Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem os levará.
Salmos 39:6

Dias transcorrem, sucedem-se as horas
anos que  vão, vida que evapora
o tempo que antes brando e lento era
quando somente poucas primaveras
presenteava os dias infantis.
Agora  corre o tempo em aflição
Tornou-se curto, escorre pelas mãos
visto que já passaram tantas eras
e tantas lutas nesta minha lida.
Como se fossem os últimos momentos
de uma vida que se me afigura
desconhecida mesmo que tão minha.
Olho com assombro, questiono a mim
Sobre a razão de estarmos bem aqui
Por breve espaço, volto a inquirir?
É mais um ano que tenho contado
E o sentimento mais desalentado
indefinido, incompreendido
Não sei supor, nem mesmo o que sou.
E quem eu sou, jamais vou descobrir.
Em meu vagar, penso que a vida
Foi-me imposta e prendeu-me aqui
Não tenho história que me faz singela
Olhando o tempo voar pela janela
Sou o eterno interrogar
No vazio profundo que há.