Nômades
"By Lela"

Pelo postigo vislumbro as criaturas que passam,
devasso  a futilidade dos que sem razão
vagueiam pelas ruas escuras, estreitas e sem saída
como assim são as suas vidas.
Têm motivos, mas não têm porquês,
nem sabem como aqui chegaram,
não sabem porque vivem e não morrem.
Envelhecem a cada dia e aguardam a noite 
na esperança de vê-la cintilar,
debatem-se no oceano das irresoluções,
não compreendem as lições,
não sabem nadar.
Esperam a explosão de uma estrela,
um baque no coração, um beijo de amor,
jamais de um irmão.
Quem sabe os braços roliços de um ser qualquer,
seja-lhes um aconchego
e fulmine o ermo de seus dias.
Com o sopro brando do vento, respirem,
o repouso os envolva, a carne descanse
das noites varadas pela extrema incerteza.
Cingidos pela ilusão de um instante
farão disto sua eternidade.