Após um curto período de euforia dos brasileiros quando foi anunciado que o Brasil recepcionaria a Copa de 2014, o que vimos foi uma onda de pessimismo crescente que envolveu principalmente o fato de se constatar no cotidiano, os casos de corrupção já tão debatidos e até já considerados parte da nossa cultura, e que indigna os cidadãos trabalhadores, mais o custo exacerbado das obras dos estádios, aeroportos, estradas, enfim toda a estrutura adequada para receber um evento do porte de uma Copa do Mundo. Prenunciava-se quase um desastre acompanhado da vergonha de turistas em longa espera nos aeroportos, ente outras previsões negativas.  Cogitou-se até que o evento não chegaria a ser realizado. A mídia, então, em sua insaciável fome de notícia, fomentava a insegurança, instigando um certo complexo de inferioridade do brasileiro, arraigado pelas constantes decepções ante os diversos e constantes fatos vergonhosos em um sistema degradado nas diferentes áreas, seja pública ou privada e que raramente são punidos. É natural que o povo sinta esta sensação de impotência e a quase certeza de que o País não conseguiria atingir a tempo as metas, mesmo porque a desorganização também é e sempre foi  fator predominante.

                Enfim, o dia chegou! E onde estão os brasileiros? Na rua, nos estádios, viajando para ver as partidas de futebol. E os turistas? Da mesma forma. Seja de carro, de avião, em hotéis, em residências, em pousadas, na praia. Ora, se a percentagem de pessoas que viam o evento de forma desanimadora era de mais de 80%? O que houve para que as coisas passassem a acontecer? Bom, sabemos que apesar das dificuldades que este esporte vem enfrentando no Brasil, com queda de frequentadores nos estádios, o medo da violência, a perda gradativa da ligação da Seleção brasileira com o público, a má imagem da CBF entre tantos fatores, sem dúvida o futebol ainda move muitos torcedores, principalmente em uma ocasião de relevância onde disputam muitos países de destaques no futebol. E na hora “H” o sentimento de patriotismo, torcer pela vitória do seu País em uma disputa deste quilate, faz deixar de lado, pelo menos neste intervalo, os entreveros, o desencanto, para dar lugar à paixão que ainda existe pelo futebol, mesmo que esta não seja hoje, uma característica apenas do brasileiro, mas ainda muito expressiva e, de fato, uma relação entusiasmada e afetuosa.

                Não adianta mais reclamar! Pode-se até protestar, mas sem vandalizar, por favor! Na verdade tudo o que o brasileiro quer agora é aproveitar os jogos, principalmente torcer pela Seleção Brasileira, reunir os amigos, a família, assistir as partidas em casa, no restaurante tomando uma cerveja, usufruir um pouco da festa, indo ou não assistir ao vivo aos combates em campo. Colocar uma bandeira na janela, no carro, vestir uma camisa verde, amarela, escolher outro time para torcer, que seja mais fraco, de preferência, para enfrentar o Brasil  nas finais e chegarmos ao HEXA! Resgatar, antes que morra, o sentimento bonito que sempre existiu do torcedor que grita, torce, ama! Vamos empurrar o nosso time pra frente, gritar o nome do Neymar, do Fred, viver a alegria da Copa das Copas. Será? Enquanto isto, cruzemos os dedos para que tudo continue dando certo. Depois, ah! Depois é outra história. Por enquanto, sejamos felizes!