são obrigatórios; que as famílias aparentem perfeição mesmo quando algo não vá bem; que a mesa abarrotada nos alimente tarde da noite mesmo quando deveríamos usar de sobriedade para não nos intoxicarmos, e assim sucessivamente.

Em meu devaneio de final de ano, percebo que tudo isto tem muito da vaidade no significado próprio da palavra: ilusório, instável, fútil, frívolo. Tudo passa, tudo se repete e tudo continua muito igual. E sem nos darmos conta, como seres humanos e falhos que somos, distorcemos e deformamos muitas vezes o sentido real e primeiro do que deveríamos ser, ter e fazer em determinados momentos e eventos para, em nossas muitas incoerências, adotarmos a idéia de que devemos fazer tudo como todo mundo faz, e de que só seremos felizes se seguirmos o padrão social imposto, normalmente dentro do pensamento consumista da superabundância, da satisfação total do ego, e isto não faz ninguém feliz, pelo contrário, a cada ano que termina e outro que começa, nos sentiremos cada vez mais frustrados dentro deste conceito.

 Não que eu seja pessimista, não estou e não sou infeliz; não sou contraditória, tendo em vista que já me referi outras vezes às festas de fim de ano com muita emoção; também não sou sozinha, tenho minha família, reúno em minha casa os que amo; sou alegre e, sobretudo sou cristã; e tampouco tenho a pretensão de lançar uma campanha para alterar coisas tão profundamente arraigadas, afinal são festas que a humanidade celebra desde tempos longínquos. O que faço agora são constatações que até a mim mesma surpreende, por me dar conta de coisas que estão patentes e óbvias, mas que demoramos a perceber, ou então ficamos negando o que nos vem ao consciente até que um dia nos rendemos e ousamos externar.

Penso que não necessitamos mudar nossas motivações, apenas precisamos pensar e repensar sobre o que realmente queremos com nossas atitudes; nossas celebrações; no que exageramos, o que extrapolamos, o que não enxergamos, quem relegamos, quem privilegiamos e se não estamos violentado a nós mesmos - sem muitas vezes nos darmos conta.

Que mais esta infindável sucessão de dias que agora se chama ano de 2010 nos traga a capacidade de refletir sobre nossas ações, visando não somente o bem estar individual, que haja a paz constante entre os homens, tranquilidade, alegria, equilíbrio.

            Agradeço feliz a todos os que me acompanharam em 2009.

            E que possamos todos os dias abrir o sorriso que nos abre portas.

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