Quando a vida ressequida
por muitas lidas vividas
seca o poço tão viçoso
das vívidas ilusões
antes viva como a pira
que  fogo em lavas
e línguas lambe o nada,
o vento, o ar, encoraja os corações,
e passa o tempo e as horas,
os dias, meses, as eras
e os sonhos, a quimera
que valente resiste, espera
alimenta a esperança,
mas o fogo das lembranças,
inicia o esmaecer.
Pira que antes bela
fatigada com a longa espera
sente o brilho perecer.
Afinal batalhas mil
marcam o percurso,
e o vinil  das canções executadas
têm suas vozes borradas
agora velha e cansada.
Eis que ainda há um sussurro,
uma canção paladina,
são resquícios de menina
que estremece, teima, inventa.
Pela estrada que trilhou
resta ainda débil chama,
o suplício da fogueira,
algo de beleza que se esgueira
algo que não se sabe virá!
Retoma seu velho caminho
para constatar que o mesquinho
tempo do nada chegou.
desanimadas almas que voltam,
seus olhos tristes denotam
que o Amor não encontrou.